A Polestar é uma marca independente, mas com muitas raízes na Volvo – não é de estranhar que as comparações entre este automóvel e os da marca sueca sejam inevitáveis. Ainda assim, há detalhes que fazem a diferença.
A Volvo é uma das marcas consideradas tradicionais que parece ter uma das estratégias mais fortes na electrificação da sua oferta. A empresa decidiu acabar com a produção de automóveis tradicionais ou híbridos e, em 2030, quer ter apenas modelos eléctricos. O objectivo, até lá, é lançar um veículo destes por ano.
O C40 foi o primeiro automóvel eléctrico a ser criado de origem, mas a marca sueca foi lançando vários modelos 100% eléctricos (os Recharge) a partir das suas plataformas originais, como é o caso do XC40. A Polestar, que começou por ser a insígnia de performance da Volvo, aparece agora como marca independente de veículos eléctricos, detida pela chinesa Geely, a mesma da Smart. O Polestar 2 é produzido na fábrica de Luqiao, na China, de onde também saem os C40, XC40 e Lynk & Co, uma vez que ambos partilham a mesma plataforma CMA.
Isto pode explicar a razão de Volvo e Polestar acabarem por competir no mesmo mercado – e cada vez mais, devido à mudança de agulha da marca sueca. No entanto, ter um mais que possível S90 eléctrico (ou mesmo, já, os C40) a concorrer com os Polestar não deixará de ser estranho.
Detalhes curiosos a bordo: a estrela no céu
A verdade é que o Polestar 2 transpira Volvo por todos os lados (toda a tecnologia e plataforma foi desenvolvida pela marca sueca) – no design exterior, saltam à vista as ópticas frontais Mjolnir (o martelo de Thor) e as traseiras, que fazem lembrar as dos mais recentes Volvo, em linhas estreitas que circundam a bagageira.
No interior, o volante é também decalcado dos Volvo, embora, claro, com o logo Polestar; no habitáculo, dominado por um tejadilho completo em vidro, temos um detalhe que funciona quase como um easter-egg: à frente, uma saliência projecta o logótipo no vidro, dando a ideia de que se trata de uma estrela, no céu.
Em si, o automóvel é mais atractivo na traseira, uma vez que, para nós, a frente tem um design mais conservador – ainda assim, o Polestar 2 foi responsável por virar vários pescoços e comentários. À primeira vista pode não parecer, mas acaba mesmo por ser um automóvel com presença e que atrai atenções.
Sentar e arrancar: o banco “liga” o Polestar
No que respeita à tecnologia, há características que acabam por fazer a diferença. Por exemplo, não há um botão para ligar o Polestar: assim que abrimos a porta e nos sentamos no banco, o automóvel fica pronto a conduzir – temos apenas de carregar no pedal do travão, definir o sentido da marcha e arrancar.
Muito do que fazemos a bordo acaba por se centrar no grande painel táctil à Tesla, com a forma de um iPad, que fica a meio do tablier, na vertical. A interface é minimalista, com o menu principal a mostrar uma animação do carro e opções de condução. Este tem a particularidade de vir equipado com o novo sistema operativo Google Android Automotive, desenvolvido especificamente para o sector automóvel, sendo o primeiro automóvel a vir equipado com o mesmo.
Podemos configurar a sensação da direcção, ligar o modo desportivo (sem ESC), definir a actuação do One Pedal Drive (no Standart, o travão é muito brusco) e activar a marcha lenta, em que o carro anda sozinho, a baixa velocidade.
Marcha lenta ou Pilot Assist, no pára-arranca das filas?
Este modo, no pára-arranca, podia ser uma opção, mas não trava de forma automática quando fica próximo de outro carro. Aqui (tal como em auto-estrada), é melhor darmos uso ao Pilot Assist, em que o computador de bordo faz tudo; temos ainda acesso à condução “mãos livres”, mas por muito pouco tempo (é preciso segurar no volante, depois de poucos segundos), num sistema em tudo semelhante aos dos Volvo.
É também no tablet central que ligamos ou desligamos os vários apoios à condução e funcionalidades de segurança, como o Adaptive Cruise, o Lane Keeping Aid (que ajusta a direcção para não pisar linhas da estrada, se faltar o pisca), a leitura de sinais trânsito e prevenção de colisão.
Desta experiência, a sensação que fica é que estamos a configurar opções num menu de smartphone – a ideia parece ter sido mesmo essa, uma vez que muitos de nós já estamos acostumados a esta realidade – é uma forma de o Polestar 2 ser mais intuitivo, o que acaba por funcionar. É fácil encontrar aquilo que procuramos, devido à boa organização e design dos menus.
Claramente, um automóvel com ADN Volvo
Em condução, temos tudo o que esperar de um eléctrico, aliado às características de um Volvo, principalmente na sensação de segurança que o Polestar 2 nos dá. Temos aqui um automóvel disponível, tanto para circular em cidade, rodeado por trânsito intenso; ou em auto-estrada, com caminho livre pela frente.
Numa estrada de serra, com curvas, o automóvel foi igualmente competente, mas talvez não seja o ideal para entrar em grandes aventuras, uma vez que os puristas preferirão sempre uma caixa de mudanças manual para fazer reduções e meter a velocidade certa para o que as estradas serpenteantes dão.
O Polestar 2 está à venda em Portugal apenas online – ou seja, não vai poder ir a um concessionário (Volvo) e comprar o automóvel no local. Os preços começam nos 49 900 euros; pode ver aqui todas as versões disponíveis e as características completas.