Chama-se Fish Revolution e é uma iniciativa que quer «influenciar positivamente os hábitos alimentares» nas escolas e universidades nacionais.
Quando é preciso “mascarar” o peixe de massa, para incentivar uma criança ou um jovem a comer esta proteína, algo de muito errado se está a passar. Contudo, Pescanova e Eurest (uma empresa de catering que é responsável pelas refeições em várias instituições de ensino) escolheram esta forma para «aumentar o consumo de peixe nas escolas».
A alternativa ao consumo natural de peixe, uma das melhores, mais saudáveis e mais fáceis proteínas de confeccionar, é, para estas duas empresas, transformá-la em talharim, uma massa que muitos conhecemos por tagliateli, e que pode ser ou não ondulada – esta não é.
Crianças têm «gosto por massas»
Este talharim de peixe, que vai passar a ser servido em escolas e universidades clientes da Eurest (a empresa diz que serve cem mil refeições por dia a alunos), é feito com 70% de pescada do Cabo e, segundo a Pescanova, não tem glúten.
A decisão de transformar pescada do Cabo em massa teve que ver com a percepção que a marca diz ter sobre o consumo deste ingrediente: «Alia o valor nutricional do peixe ao gosto que as crianças e jovens têm por massas».
Chef “Michelin” cria três pratos
De acordo com a Eurest e a Pescanova, o nível de consumo de peixe em ambiente escolar tem valores baixos e esta será uma forma de fazer com que os alunos comam peixe de outra forma, mais apelativa.
Para criar os pratos que serão servidos nas instituições de ensino, as duas marcas convidaram o espanhol Ángel León, conhecido por ‘Chef do Mar’, detentor de três estrelas Michelin e com um restaurante em Cadiz, o Aponiente. O menu da Eurest para escolas inclui três pratos: talharins de pescada salteados com legumes; com molho de tomate; e com queijo.
Talharim convencional vs. talharim de pescada
Quando comparamos informação nutricional (por 100 gramas) desta alternativa da Pescanova com a do talharim convencional (escolhemos a versão da Milaneza), a massa de peixe tem menos proteínas (9,3 contra 12 gramas), menos sal (0,02 – 0,78 gramas), mas menos calorias (125 – 345 kcal), menos hidratos de carbono (18 – 71 gramas) e zero açúcares adicionados – a massa “normal” tem 5 gramas.
Contudo, não há qualquer forma de esta massa em forma de peixe superar as mais-valias nutricionais de uma dose de peixe, desde logo porque se trata de um alimento processado, algo que deve ser evitado ao máximo numa dieta equilibrada. Por cem gramas, a pescada do Cabo tem cerca de 16 gramas de proteína, zero hidratos, zero açúcares e apenas 77 calorias.