Circ quer mobilidade mais sustentável e critica Câmara de Lisboa por permitir saturação de trotinetas

Circ - Felix Petersen em Lisboa
Circ - Felix Petersen em Lisboa

Numa conferência de imprensa mais informal que aconteceu hoje em Lisboa, a Circ fez o ponto de situação dos primeiros seis meses de operação em Portugal e deixou críticas à CML.

Felix Petersen (o general manager da Circ) sentou-se de computador nos joelhos hoje, no Village Underground em Lisboa, para uma conversa mais informal com jornalistas, onde começou por fazer uma avaliação sobre a presença da marca em Portugal.

Em Fevereiro, a Flash (agora conhecida como Circ) chegou a Portugal e até começou por Faro; só depois chegou a Lisboa e hoje é mesmo a operadora de trotinetas eléctricas com maior presença no País: com a entrada de Vila Nova de Gaia e Portimão em Julho, serão onde as cidades onde a Circ estará presente.

Foi depois de apresentar alguns números sobre a empresa, entre os quais a chegada ao milhão de viagens em 135 dias (número atingido em todas as cidades europeias onde a marca está, como Bordéus, Basileia, Marselha, Madrid ou Oslo), que começaram a cair as críticas à CML.

«A nossa abordagem em Portugal é muito séria, temos a quantidade certa de trotinetas em cada cidade, mas em Lisboa é uma competição: há operadores unidades a mais. Isto não é uma situação sustentável nem ideal, não queremos que a cidade de transforme num campo de guerra», disse Felix Petersen (na foto, em cima).

O general manager da Circ garantiu ainda que há operadores de trotinetas que não estão a cumprir os contratos com a Câmara de Lisboa, principalmente no que aos seguros diz respeito: «Há alguma marcas que não têm seguros ajustados, que protejam o utilizador, mesmo que a culpa do acidente seja dele. Está no contrato, mas há operadoras que não cumprem essa regra», acusou, sem referir nomes.

Na Circ, isso não acontece, garante Petersen, já que a marca assume todos os custos que possam resultar de um acidente (tem um seguro completo), quer a culpa seja do utilizador ou mesmo de um problema numa trotineta, como uma falha de travões, por exemplo.

Felix Petersen considera ainda que a Câmara de Lisboa tem «standards demasiado brandos» para as operadoras que estão a operar na capital, desculpando isso com o pioneirismo que a cidade teve quando as primeiras marcas começaram a chegar.

«Lisboa quis promover a mobilidade alternativa e tem uma grande visão sobre a micromobilidade, sobre como uma grande cidade se deve comportar neste campo. Para isso teve de adoptar critérios mais leves para permitir a entrada de muitos operadores. Actualmente, Lisboa tem mais trotinetes que devia, há uma saturação evidente», considera o general manager da Circ.

O facto de não haver uma legislação clara sobre este meio de transporte ou uma entidade que certifique os veículos também não ajuda: «Uma forma de controlar isto era haver uma autoridade independente que fiscalizasse o sector e garantisse que as trotinetas estão a funcionar bem. O IMT também devia homologar estes veículos e deixar de os tratar como bicicletas eléctricas».

No sentido inverso a Lisboa, está Matosinhos, uma das cidades mais recentes onde a Circ entrou, que Felix Petersen considera um «excelente exemplo de como está a ser gerida a micromobilidade» e onde há «critérios mais rigorosos» para os operadores.

Críticas à parte, a Circ tem uma nova campanha de marketing na rua que também serve para dar a conhecer a nova marca nascida do rebranding da Flash e que será a «primeira a defender as trotinetas eléctricas em Portugal». O mote é: ‘Ninguém pára uma grande ideia’.

A agência Mosca é a responsável por uma série de cartazes (mupis e outdoors) que estarão espalhados pela cidade e que pegam em frases históricas, traduzidas para português, com uma coisa em comum: a falha numa previsão.

Entre as escolhidas está uma célebre declaração de Steve Balmer sobre o futuro do iPhone, feita em 2007, ao jornal USA Today («Não há hipótese de o iPhone Vir a ser significante no mercado») e uma de muitas de William Thomson (conhecido por Lord Kelvin e criador da escala de temperaturas com o mesmo nome): «O rádio não tem futuro».

Actualmente, a Circ compete em Lisboa com mais oito operadoras de trotinetas eléctricas (Lime, Frog, Voi, Tier, Wind, Hive e Bird) e é uma das duas que oferece 50 cêntimos de desconto no desbloqueio, juntamente com a Lime.

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].