‘A Ilha dos Escravos’, um original do francês Pierre de Marivaux, estreou em 1969 e conseguiu fugir à censura durante as primeiras apresentações. Está de volta aos palcos pelo TEUC.
É um regresso ao «local do crime». Em altura de crise académica, o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra subia a palco com uma peça que era uma «reclamação burlesca da liberdade e de renovação do teatro português».
O texto inicial escapou ao lápis azul, mas depois de ver as primeiras sessões de ‘A Ilha dos Escravos’, a censura percebeu que os «processos cénicos utilizados acrescentavam múltiplas camadas que podiam contrariar» o original e proibiu a peça.
Agora, 55 anos depois (pode ver, no RTP Arquivos, uma gravação sem som, datada de Abril de 1969), ‘A Ilha dos Escravos’ está de volta ao palco pela mão do colectivo Visões Úteis, do Porto, em parceria com o TEUC e o Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas da Universidade de Coimbra.
«Esta reconstituição deve-se, em grande medida à descoberta, no arquivo do TEUC, do guião do ponto, do técnico de iluminação e da versão final do texto apresentado na data de estreia, bem como de cartas e outro tipo de documentos», conta Carlos Costa, diretor artístico do Visões Úteis.
A nova versão de ‘A Ilha dos Escravos’, com setenta minutos, estreia a 27 de Março (Dia Mundial do Teatro), no Teatro Académico de Gil Vicente, que também é parceiro desta recriação, às 21:30. Os bilhetes custam cinco euros.