Era uma das aberturas mais esperadas do início de 2019. O Ajitama Ramen Bistro é a continuação do projecto de dois amigos que começaram por abrir um supper club em casa. Agora chega um restaurante a sério.
Não que este projecto fosse uma brincadeira, muito pelo contrário. João Ferreira e António Carvalhão levam a arte do ramen muito a sério e este prato, para a dupla, é uma «alquimia» gastronómica.
Para aprimorar a técnica, que desenvolveram de forma autodidata, a ler livros e a ver vídeos no YouTube, os dois amigos estiveram a fazer uma formação naquela que é considerada a «melhor escola de ramen de Tóquio», a Rajuku.
O resultado foi apresentado ontem aos jornalistas e não há outra forma de descrever o que provámos no número 36 da Avenida Duque de Loulé em Lisboa: provavelmente, este será mesmo o melhor ramen de Lisboa.
É, de facto, incrível como é que se consegue ser tão consistente num prato onde muita coisa pode correr mal, desde o tempero do caldo, à preparação da massa, passando pelo ponto óptimo de cozedura do ovo. Mas nada disto acontece no Ajitama.
O restaurante de João Ferreira e António Carvalhão serviu-nos um Hakata Tonkotsu notável, equilibrado, fresco, saboroso e capaz de esgotar todos os adjectivos semelhantes de um dicionário.
Este é, precisamente, o ramen mais intenso da lista (com barriga de porco, cogumelos pretos kikurage e mayu) e a principal especialidade da nova casa, um restaurante com quarenta lugares sentados em mesa e mais cinco/seis ao balcão.
É ao balcão onde, por exemplo, podemos provar um dos cocktails criados de propósito para o Ajitama enquanto esperamos por uma mesa, uma vez que o restaurante não aceita reservas: «First come, first served», como diz António Carvalhão. A nossa sugestão é, sem dúvida, o Mojichu.
Aproveite ainda e espera para decidir bem que ramen vai pedir: é que, apesar de as escolhas não serem muitas (apenas cinco) parece que cada combinação é melhor que a anterior: há inclusive um vegetariano que se pode deixar completamente os ingredientes de origem animal se pedirmos por substituir o ovo por outro topping e os noodles de ovo pelos de arroz.
Além do ramen, o Ajitama serve ainda outros dois pratos tradicionais nipónicos: um caril japonês (frango, vegetais, arroz japonês e ovo) e o gyudon (carne de vaca com cebola marinada, base de arroz japonês e ovo Osen Tamago cozido a baixa temperatura).
Para entreter o estômago enquanto não chega o ramen (sim, esqueça lá estes dois apêndices da carta) temos quatro entradas à escolha. Destacamos duas: o agedashi tofu e as gyosas de galinha ou vegetarianas, cozidas a vapor, mas com uma parte crocante e que se derretem na boca.
Em resumo: por tudo aquilo que vimos (e provámos) no novo Ajitama Ramen Bistro de Lisboa, não vai ser só pelo prémio de melhor ramen da cidade que este restaurante corre.
É, sobretudo, por trazer um pouco do melhor Japão gastronómico para Lisboa. E, aí, na concorrência entram espaços como O Asiático, o Boa Bao, o Soão ou o Atari, Baby. Mas de um posto, para já, ninguém tira o Ajitama: do nosso Top 3 dos melhores restaurantes internacionais de Lisboa, onde estão o Pistola y Corazon e o Valdo Gatti.