Três ONG nacionais ligadas ao ambiente e ao activismo humanitário consideram que a cimeira do clima que aconteceu na Escócia é uma «base para progressos futuros», mas que não atingiu o objectivo principal.
«Glasgow soube a pouco: houve avanços, mas insuficientes e recuo final em relação ao carvão foi desastroso». É assim que começa um comunicado assinado pelas três ONG portuguesas Oikos, ZERO e Fundação Fé e Cooperação que estiveram no COP26.
A cimeira do clima que decorreu na Escócia entre 31 de Outubro e 12 de Novembro terminou com a Índia e a China a fazerem alterações de última hora ao texto final que ratifica o compromisso “mundial” de limitar o aquecimento global a 1,5 graus durante este século.
Índia e China não acabam com o carvão? «É lamentável»
Esta atitude dos dois países asiáticos é o alvo das maiores críticas das ONG portuguesas: «Considerar a redução do uso de carvão ao contrário da sua eliminação é lamentável e mostra a enorme dependência de muitos países deste combustível fóssil em particular que é um elemento fundamental da descarbonização global».
Oikos, ZERO e Fundação Fé e Cooperação também garantem que a COP26 não cumpriu «inteiramente» os objectivos de apresentar uma «resposta satisfatória em todos as frentes» no combate à crise ambiental: «Mitigação, adaptação, financiamento e justiça climática», segundo as ONG.
Redução de 1,5 graus foi uma miragem na COP26
«Ficámos bem aquém de assegurar uma trajectória que garantisse um aquecimento não superior a 1,5 graus em relação à era pré-industrial. Trata-se de um status quo iníquo, para a resolução do qual a 26.ª Cimeira do Clima não deu os contributos necessários».
Pelas contas das três ONG, as medidas apresentadas vão apenas permitir que o aquecimento global no final do século se mantenha em cerca de 2 graus, com uma amplitude possível de 1,4 a 2,6 graus; antes da COP26, o aumento da temperatura estava fixado nos 2,4 graus.
Ainda assim, Oikos, ZERO e Fundação Fé e Cooperação consideram que a COP26 é uma «base para progressos futuros» e estes resultados podem ser entendidos como «um copo meio cheio ou meio vazio». O comunicado completo com as considerações e análise das ONG pode ser lido aqui.