A BYD chegou a Portugal em 2023 e o SUV Atto 3 foi um dos automóveis com que marca chinesa se apresentou em Portugal.
À primeira vista, o Atto 3 nem parece um automóvel 100% eléctrico; não têm, por exemplo, aquela grelha totalmente fechada à frente, que as marcas costumam adaptar dos modelos a combustão.
Ao contrário disso, este SUV adopta linhas mais características dos automóveis convencionais, com um bom equilíbrio entre a dianteira e a traseira, algo que nem sempre vemos. O principal destaque são as linhas fluidas, que “arrastam a asa” ao conceito de design da BYD ligado aos oceanos, neste modelo em concreto muito vincado pela cor azul.
O mesmo já não podemos dizer do interior, onde a BYD arriscou… e muito. Aqui, não se pode falar num modelo minimalista e consensual (como acontece por fora), já que há vários detalhes que podem chocar ou surpreender (depende do ponto de vista) o condutor e passageiros.
Preferimos usar uma mistura destes dois objectivos e damos um exemplo para cada um: a surpresa está na zona de arrumação das portas, onde um ‘set’ de três cordas vermelhas produz música quando lhes tocamos como se fosse uma guitarra. O choque é personificado na maçaneta das portas, com a forma de um cilindro e uma pala, que tem de ser deslizada para trás, para abrir.
Mas até podemos destacar mais dois: o ecrã de grandes dimensões, do computador de bordo, táctil, que pode ser rodado para assumir uma posição horizontal ou vertical (há um botão no comando para isto); e o pequeno ecrã do condutor, com uma fraca qualidade, onde é muito confuso ler informação.
Aqui, os ícones (de funções que ligamos, como as das ajudas à condução) parece que urgem de forma aleatória, são muito pequenos, não se conseguem destacar – a verdade é que há muita informação e em simultâneo, o que dificulta o entendimento do que se está a passar.
Sobre o sistema de infoentretenimento, mais sentimentos agridoces: embora seja bastante intuitivo, com um ecrã de 15,6 polegadas que responde bem ao toque, sofre por não ter serviços da Google (ainda assim, a interface é baseada no Android 10).
O mapa é Telenav e a loja só tem três apps (um browser, a Amazon Music – que nem sequer está disponível em Portugal – e a Karaoke), o que a torna completamente inútil. Instalada de fábrica vem, ainda, o Spotify.
Apesar de grande parte das funções poderem ser controladas pelo ecrã táctil, o BYD não deixa de lado os botões físicos na consola central, fora os do volante, o que é sempre uma boa opção para os recursos mais usados de um automóvel.
Assim, vai ser possível ligar/desligar o sensor de estacionamento, activar o modo de recuperação de energia (Standard e High), ligar traccão na neve/gelo, alterar o modo de condução (Sport – em que o ecrã fica com uma faixa vermelha – Normal e Eco), fazer desembaciamento do pára-brisas, ligar o AC, controlar o volume e desligar o ecrã.
Este conjunto de botões analógicos faz sentido e é útil, para não estarmos sempre a navegar entre os menus do computador de bordo. Uma das alternativas, é usar comandos de voz: basta dizer ‘Hi, BYD’ (ou carregar no botão respectivo que está no volante) e pedir ao assistente de voz para abrir o tecto, fazer chamadas, rodar o ecrã, definir destinos, apagar a luz ambiente ou lançar apps, embora isto tenha de ser feito em inglês.
Em condução do Atto 3 é bastante confortável e desliza com suavidade pelas estradas, embora no modo Eco, se sinta, como é natural, uma disponibilidade mais baixa no momento da aceleração. Para tirar todo o partido da potência deste SUV, o modo a activar será o Sport. Aliada à experiência de condução, está o conforto do habitáculo, com um banco que nos dá uma posição elevada, uma das características de que mais gostámos.
Em Portugal, o BYD Atto 3 começa nos 40 mil euros; a versão ensaiada custa cerca de 43 500 euros. Os pedidos de test-drive podem ser feitos no site da marca, representada em Portugal pela Salvador Caetano.