O 3008 foi reinventado pela marca francesa e chega em duas novas versões: híbrida e 100% eléctrica. Com um design que junta os melhores apontamentos da Peugeot, o interior é interdito a fãs do minimalismo.
Actualmente, se tivéssemos de colocar dois automóveis nos antípodas um do outro, escolheríamos o Volvo EX30 e o E-3008 GT. Temos aqui dois SUV eléctricos bastante cativantes, cada um à sua maneira.
Um, aposta na clássica sobriedade sueca para dar ao condutor um cockpit limpo de distracções, botões e elementos supérfluos; o outro, é o epítome da classe francesa, à grande, com um habitáculo que tem tudo aquilo a que temos direito… e até mais.
Na verdade, o interior do E-3008 GT é o mais diferenciado dos automóveis que temos testado: um dos principais destaques é o painel de instrumentos e o ecrã do sistema de infoentretenimento (que não têm separação física) e parece estar a flutuar à nossa frente.
E, ao contrário de outros modelos, em que este elemento é “partilhado” com o passageiro (ou seja, em que este o pode usar sem dificuldade), no E-3008 está mais virado para o condutor, o que torna muito complicada a operação pelo passageiro. Esta é uma boa forma de não nos mudarem a estação de rádio ou avançar na playlist, quando não gostem da música que temos a tocar.
O painel de instrumentos tem cinco formas de se apresentar, o que nos dá boas hipótese sde escolha para que a informação se adapte ao que queremos ver. Apesar de sermos mais adeptos do minimalismo e da simplicidade, temos de admitir que gostamos dos automóveis em que há variedade de escolha na apresentação da informação.
No E-3008 temos, por exemplo, um modo que mostra o velocímetro à esquerda com a autonomia em quilómetros e a percentagem, a que se junta o comportamento do motor (‘Charge’, ‘Eco’ e ‘Power’), sempre útil de ver em tempo real; outro, coloca em destaque uma animação do SUV onde se pode ver o que é que a bateria está a fazer (carregar ou dar energia às rodas) com o velocímetro em grande, à esquerda. Algo inútil é um modo de visualização que mostra um mapa 3D sem indicação de ruas, mais estético que outra coisa.
Nos auxiliares de condução está uma das melhores características do E-3008: os avisos do sistema de segurança são muito tranquilos e resumem-se a três estalidos secos quando subimos acima da velocidade limite de uma via ou cruzamos uma linha de divisão de faixa sem fazer pisca. Era assim que todos deviam ser e não como os autênticos festivais de ‘bii-biips’ e ‘pii-piis’ dos Hyundai ou Seal que temos testado.
Além disso, há um atalho rápido para desligar os avisos se, mesmo assim, os acharmos incomodativos – o que vai ser difícil, tal a sobriedade com que se fazem notar. Este atalho pode ser configurado num terceiro ecrã (o i-Toggles), este sim, a meio da coluna central e, portanto, operável pelo passageiro, que mostra cinco opções de cada vez.
Neste local podemos colocar até dez quadrados de atalhos para funções como o leitor multimédia, a climatização, a navegação, o telefone, o Apple Car Play/Android Auto (sem fios) e o ADAS – é aqui onde podemos desligar de forma rápidas os avisos de segurança.
Não negamos que este ecrã é útil (desta forma, não temos de andar a “escavar” pelos menus à procura destas opções, como acontece em automóveis de outras marcas), mas, lá está: é um dos elementos que contribuiu para que o cockpit do E-3008 seja areia a mais para a camioneta dos fãs do minimalismo.
Contudo, a forma como adicionamos quadrados ao i-Toggles não é muito intuitiva: é preciso, no ecrã principal, deslizar para a esquerda até aparecer o menu de aplicações e manter o dedo pressionado numa app para substituir por outra. Era preferível haver um quadrado de ‘+’ sempre presente no i-Toggles para que acrescentar uma app fosse mais simples.
No sistema de infoentretenimento também achámos os ecrãs dos menus algo confusos – mostram muitos dados ao mesmo tempo. Há sempre demasiados ícones onde podemos tocar e a informação parece não ter sido bem dimensionada para o ecrã, ora com espaços mortos, ora com opções muito esticadas, à largura completa do ecrã.
Outro “departamento” onde se vê o maximalismo do E-3008 é na consola central e no espaço de arrumação. A bandeja para o smartphone (com carregamento Qi) fica num sítio de difícil acesso, onde é complicado colocar e retirar o telemóvel, o que faz com que não o consigamos ver.
Em parte, isto percebe-se e já vimos o conceito noutros automóveis: desta forma, não temos a tentação de mexer no smartphone, até porque temos Car Play e Android Auto. Mas, num modelo que tem tantas distracções, estar atento ao ecrã do telemóvel não era assim uma concessão tão grande.
Depois, a própria coluna central tem um design estranho: do lado do condutor há uma “muralha” onde estão comandos para o som, o inusitado selector de velocidades que fica debaixo do ecrã principal (em modo interruptor), o modo de condução (‘Eco’, ‘Normal’, ‘Sport’) e uma série de botões físicos para a climatização que se desviam para a direita e para longe das nossas mãos: esta é uma opção de design difícil de compreender.
Já do lado do passageiro, há o acesso a uma generosa zona de arrumação fechada por uma tampa, onde estão duas entradas USB-C para energia e dados, assim como uma de isqueiro. O facto de ter aquela “muralha” do lado do condutor, faz com que o acesso, para este, seja dificultado.
Mais atrás, sob o apoio de braço, fica outro compartimento, com uma pequena bandeja para objectos mais pequenos e uma zona climatizada, para podermos refrescar bebidas, por exemplo. Não vamos conseguir gelar uma bebida, mas durante uma viagem pode ser a diferença entre beber água morna e com uma temperatura aceitável, que mate mesmo a sede.
Na zona traseira dos passageiros, o espaço não é muito generoso, mas a bagageira é grande: preferíamos que a Peugeot tivesse sacrificado esta área para dar mais “margem de manobra” a quem viaja connosco nos bancos de trás. Aqui, há ainda duas USB-C e botões para controlar o aquecimento dos bancos.
O E-3008 100% eléctrico (210 cv / 157 km, bateria 73 kWh e uma autonomia que ronda os 525 km) está disponível apenas em duas versões: Allue e GT, com a diferenciação a estar ao nível do equipamento. A versão que conduzimos foi esta última, cujo preço de lançamento é de 51 150 euros; os pedidos de test-drive podem ser feitos no site da Peugeot.