Pelas mãos do chef Vasco Lello surgem pratos que aliam a tradição portuguesa com o exotismo de terras distantes. Conheça connosco o Café Príncipe Real.
Numa altura em que Lisboa está nas bocas do mundo e os restaurantes apostam nas receitas tradicionais (mesmo que com uma nova roupagem) o Café Príncipe Real optou por uma estratégia diferente.
O chef Vasco Lello optou por criar uma carta onde mostra a influência de Portugal (e da comida portuguesa) nas restantes gastronomias. Assim, no menu do Café Príncipe Real misturam-se pratos convencionais, como o bacalhau à braz e o pato asiático.
Mas vamos por partes. A localização do Café Príncipe Real é simultaneamente uma vantagem e um desafio. Vantagem, porque desde há algum tempo o Príncipe Real está na moda, tendo ganho visibilidade e, como consequência, dado visibilidade aos negócios que aí se localizam.
Desafio, porque o restaurante, inserido no Memmo Príncipe Real, não é visível na rua principal; acessível através de um túnel é quase como que um segredo daquela zona. Um bom segredo. Nem que seja pela vista que proporciona.
O espaço tem a dimensão correcta para, em simultâneo, proporcionar uma sensação de espaço (as pessoas não estão em cima umas das outras) e de aconchego. A ampla parede envidraçada tem uma dupla função: não só deixa entrar luz natural como também permite ter a tal vista de Lisboa. O que aliado à decoração e à iluminação cria o tal ambiente cozy.
A carta, assinada pelo chef Vasco Lello, é surpresa atrás de surpresa, numa tentativa de «celebrar a lusofonia». Não é por acaso que a mesma é descrita como «a viagem dos portugueses pelos sabores do Sul da América, África e Ásia».
A prova está no facto de todos os pratos terem, na sua constituição, uma afluência de culturas e de gastronomias. Vejamos as ostras asiáticas, por exemplo. Oriundas de Aveiro são servidas com um molho de soja, caviar de yuzu e shitaki, dando-lhes um sabor diferente e exótico. Uma boa preparação para uma refeição completamente diferente.
Da América do Sul chegam os tacos, mais precisamente os mini tacos de tártaro de novilho, com picle de mostarda ou de atum, com kimchee e amendoim. Quem aprecia a comida asiática e é fã de picante não pode deixar de experimentar a sopa Tom Yam, com camarão, leite de côco e lima kafir.
O recurso à lima torna este prato extremamente fresco e aromático e, apesar de ligeiramente picante, torna-se extremamente agradável, principalmente no tempo frio. Uma outra alternativa (ainda dentro das entradas) é a salada de bacalhau marinado. Aqui a diferença reside na utilização do puré de beringela, sésamo e algas, todos ingredientes que dão leveza e frescura ao prato.
Apesar de estar numa zona iminentemente turística, o objectivo do Café Príncipe Real é o de conseguir ter um bom equilíbrio entre clientes turistas e locais. Sendo o bacalhau um ingrediente obrigatório, surgiu a ideia de mostrar como é feito o bacalhau à bras.
Como? Fazendo com que seja o cliente a misturar o ovo cozinhado a baixa temperatura, a batata frita palha e o bacalhau. Mas, se gosta de sabores exóticos ou é aventureiro(a), não deixe de experimentar o caril de garoupa e camarão. Ligeiramente picante é servido com arroz basmati, paparis, churney de manga e pão asiático.
Nas carnes há dois pratos que se destacam: as costeletas de porco agridoce, servidas com cevada prelada e beringela chinesa e o pato asiático, com molho hoisin e noodles com legumes.
Aqui há uma diferença substancial: se nas costeletas o enfoque vai para a cevada, que equilibra o sabor doce do molho e se torna no ingrediente chave do prato, no pato é difícil destacar algo.
Não porque seja um prato “fraco”, precisamente o contrário. A dificuldade de destacar algo reside no facto de ser um prato equilibrado, que conjuga o sabor e a maciez do pato (cozinhado no ponto) com a uma combinação de legumes. Este é, claramente, um prato “imperdível”.
Se nos pratos principais se nota uma clara influência asiática nas sobremesas a influência vêm mais do continente americano e africano. É o caso da queijada de mandioca com gelado de maracujá e do chocolate de São Tomé, que consiste num gelado de chocolate 70%, servido com banana e praliné de amendoim salgado.
O recurso ao chocolate amargo faz com que esta sobremesa não seja enjoativa ou demasiado doce. Consegue simultaneamente satisfazer os chocaólicos e os menos apreciadores de doces. Se bem que, para estes, há uma alternativa ainda melhor: o suspiro com frutos tropicais e gelado de goiaba.
No fim, saímos do Café Príncipe Real não só com a sensação de termos estado em outros países, experimentado outras culturas e de percebermos (com mais acuidade) a influência portuguesa no mundo. Saímos também com a satisfação de termos apreciado uma refeição farta, mas sem enfartamento e onde é possível ter uma aproximação acessível ao fine dinning.
Café Príncipe Real
Morada: Rua D. Pedro V, 56J
Telefone: 961 844 248
Email: [email protected]
Horário: das 13 às 15 e das 19:30 às 22 horas (quinta, sexta e sábado até às 23 horas)
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