O que é que uma marca de automóveis faz numa feira dedicada, principalmente, aos smartphones?
Bem, desde logo, esta feira chama-se Mobile World Congress (MWC); de facto, confere – ‘Mobile’ significa ‘móvel’, que curiosamente, é a segunda parte da palavra ‘automóvel’. Respondendo à pergunta, faz todo o sentido a Mercedes ter ido ao MWC, até porque o futuro, para a marca, vai obedecer ao conceito ‘CASE’.
Esta sigla, que significa ‘Connected’ (ligado), ‘Autonomous’ (autónomo’), ‘Shared & Service’ (partilhado e serviço) e ‘Electric Drive’ (condução eléctrica) define toda uma realidade que já começa a ser desvendada pela marca em alguns modelos. Veja-se, por exemplo, o caso do Mercedes-Benz Classe E Coupé, que esteve em exposição no stand da marca alemã em Barcelona.
Com um interior que parece ter sido retirado de uma nave espacial de um filme de sci-fi, este automóvel de mais de 60 mil euros tem uma plataforma tecnológica chamada COMMAND Online, que se reflecte num ecrã de grandes dimensões a bordo. Aqui, é possível ter informações em tempo real do trânsito e receber comunicações de outros veículos, aquilo a que a Mercedes chama ‘Car-to-X Communication’.
Ou seja, se um automóvel Mercedes amigo detectar um acidente que fica na sua rota, é-lhe enviado um aviso para que possa alterar o caminho a tempo. E aqui, arruma-se a primeira letra do CASE: vão ser os carros ligados (connected).
‘E’ e ‘A’ também são fáceis de perceber: o ‘E’ é de veículos ‘Eléctricos’. Neste campo, a Mercedes criou o protótipo EQ, que também parece ter sido tirado de um filme: com uma forma oval e cheio de LED azuis, não tem motor de combustão; o EQ esteve presente no MWC sob forma de uma experiência de realidade virtual.
Para já, só assim é que se pode conduzir este protótipo. Os veículos autónomos, por outro lado, já fazem parte do presente: a Mercedes tem já automóveis que se conduzem sozinhos, mas que, devido às restrições da legislação portuguesa, não podem ser vendidos com esse recurso nos concessionários nacionais.
Mas será uma questão de tempo até que tudo esteja legalizado e que possa ir para o trabalho a ler o jornal, enquanto o Mercedes vai ‘surfando’ pelo trânsito.
Finalmente, a letra ‘S’ que em português se transforma, parcialmente, em ‘P’ de ‘partilha’; aqui, o que a Mercedes quer é que empreste o carro a amigos ou família quando não o está a usar, tudo gerido com uma app para smartphone: é uma espécie de car-sharing restrito, portanto.
Já o ‘S’ de ‘serviços’, que se mantém na Língua de Camões, fica reservado para o sector profissional, e vai servir para gerir frotas de camiões e carrinhas.
Vai ser um CASE sério.