A marca de desempenho da Volvo prometeu e cumpriu: o Polestar 2 tem dois motores eléctricos, 400 cavalos e uma autonomia de 500 quilómetros. Temos automóvel para ser um Tesla killer?
É impossível falar de automóveis eléctricos sem falar da Tesla. Apesar de associarmos Elon Musk, quase instintivamente, à marca, a fundação (2003) está ligada a outros nomes: Martin Eberhard e Marc Tarpenning.
Contudo, foi com Musk que a Tesla ganhou tracção: o empresário foi quem mais investiu na marca na sua primeira ronda de financiamento e, como consequência disso, acabou por ganhar um lugar no conselho de administração como presidente – foi em 2004.
Nos últimos anos, a Tesla tem estado bastante activa no mercado, acabou por ficar associada à revolução dos veículos eléctricos e tornou-se uma empresa que é muitas vezes equiparada à Apple, pela forma como faz o seu marketing e desenvolve os seus produtos.
A sua mais recente novidade é uma versão low-cost do automóvel Model 3, apresentado esta semana, que custa 35 mil dólares (cerca de trinta mil euros) e que se torna o primeiro modelo da marca a ser realmente acessível a, praticamente, todas as bolsas.
Em Portugal, ainda não há previsão de chegada desta versão mais barata do Tesla Model 3, mas a marca baixou o preço em seis mil euros do automóvel desta gama que tem à venda por cá – agora custa 56 900 euros (sem impostos).
E não foi apenas neste modelo que a Tesla fez descer os preços: o Model X (P100D), que em Setembro custava 156 mil euros, agora pode sem comprado por 106 mil euros: menos 50 mil euros (!). Os Model S, na sua versão long range, também estão em “saldos”: de 115 mil passou para 86 mil euros.
Neste contexto, e também esta semana, a Volvo apresentou a sua mais recente aposta para o mercado dos veículos 100% eléctricos, da qual já tínhamos feito a antevisão há uns dias.
A novidade é o Polestar 2, um automóvel que, segundo a Volvo, se insere no segmento dos automóveis «compactos eléctricos premium» e cujo preço está muito equiparado ao Model 3 disponível em Portugal: 59 900 euros.
Antes da revelação, os detalhes eram muito poucos, mas acabaram-se por confirmar todos, principalmente o preço (dizia-se que ia rondar os sessenta mil euros) e a potência: 400 cavalos.
De resto, a Volvo mostrou um automóvel com umas linhas bastante futuristas (já tínhamos visto algumas fotos), com dois motores eléctricos e uma bateria com 78 kWh que lhe dá uma autonomia de 500 kms. O Polestar 2 pode ser carregado nos postos que já existem em Portugal, mesmo nas fichas comuns que temos em casa (até 150 kW).
Em relação ao desempenho, estamos perante um automóvel com 408 cavalos (para sermos mais precisos) e 660 Nm de binário, que faz com que seja possível atingir os 100 km/h em cinco segundos.
Ainda nos detalhes mais técnicos, temos jantes de vinte polegadas amortecedores Öhlins, travões Brembo e faróis de LED Pixel com iluminação de proximidade.
Lá, dentro, reina a tecnologia, com um tablet de onde polegadas com ecrã táctil e sistema operativo Android que nos dá acesso à loja de aplicações da Google, mas que já traz incluídas algumas, como os Mapas e o Assistente de Voz.
A própria chave do Polestar 2 pode ficar no smartphone em forma de app, um sistema que a Volvo já usa nos seus mais recentes modelos XC40 e XC60.
Esta solução, a Volvo On Call, permite mesmo emprestar o automóvel através da app, enviando uma autorização digital a outra pessoa, que estipula, até, o horário durante o qual o automóvel pode ser conduzido.
Como já tínhamos revelado no nosso artigo de antevisão do Polestar 2, este automóvel vai poder ser visto ao vivo, pela primeira vez, no Salão Internacional de Genebra (Suíça, 7 a 17 de Março), mas se estiver à espera de o ver num concessionário Volvo esqueça.
Além de a produção só começar no início de 2020, este automóvel apenas vai ser vendido online, ou seja, para comprar um Polestar 2 vai ter de o fazer pelo site da marca – as encomendas já estão abertas.
Pior: Portugal não está na lista dos primeiros mercados em que o Polestar 2 vai estar disponível, uma vez que a marca sueca só o vai vender em oito países, numa fase inicial: China, Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia e o Reino Unido.
Esta decisão é incompreensível: além de limitar muito os mercados (o que não faltam são bons automóveis eléctricos, já disponíveis, e de marcas concorrentes directas, como BMW e Mercedes), isto faz com que o Polestar só posso ser verdadeiramente conduzido, na melhor das hipóteses, no Verão de 2020.
Por esta altura, todas as outras concorrentes da Volvo, incluindo a Tesla, já vão ter certamente preços muito mais competitivos e soluções mais equilibradas, o que pode fazer com que o Polestar 2 fique um pouco desactualizado em relação aos seus rivais directos.