As mais recentes declarações do ministro do ambiente sobre os automóveis a diesel causaram polémica e traçaram um futuro complicado para este tipo de motorização, em Portugal. Onde entram os eléctricos nesta história?
«É muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca». Foi esta afirmação de João Matos Fernandes que fez tremer o sector da mobilidade, em Janeiro.
A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis veio dizer que estas ideias do ministro são «injustificadas e infundamentadas» e o Automóvel Club Português acusou João Matos Fernandes de liderar o «ministério da desinformação».
O ministro veio reiterar as suas ideias, defendendo a opção por alternativas mais amigas do ambiente, ao mesmo tempo que deixou um objectivo: «Um terço dos automóveis ligeiros que circulam em Portugal devem ser eléctricos até 2030».
E, de acordo com o mais recente estudo do Observador Cetelem, os portugueses estão alinhados com esta ideia, uma vez que 45% dos inquiridos nacionais diz que quer comprar um automóvel eléctrico nos próximos cinco anos.
Mas, até 2030 (a data referida pelo ministro) ainda há muita coisa para mudar, como por exemplo reforçar a rede de carregamento de veículos. Esta foi, precisamente, uma das questões apontadas pelo ACP num comunicado com várias perguntas feitas a João Matos Fernandes.
No estudo do Cetelem (pode fazer aqui o download do PDF) é possível ainda perceber que, no conjunto dos dezasseis países que participaram no inquérito, a intenção de comprar um veículo híbrido para o mesmo espaço temporal é de 57%. Em Portugal, esta percentagem é de 52%.
Ainda em Portugal, há um problema que, para já, impedem os consumidores de avançarem para a compra de um veículo eléctrico (VE): 87% têm a sensação de que estes veículos são mais caros que os de combustível fóssil e 60% apontam o preço elevado como barreira para uma compra imediata.
No entanto, em Portugal já é possível comprar um bom automóvel eléctrico por menos de trinta mil euros, no caso o Renault Zoe (foto em baixo), cujos preços começam nos 27 mil euros.
De uma forma geral, aos automóveis eléctricos são bem vistos em Portugal, tanto que 93% dos consumidores nacionais que participaram no Observador Cetelem Automóvel 2019 acreditam que os VE são o futuro da mobilidade.
Ainda assim, uma das conclusões feitas pelo Cetelem é a de que os veículos eléctricos ainda vão conviver durante muitos anos com os automóveis a diesel/gasolina: «Será ilusório, inútil e mesmo perigoso esperar e exigir uma hegemonia total do VE e o desaparecimento dos veículos de combustão».
No entanto, os responsáveis pelo estudo do Observador Automóvel ressalvam que «com todas as condições reunidas, o VE vai levantar voo e irá oferecer as vantagens prometidas em termos de economia e de ecologia».
A título de curiosidade, o estudo mostra que o México e Brasil (com 97%) são os países que mais acreditam no futuro dos veículos elétricos; a Alemanha é, estranhamente, o país mais céptico, já que apenas 68% dos inquiridos acredita neste cenário.
Em relação às principais marcas automóveis, são conhecidas várias posições públicas que vão no sentido da electrificação total do portfólio: a Volkswagen afirmou que 2026 será o último ano em que vai produzir automóveis de combustão e a Volvo termina já esta ano com os veículos a diesel.
Na verdade, várias marcas de automóveis já têm linhas de eléctricos nas suas gamas: o já referido Zoe (Renault), C-Zero (Citroen), o Leaf (Nissan), os iOniq e Kauai (Hyundai), o Niro EV (Kia) e Smart EQ e o BMW i3 são algumas das opções que estão disponíveis em Portugal, além dos Tesla.
Relembre-se ainda que os automóveis eléctricos são os principais argumentos de duas empresas de car-sharing que operam em Lisboa: a Emov (com os seus C-Zero) e a DriveNow (que tem an sua frota os BMW i3).