O D. Maria II continua obras durante 2024, pelo que vai haver mais um ano de Odisseia Nacional. No “mapa” deste segunda edição há menos cidades: «É uma questão de sustentabilidade».
Em 2023, o Teatro Nacional D. Maria II fez as malas e entrou em digressão pelo País. Entre peças, exposições e outras performances, foram «mais de setecentas de cem projectos artísticos» em 93 municípios, lembrou Rui Catarino, administrador, durante a sessão que serviu para apresentar o programa de 2024 deste teatro.
Durante o próximo ano, o objectivo é continuar a «pregar a democracia artística em Portugal», com a segunda edição da Odisseia Nacional – o edifício do D. Maria II só deve voltar a receber peças em Janeiro de 2025.
Até lá, temos uma Odisseia mais comedida, com (muito) menos de metade das cidades por onde passou em 2023: serão apenas 38 municípios. Pedro Penim, director artístico do D. Maria II, justifica esta decisão por razões de sustentabilidade: «Não podemos sobrecarregar a equipa do teatro e a programação cultural do País. Em 2023, foi tudo uma experimentação, era impossível manter o ritmo durante o próximo ano».
Outra das razões para este emagrecimento da Odisseia Nacional pende-se com a estreia em Lisboa – em 2023, não houve qualquer espectáculo desta programa no município de Lisboa, embora tenha havido sessões perto, como em Sintra, no CC Olga Cadaval, por exemplo. Foi aqui que aconteceu uma sessão especial de O Misantropo, para assinalar a entrega do Prémio Revelação Ageas 2023.
Lisboa entra, assim, para o “mapa” desta tournée com a programação-bandeira da Odisseia Nacional: Abril Abriu, uma série de dezassete projectos artísticos em «espaços não-convencionais», inspirada no poema de Ary dos Santos – «Foi então que Abril abriu / as portas da claridade / e a nossa gente invadiu / a sua própria cidade».
No Abril Abriu está uma peça que será o destaque da programação de 2024 da Odisseia Nacional: Quis Saber Quem Sou (com Bárbara Branco e direcção musical de Filipe Sambado), um espectáculo do próprio Pedro Penim, inspirado no cancioneiro da revolução: «É uma referência absoluta para mim, estruturante da minha personalidade, de quem sou, neste momento».
Paralelamente à apresentação do programa do D. Maria II para 2024, Pedro Penim disse ainda estar «ansioso» com o resultado do concurso para o próximo mandato de direcção artística do teatro. Penim, que foi escolhido para este cargo em 2021, entrou este ano no concurso público, o que o coloca em pé de igualdade com outros “pretendentes”.
A decisão já deveria ter sido tornada pública pelo ministério da cultura, mas a dissolução do Parlamento atrasou o processo. Segundo fonte do Teatro Nacional D. Maria II ainda não há uma data concreta para o anúncio do novo director artístico; «gostava de dar continuidade ao meu trabalho», assumiu, contudo, Pedro Penim.