O ano de 2017 vai terminar com uma constelação de 22 Estrelas Michelin. Vista e Gusto são as novidades, mas nenhum restaurante ganhou a sua segunda estrela.
Se compararmos a edição das Estrelas Michelin de 2016 com a deste ano, podemos dizer que a desilusão foi grande. No ano passado, foram nove os restaurantes portugueses que conquistaram uma nova estrela, sendo que dois deles atingiram a sua segunda distinção.
Em 2016, Alma (Henrique Sá Pessoa), Antiqvvm (Vítor Matos), Casa de Chá da Boa Nova (Rui Paula) , LAB by Sergi Arola (Sergi Arola e Milton Anes), L’AND (Miguel Laffan), Loco (Alexandre Silva) e William (Luís Pestana e Joachim Koerper) ganharam as suas primeiras Estrelas Michelin em Portugal. Além destes, Gallo d’Oro e The Yeatman conseguiram a sua segunda estrela.
Mas, em 2017, as novidades conhecidas em Tenerife deixaram muito a desejar e apenas houve duas novas Estrelas Michelin em Portugal: os restaurantes Gusto (Daniele Pirillo, Almancil) e Vista (João Oliveira, Portimão).
Contudo, todos os cinco restaurantes que entraram na competição com duas estrelas conseguiram mantê-las: Il Gallo d’Oro (Benoît Sinthon), The Yeatman (Ricardo Silva), Belcanto (José Avillez), Ocean (Hans Neuner) e Vila Joya (Dieter Koschina). O mesmo aconteceu para todos os 16 restaurantes que mantiveram ou conquistaram a sua estrela em 2016.
O Algarve é a região que tem mais Estrelas Michelin em Portugal. Ao todo, agora, são oito, fruto do “reforço” conseguido pelos restaurantes Gusto (Almancil) e Vista (Portimão).
Gusto: Daniele Pirillo com “estrelinha” vinda de Roma
Heinz Beck é o chef consultor do restaurante Gusto desde a abertura, em 2012, mas é
Daniele Pirillo que comanda a cozinha do restaurante do hotel Conrad Algarve. O chef italiano já tinha trabalhado com Heinz Beck no restaurante La Pergola (três Estrelas Michelin), em Roma.
A dupla (que trabalha em Portugal desde 2014) parece ter mesmo a estrelinha da sorte, já que rendeu a primeira distinção Michelin ao Conrad Algarve. «É com enorme alegria que recebo a primeira estrela do Gusto. A estrela é bastante especial para toda a equipa, não podíamos estar mais felizes. Esta conquista reflecte a nossa dedicação, a paixão pela gastronomia e, claro, a vontade de fazer cada vez mais e melhor», diz Daniele Pirillo.
Segundo Katharina Schlaipfer, directora geral do Conrad Algarve, o Gusto destaca-se pela «escolha dos melhores ingredientes locais e internacionais e a aposta em sabores inovadores, com influência mediterrânica».
Com Vista para o estrelato
O segundo restaurante a conquistar uma Estrela Michelin foi o também algarvio Vista (Bela Vista Hotel & SPA – Relais & Châteaux, Portimão). À frente da cozinha desde 2015 está João Oliveira, com 14 anos de experiência. Dito assim pode parecer pouco, mas se lhe dissermos que o chef tem apenas 30 anos, o caso muda de figura.
Apesar de ser bastante novo, João Oliveira já passou pelas cozinhas do Yeatman (onde foi subchefe durante quatro anos), e do Vila Joya; ambos os restaurantes têm duas Estrelas Michelin.
«Este é o reconhecimento máximo que podemos receber, pelo trabalho que temos vindo a desenvolver, e por tudo o que construímos nos últimos anos no Vista», confessa João Oliveira, que destaca ainda a sua equipa: «Estamos num momento particularmente importante e dedico-o a todos que trabalham lado a lado na nossa cozinha e à equipa de sala que assegura a excelência no contacto com os clientes»
Voltada para a «sustentabilidade, evolutiva e rigorosa», a cozinha do Vista afirma-se, segundo a gerência do Hotel, «pela simplicidade aliada à intensidade de cada sabor». Os ingredientes privilegiados neste restaurante algarvio são os «os peixes e mariscos do Algarve, sejam os chamados ‘nobres’ ou ‘comuns’».
O que são as Estrelas Michelin?
As Estrelas Michelin são uma distinção dada aos melhores restaurantes do Mundo, reunidos pela marca de pneus num guia. As origens desta publicação temos de recuar até 1900, quando André Michelin (fundador da Compagnie Générale des Établissements Michelin) decidiu criar um guia turístico para promover viagens de automóvel, meio de transporte que, na época, era uma novidade.
O objectivo de André Michelin era reunir restaurantes e hotéis num roteiro para cativar as pessoas a comprar carros para viajar e, assim, fazer crescer o seu negócio de pneus. Com o passar dos anos, o Guia Michelin ganhou credibilidade e começou a ser o principal catálogo dos melhores restaurantes e hotéis de França e, mais tarde, de todo o Mundo.
O máximo que um restaurante pode conquistar são três estrelas Michelin, “honra” que cabe apenas a quase 120 restaurantes em todo o mundo, a maior parte deles no Japão e em França. O restaurante que mantém estas três estrelas há mais tempo é o francês L’Auberge du Pont de Collonges (Lyon): a terceira foi ganha em 1965.