Quase todos os meses há restaurantes que anunciam um novo conceito. Desta vez, o Kitchen Dates parece ter mesmo qualquer coisa da diferente. Não tem caixote do lixo e faz compostagem no local. Mas há mais para descobrir.
«Somos o primeiro restaurante sem caixote do lixo de Portugal e abrimos recentemente em Telheiras, na Rua do Seminário 7A, mesmo ao lado da Escola Secundária Vergílio Ferreira». Foi assim que o Kitchen Dates se apresentou ao TRENDY, por email.
Na verdade, o Kitchen Dates é um vizinho da nossa redacção: ficamos os dois em Telheiras a poucos metros um do outro. A proximidade valeu um contacto mais directo e pessoal, com um convite para visitar o espaço – havemos de ir lá, mas vale a pena partilhar primeiro algumas coisas que o diferenciam.
Um compostor eléctrico e a promoção da agricultura biológica
A primeira é, claro, o facto de não ter caixote do lixo. Mas, afinal, o que é que isto quer dizer? «Tudo o que aqui entra é consumido, reaproveitado de alguma forma ou transformado em composto», explicam Maria e Rui, os criadores deste conceito, que em 2017 já tinham inaugurado um clube de brunch em casa, um formato idêntico ao que deu origem ao Ajitama.
Para isso, o Kitchen Dates tem um compostor eléctrico, que dá conta do recado: «Em 24 horas processa a matéria orgânica que sobra das preparações na cozinha ou do prato dos clientes». Mas as preocupações com o ambiente não se resumem à transformação dos desperdícios.
Segundo Maria e Rui, o restaurante «trabalha exclusivamente com produtores conscientes, que seguem os princípios da agricultura biológica» e que fazem chegar os produtos ao Kitchen Dates em «recipientes reutilizáveis». A escolha dos produtores também é um elemento-chave das preocupações de ambos.
«Limitamos a origem dos nossos ingredientes a um raio de 50 km (para os frescos) ou 500 km (para outros produtos, como cereais, leguminosas ou frutos secos). Isto quer dizer que trabalhamos sem coisas como especiarias, café, cacau, banana ou côco».
Kitchen Dates tem uma cozinha «100% vegetal, local e sazonal»
Mas, afinal, que tipo de pratos serve o Kitchen Dates e como é que podemos experimentar este conceito? «O menu do almoço é partilhado todas as manhãs no nosso Instagram e no Facebook», com sugestões criadas a partir de «ingredientes disponíveis no próprio dia».
Caldo de avelã com shiitake, arroz carolino integral, castanha assada, quimchico (a versão de kimchi do Kitchen Dates), kale, rabanete e coentros (foto em cima); ou ravioli de trigo poulard recheado com semi-curado de amêndoa e espinafres, kale e um molho cítrico de amêndoa foram dois dos mais recentes pratos servidos pelo restaurante.
Aqui, não há dúvidas: «Temos uma cozinha 100% vegetal, verdadeiramente local e sazonal, em sintonia com o que nos traz saúde e com o planeta», sublinham Maria e Rui.
Brunches só com reservas e apenas aos fins-de-semana
Em relação ao modo de funcionamento do Kitchen Dates, há três conceitos principais: ao almoço, o restaurante tem a porta aberta e basta aparecer entre as 12 e as 15 horas; o espaço tem uma mesa comunitária, partilhada com outras pessoas. Ao jantar, tudo muda: aqui as reservas são obrigatórias (são feitas no site) e o pagamento tem de ser feito de forma antecipada. O preço, por pessoa, é de 35 euros.
Depois há mais um momento onde o acesso é limitado: o brunch (30 euros por pessoa). O primeiro fica reservado para os fins-de-semana e feriados, com hora marcada de início para as 11 horas – mas «sem hora para acabar». Aqui, Maria e Rui vão trazendo para a mesa um «conjunto variado de pratos para partilhar». Nos brunches «cada um gere a refeição à sua maneira», explicam.
Refeições à parte, o Kitchen Dates também pode receber eventos privados e workshops – o próximo é no dia 29 de Fevereiro (um Domingo): Introdução ao pão de fermentação lenta (80 euros/pessoa). Finalmente, resta dizer que, durante a semana, o restaurante tem ainda um serviço de take-away (a chamada ‘despensa’) das 12 às 20.