Depois de termos marcado presença no evento de apresentação do Savage, o primeiro restaurante virtual no País, chegou a vez de pedir comida, como um cliente normal, pela UberEats.
É uma tendência que já tem um par de anos nos EUA e no Reino Unido, mas que só agora chega a Portugal. A UberEats lançou o desafio ao chef Olivier da Costa pra criar um restaurante virtual e o resultado é o Savage.
Mas, afinal, o que é um restaurante virtual? Simples: é um restaurante que só existe numa aplicação, nesta caso a UberEats, e cuja cozinha funciona num de dois locais: ou num sítio que não está aberto ao público ou num outro restaurante que existe fisicamente.
É esta última realidade em que vive o Savage. Olivier da Costa aproveita a cozinha do seu Petit Palais (perto da Avenida da Liberdade) para preparar o menu do Savage.
Contudo, nem todos vão poder encomendar comida deste restaurante virtual: a área de entregas está, sensivelmente num raio de três quilómetros a partir do Petit Palais: Campo Pequeno, Campo de Ourique, Alcântara, Xabregas, Alvalade e Sete Rios são os limites do Savage.
Se estiver dentro desta área geográfica, a comida por ser pedida todos os dias entre o meio dia e a meia noite, sendo que às Sextas e aos Sábados o horário é prolongado até às duas da manhã do dia seguinte.
Foi o que aconteceu ontem, connosco. Uma vez que a nossa redacção fica na zona de Telheiras (uma área que não está coberta pelo raio de acção das entregas), tivemos de ir até ao centro de Lisboa para experimentar o Savage.
O local encontrado foi o bussiness lounge do Avila Spaces, um centro de escritórios que junta vários espaços de trabalho que fogem ao convencional, como o coworking ou os escritórios virtuais.
Daí, pelas 21:40, fizemos uma encomenda no Savage: dois burritos e uma caixa de churros, para a sobremesa. Logo a seguir a termos feito o pedido, ficámos a saber o tempo previsto de entrega: seria daí a 26 minutos.
Tudo correu como esperado e assim que o estafeta da UberEats saiu do Savage com o nosso pedido, a app enviou-nos um aviso de que o jantar estava a caminho – é o que acontece, de resto, em qualquer encomenda feira na app.
A encomenda chegou dentro do tempo previsto (mais minuto, menos minuto) e nos packagings que já tínhamos visto no dia da apresentação: caixas hexagonais com um padrão… selvagem, inspirado na pele de felinos, no nosso caso de leopardo e tigre.
Estas caixas são apelativas e mostram que o conceito ‘selvagem’ está bem ilustrado na forma como a comida nos chega às mãos. Mas o que lá vem dento desilude um pouco, apesar de o sabor ser irrepreensível.
As nossas escolhas, um Burrito Shrimp Tropicalia (camarão com ananás) e Greens n Grilled Chicken (frango grelhado) estavam óptimos, bem temnpreados e com um excelente equilíbrio de sabores, quer no salgado/doce, quer no tempero e no ponto de confecção.
O problema é que cada burrito parece uma entrada: têm apenas quinze centímetros e comprimento e seis de diâmetro, ficando muito atrás dos rolos gigantes do Guacamole, que custam apenas 6,80 euros, contra os exorbitantes 9 euros do Savage.
Resultado: ficámos com fome e com a sensação que a refeição completa deveria ter sido composta pelo dobro do que chegou; logo, a relação quantidade/preço é totalmente desajustada.
Estamos a pagar, claramente, o nome ‘Olivier‘: foram 21,50 euros por, basicamente, duas entradas e cinco churros. Se, a isto, se juntasse a taxa de entrega (+ 2,90 euros, que não pagámos por termos recebido um código que oferecia este valor, por termos estado na apresentação), o valor subiria para uns puxados 24,40 euros.
Em relação à sobremesa, comemos uns churros deliciosos, fritos no ponto, leves e ligeiramente estaladiços, acompanhados por um pequeníssimo copo de plástico, com um, embora excelente, molho de caramelo. O Savage tem claramente, um problema com os tamanhos.
Contudo, a quantidade da dose surpreendeu-nos: são cinco churros que se podem dividir facilmente em dez, por virem num formato que se parece com os chouriços que encontramos à venda em qualquer supermercado ou charcutaria.
Uma última nota negativa que, acreditamos nós, se tenha devido a um esquecimento fortuito: não foram enviados guardanapos com a encomenda, coisa que nunca aconteceu nos outros pedidos que já tínhamos feito na UberEats. Talvez seja melhor pedir guardanapos-extra nas notas das encomendas, pelo sim, pelo não.
Resumindo: o primeiro restaurante virtual português criado depois de um desafio da Uber Eats a Olivier da Costa tem boa comida, com uma boa imagem, mas com quantidades (ou tamanhos, para sermos mais correctos) que desiludem, a preços demasiado elevados.