A cerveja Lince tem os dias contados. Esta marca de cerveja artesanal criada em 2016 por António Carriço e Pedro Vieira chega ao fim da linha e vai ser “substituída” por uma nova marca.
Há um ano, foi a Musa que saiu da Rua do Açúcar para absorver a Bolina e passar a ocupar o seu espaço, na Rua do Vale Formoso, também em Marvila, mas mais perto da Fábrica Braço de Prata. Agora, há outra mudança no horizonte: a Lince vai desaparecer e dar lugar à Fermentage Brewpub.
Esta marca artesanal criada em 2016 por dois amigos, António Carriço e Pedro Vieira, tinha como principal objectivo criar «cerveja de qualidade, para quem não suporta a monotonia das cervejas industriais», além de “abraçar” uma causa – apoiar a «protecção e conservação» do lince ibérico. A situação acaba por ser irónica: a cerveja desaparece primeiro que o animal que queria ajudar a proteger.
«A Lince teve dificuldades em criar o seu mercado e, com o aparecimento de outras cervejeiras, ainda menos oportunidades restaram. Entre mudanças de fábrica, pandemias e inflacção a operação não era sustentável», explica Jorge Tomé, um dos responsáveis da Fermentage Brewpub, que esteve cinco como gestor de operações na Dois Corvos, a outra marca artesanal de cerveja do Lisbon Beer Departament, que acaba por ser a única “sobrevivente” do trio inicial, neste “bairro”.
Com Jorge Tomé, estão Francisco Campino, Nuno Dias e Paulo Custódio: os três conseguiram «perceber o potencial do espaço, enquanto local de consumo» e ver «oportunidades para algum produto embalado, num segmento que ainda tem muito para ser explorado» – ou seja, vender cerveja em garrafa e/ou lata, como fazem Musa e Dois Corvos.
Uma vez que a Lince desaparece completamente do mapa, as versões IPA, Stout, Blonde, Belgian Pale Ale e NEIPA, entre outras, «deixam de existir»; os donos da Fermentage Brewpub falam numa «visão renovada, com foco no consumo responsável», o que se traduz em «cervejas de baixa fermentação e baixo teor alcoólico, na grande maioria com 3 a 5%», com uma aposta em «copos grandes e cheios».
Mas nem só destas cervejas vai viver a Fermentage: Jorge Tomé garante que o brewpub também vai ter referências mais fortes, com «fermentação mista», que vão oferecer uma «ponte entre vinho natural e uma abordagem semelhante, com recurso a malte de cevada e outros cereais». O espaço estreia ainda uma «torre de serviço tradicional checo» para oferecer uma «experiência inédita no serviço de cervejas de baixo fermentação», promete Jorge Tomé.
Neste momento, a dois meses da mudança efectiva, a Lince já tem várias cervejas Fermentage, entre 5% e 10% e inclui já outra das apostas da nova gerência: as pizzas em parceria com a Tozzi, em que a massa também tem fermentação lenta.
«Vamos tomar conta do menu de petisco e entradas com um twist de fermentação. Nesta fase, não teremos carta definida, acabará por ser composição com o que teremos no pipeline de experiências. Vamos viver o espaço e avaliar opções para uma segunda fase», explica o responsável.
Mas o que vai mudar mesmo, é a decoração do espaço: o mobiliário vintage que (ainda) caracteriza a Lince vai dar lugar a um aspecto inspirado nos anos noventa: no bloco de notas dos novos donos estão com «máquinas de arcada, um ringue de luta-livre, uma mesa de air hockey ou uma máquina de venda automática com latas de cerveja» – agora, é «haver tempo e capacidade para concretizar e implementar a visão», ressalva Jorge Tomé.
O Fermentage Brewpub vai ainda contar com um branding feito pelo street artist portuense Oker e receber espectáculos pontuais de música ao vivo, DJ set, além de «workshops, provas e eventos que orbitam a bebida e a comida», conclui. A nova vida deste espaço de cerveja artesanal começa, então, no dia 1 de Julho deste ano.
