Com nome de uma monte que fica na fronteira entre a Turquia e a Arménia, o Ararate é o primeiro restaurante desta cozinha em Portugal. Na ementa há kebabs, borrego e vitela dos Açores.
Fica mesmo ao lado da Fundação Calouste Gulbenkian. O Ararate é o mais recente restaurante étnico de Lisboa e pioneiro na divulgação da gastronomia arménia em Portugal.
O nome é bíblico: Ararate é um monte turco localizado na fronteira entre a Turquia e a Arménia, onde, supostamente, teria encalhado a Arca de Noé, depois do dilúvio.
Mas a história deste restaurante é bem real: o chef Andranik Mesropya aceitou o convite de Karine Sarkisyan (dona do espaço, uma arménia que passou férias vários anos em Portugal e se apaixonou pelo País) e navegou até Portugal para liderar a cozinha do Ararate.
Na lista de ingredientes, além dos que vêm directamente da Arménia, estão também vários que Karine “descobriu” em Portugal. Um dos exemplos é a carne de vitela e o vitelão que vem dos Açores.
Ainda nas carnes, e como é típico desta região entre o mar Negro e o mar Cáspio, no sul do Cáucaso, meio europeia, meio asiática, o borrego é um dos ingredientes de eleição: «Aqui todo o animal é aproveitado: dos estufados aos caldos, não há desperdício», garante o chef Andranik Mesropya.
Num país que fica entre a Europa e a Ásia, as influências gastronómicas são mais muitas. Além de uma «base mediterrânica», o Ararate reflecte uma cozinha asiática de temperos exóticos, adopta o grão da Ásia Central e foi buscar a técnica de grelhar carne em carvão e os kebabs da Turquia. Da Europa vieram os legumes e verduras.
Mas, e essencialmente, na gastronomia arménia «reinam a beringela, o pimento, o tomate e a cebola», lembra Andranik Mesropya. É com base nestes ingredientes que são criados os pratos tradicionais arménios, com uma colecção de temperos que mete respeito
Aqui, destacam-se as ervas aromáticas como «os coentros, o manjericão roxo (que chega seco da Arménia), o tarkhum (da família do estragão), o chaber (da família da segurelha), o dandur (que se assemelha às beldroegas) e pimentão-doce.
Esta última especiaria tem uma história: «Não é um qualquer. É feito a partir de pimentos colhidos e secos como faziam os avós de Karine Sarkisyan, dona do restaurante. A diferença está no sabor: mais fumado, o pimentão-doce é feito de pimentos vermelhos», conta o chef Andranik.
No Ararate, um dos pratos principais é a espetada – de carne, peixe ou legumes – grelhada num grelhador que também tem história: «Tudo parece simples, mas as dificuldades começaram logo quando se procurou o típico do país: muito raso, com a grelha que quase toca no carvão»
Andranik Mesropya explica que o grelhador do Ararate teve de vir de Espanha e, por não terem encontrado nenhum que agradasse ao staff, este foi desenhado de propósito para o restaurante e pesa duas toneladas.
De volta à mesa, o chef destaca, nas entradas, a tábua de enchidos tradicionais com lascas de peito de pato, língua de vitela, basturma (lombo de vaca conservado em mistura de especiarias) e o Sudjuk (carne picada com toucinho em especiarias).
Nos pratos principais, Andranik Mesropya recomenda Dolmá (um prato de vitelão enrolado em folhas de videira), o Chanákh (ensopado de borrego) e ainda Khabab, ou Lylya-Kebabs, as típicas espetadas de carne picada assadas no carvão que podem ser de borrego, vaca ou frango.
Finalmente, a decoração. Numa sala com 68 lugares destacam-se as tapeçarias (um dos tapetes é uma recriação daquele que é considerado o mais antigo do mundo, o Pazyryk) e peças artesanais, que fazem parte da identidade cultural da Arménia.
No restaurante há ainda objectos e móveis em madeira e cobre «com a assinatura de pequenos artesãos portugueses», destaca Karine Sarkisyan, a dona do Ararate.
O Ararate fica na Avenida Conde Valbom, mesmo ao lado da Gulbenkian. Para reservas pode usar o número de telefone 925 451 509.