Está formalmente anunciada a nova marca de trotinetas eléctricas de Lisboa: chama-se Flash, é de origem alemã e tem, provavelmente, o serviço mais completo disponível actualmente.
Factos são factos: que outra app de trotinetas eléctricas nos pode dar uma estimativa do preço de uma viagem ou tem um suporte para por o smartphone no guiador?
Que outra app mostra hotspots para deixar as trotinetas eléctricas? Voi, Lime, Hive, Wind ou Tier dão algum incentivo monetário para deixarmos os veículos bem estacionados?
Quando começamos a tentar encontrar respostas para estas perguntas, os factos começam a afunilar para as trotinetas da Flash.
Começamos pela aplicação (disponível para iOS e Android): para fazer os pagamentos é preciso associar um cartão de crédito (ou um criado com o MB Way) e todos os débitos são feitos logo após ter sido concluída a viagem.
Ao contrário de, por exemplo, a Lime, não é preciso estar sempre a carregar saldo para usarmos as Flash, o que tem um lado positivo e um negativo: não ter de escolher outra alternativa por falta de saldo e desleixe no controlo dos gastos, respectivamente.
Na interface, uma das características de que falámos em cima: o facto de os hotspots de estacionamento estarem assinalados no mapa. Melhor: sempre que deixamos uma trotineta neste ponto, a Flash dá-nos um desconto de 50 cêntimos na taxa de desbloqueio, que, como nas outras marcas, é de 1 euro.
Por exemplo, uma viagem de cinco minutos, que em todas as outras marcas de trotinetas fica em 1,75 cêntimos, na Flash pode ser de 1,25 euros, se deixarmos o veículo num local próprio, assinalado no mapa.
É natural que nem sempre possamos encontrar um por perto, mas muitas vezes pode ser uma diferença de poucos metros, e a garantia de ter uma trotineta bem estacionada, a dar-nos um bónus de 50 cêntimos.
Na mesma app há ainda a possibilidade de reservar um veículo por cinco minutos (tal como num automóvel DriveNow ou Emov), coisa que também não acontece em mais nenhuma aplicação do género, o que nos dá tempo para chegar até ao mesmo, sem que ninguém o leve, entretanto.
Temos ainda a funcionalidade de fazer com que a trotineta emita um sinal sonoro para ser mais fácil encontrá-la quando não está imediatamente visível, uma característica que, até agora, apenas estava disponível na app da Lime. Passando da app para a trotineta, também temos mais diferenças que colocam a oferta da Flash uns furos acima da concorrência.
Feitas pela empresa chinesa Shenzhen Typhoon Bike, mas com design da própria Flash (uma espécie de ‘modelo Apple’ – designed in Califórnia, assembled in China), tem, pelo menos, cinco características que não vemos em mais nenhuma trotineta de Lisboa.
Começando pelo guiador, há um suporte para colocar o smartphone, ajustável em largura, e que nos permite, por exemplo, usar o Google Maps para seguirmos um caminho.
A isto junta-se uma tomada USB que está também perto do guiador para ligarmos um cabo e carregar o smartphone enquanto viajamos: estes dois elementos estão bem pensados como conjunto e podem, perfeitamente, fazer a diferença na altura de escolher uma trotineta, quando há várias marcas disponíveis.
No topo há ainda um outro suporte, desta vez para colocar uma garrafa ou um copo térmico, mas que também serve para prender uma pequena mala de mão ou um saco de compras.
Mais em baixo, há duas outras características que a marca destaca como diferenciadoras: o facto de as rodas terem dez polegadas e serem maiores que as da concorrência e suspensão a ar, que supostamente dará mais estabilidade, principalmente em passeios de calçada portuguesa.
É verdade que em zonas menos acidentadas se nota uma ligeira diferença com as Flash (testámos as trotinetas durante alguns minutos na zona do Museu de Arte Popular em Lisboa), mas duvidamos que em passeios com pedras mais irregulares isto se mantenha.
No evento de apresentação que aconteceu hoje em Lisboa, Felix Petersen, general manager da Flash em Portugal, lembrou que estas trotinetas não são «brinquedos comprados em lojas e remarcados para serem postos nas ruas», numa clara alfinetada aos seus rivais directos Hive, Lime, Voi, Tier e Wind.
O responsável lembrou também que a abordagem da Flash à questão da mobilidade em Lisboa é diferente da concorrência: «A nossa ideia não é inundar a cidade, mas sim ir ao encontro das necessidades dos utilizadores. Vamos equilibrando o número de trotinetas disponíveis, de acordo com as exigências, todos os dias».
Felix Petersen disse ainda que a marca tomou especial atenção a dois problemas descurados pela concorrência: «Entendemos a questão do preço e o facto de alguns utilizadores não deixarem as trotinetas bem estacionadas. Por isso criámos o desconto de 50 cêntimos para quem o fizer nos locais assinalados na app», explicou o director-geral.
Sobre números, Felix Petersen preferiu não revelar, ao certo, a quantidade de trotinetas que vão estar disponíveis em Lisboa, mas deixou escapar que serão «mais de duzentas».
A área de cobertura da Flash, em Lisboa, é semelhante ao dos outros serviços já existentes, com limites em Algés, Benfica, Pontinha, Olival Basto e Moscavide, com toda a área ribeirinha a “verde”.