Mesmo ao lado do Museu dos Coches, em Belรฉm, fica um dos museus mais surpreendentes de Lisboa. O Quake vai alรฉm do tradicional: รฉ uma experiรชncia histรณrica.
Maria Joรฃo Marques e Ricardo Clemente nรฃo tรชm um percurso ligado ร Histรณria, nem ao Turismo, mas depois de vรกrios anos em viagem e de verem que o conceito existia em vรกrios paรญses, decidiram que Lisboa tinha de ter um museu diferenciador.
ยซPercebemos logo que tinha de ser uma experiรชncia emotiva, tinha de mexer com as emoรงรตes das pessoas; temos de sair de um museu como se saรญssemos de um filme, com a alma cheia e emocionados – as emoรงรตes tรชm de lรก estarยป, conta Maria Joรฃo Marques, co-fundadora do Quake.
Depois de ยซsete anos de trabalhoยป, o resultado รฉ, talvez, o museu mais interactivo de Lisboa – vai muito alรฉm do simples espaรงo que mostra peรงas antigas e histรณricas, com um placa a explicar o que sรฃo.
ยซAqui hรก toda uma vertente histรณrica, cientรญfica, cultural e atรฉ uma componente ligada a protecรงรฃo civil, tudo comunicado de forma imersiva e divertidaยป; o projecto teve o envolvimento de uma equipa multidisciplinar de que fizeram parte o historiador Andrรฉ Canhoto e os sismรณlogos Luรญs Matias e Susana Custรณdioยป, ambos da Faculdade de Ciรชncias de Lisboa.
Esta foi a “receita” para que o Quake, apesar de ser uma experiรชncia, em grande parte, de entretenimento, tivesse o ยซmรกximo rigor histรณrico e cientรญficoยป, garante Maria Joรฃo Marques. ยซNunca brincรกmos com este tema e era muito fรกcil ter transformado isto numa espรฉcie de experiรชncia da Disneyยป.
No Quake, o pรบblico-alvo sรฃo as crianรงas. O museu estรก assente numa histรณria que faz lembrar um filme de aventuras; as situaรงรตes sรฃo explicadas de forma simples e clara, para que sejam facilmente compreendidas pelos mais novos. Aliรกs, o museu foi criado com esta premissa: ยซTivemos sempre a ambiรงรฃo de mudar o paradigma, de como รฉ que estas novas geraรงรตes vรชem os museusยป.
Em traรงos gerais, e sem estar a revelar grandes detalhes de como a visita (ou a experiรชncia) รฉ feita no Quake – um pedido de Maria Joรฃo Marques e Ricardo Clemente – hรก uma histรณria protagonizada por um cientista estudioso do terramoto de 1755, que acaba por envolver os visitantes em treinos para situaรงรตes de sismo e viagens no tempo.
Com um misto de museu cientรญfico (onde podemos fazer experiรชncias, perceber como funcionam os terramotos e como as estruturas podem ser construรญdas para resistir a sismos) e um modelo muito ligado a uma escape room, o Quake tem o clรญmax quando entramos na Lisboa de 1755 para “viver” o momento exacto do terramoto (o realismo รฉ tรฃo detalhado que sรฃo recriados os trรชs abalos) e o ambiente que se seguiu ร destruiรงรฃo da cidade.
Hรก cenรกrios (muito realistas) que recriam as ruas da capital antes e depois do sismo, para que nos sintamos envolvidos numa realidade com mais de trezentos anos e que vai (muito) alรฉm de vermos um filme – aqui, sentimo-nos como se estivรฉssemos a entrar num.
No fim, Maria Joรฃo Marques quer que, alรฉm de as pessoas saรญrem com a sensaรงรฃo de que estiveram mesmo na Lisboa de 1755, possam saber o que se deve fazer para se prepararem para um sismo: ยซCriar um kit de emergรชncia em casa, e saber o que fazer, รฉ um dos objectivos desta experiรชnciaยป – atรฉ porque Lisboa serรก atingida por um novo terramoto, a ยซdรบvida nรฃo รฉ se, mas sim quandoยป.
O Quake abriu a 20 de Abril esta semana e os bilhetes podem ser comprados no site: os adultos pagam 12,50 euros e as crianรงas (atรฉ aos dez anos), 8,75 euros.