Lime e Bird são as duas grandes empresas de aluguer de trotinetas eléctricas nos EUA, mas na Europa a realidade é bem diferente, com a Bird a estar completamente na sombra. Com a compra da Circ, isso pode mudar.
Era evidente que o mercado actual das trotinetas estava saturado, com vĂĄrias marcas a querer uma fatia de mercado. Em Lisboa, chegou a haver quase dez destas empresas, mas entretanto a oferta foi diminuindo, uma vez que as operaçÔes deixaram de ser lucrativas – se alguma vez o chegaram a ser.
Foi o que aconteceu com marcas como a Tier, a Voi e a Bungo que deixaram de ter as trotinetas disponĂveis na capital – ao mesmo tempo, Lisboa recebeu as Jump, da Uber, e viu duas marcas a terem o domĂnio quase total da cidade: Hive e Lime, esta Ășltima a pioneira desta forma de mobilidade (chegou em 2018).
Circ pode ter custado cerca de 70 milhÔes de euros à Bird
Ă precisamente para fazer frente a esta Ășltima empresa que a Bird decidiu comprar a Circ (ex-Flash), uma marca europeia de micromobilidade que tinha chegado a Portugal em Março de 2019, hĂĄ menos de um ano. Os contornos do negĂłcio sĂŁo pouco conhecidos, mas com o que foi revelado Ă© possĂvel chegar a algumas conclusĂ”es.
A primeira Ă© o valor do negĂłcio: a Bird anunciou recentemente um aumento de cerca de 70 milhĂ”es de euros, fruto de uma nova ronda de investimento, a chamada ‘SĂ©rie D’, o que a permitiu chegar aos 330 milhĂ”es de euros de financiamento total.
Ora, a compra da Circ pode muito bem ter sido ‘patrocinada’ por valores Ă volta desta soma que a Bird conseguiu na tal SĂ©rie D. A Circ tem cerca de trezentos funcionĂĄrios em toda a Europa (que serĂŁo integrados na Bird, garante a empresa) e estĂĄ presente em 43 cidades de 12 paĂses. Um valor prĂłximo dos 70 milhĂ”es de euros parece ser ajustado a um negĂłcio desta dimensĂŁo.
Lembre-se que a Bird entrou em Portugal no mesmo mĂȘs que a Circ (na altura, ainda Flash), com a diferença de apenas duas semanas. Apesar de ser, como jĂĄ referimos, uma das duas grandes marcas do gĂ©nero nos EUA, apostou numa entrada âsuaveâ em Lisboa, com apenas 250 trotinetas, que tinham um desempenho bastante fraco.
Suspensão do serviço da Bird até à Primavera pode ajudar
Em Portugal, a Circ Ă© a marca de aluguer de trotinetas elĂ©ctricas que estĂĄ em mais cidades: alĂ©m de Faro e Lisboa, onde começou em Março de 2019, tem operação em Almada, Coimbra, Matosinhos e Braga. Com esta compra, a Bird garante uma taxa de penetração elevada em Portugal e aproveita a experiĂȘncia da Circ no mercado nacional.
HĂĄ outro dado que tambĂ©m pode ser importante para esta nova realidade: a Bird suspendeu o serviço em Lisboa durante o Inverno e prometeu regressar na Primavera. Conhecido agora este negĂłcio, este perĂodo de interregno serĂĄ o ideal para que a marca realinhe a estratĂ©gia e integre de forma coesa a frota da Circ, sem se estar a preocupar com a gestĂŁo do negĂłcio nas ruas da cidade.
Perguntas sem resposta: o que acontece Ă Circ Portugal?
Contudo, e como a Circ nĂŁo faz qualquer comentĂĄrio oficial sobre este negĂłcio (o Ășnico comunicado que existe Ă© o da Bird, e internacional), nĂŁo Ă© possĂvel saber detalhes mais tĂ©cnicos sobre o futuro desta fusĂŁo em Portugal.
Por exemplo: todas as trotinetas da Circ serĂŁo englobadas na frota da Bird? Quais serĂŁo os modelos? HaverĂĄ renovação? As marcas vĂŁo manter-se separadas, e serĂĄ qualquer coisa do gĂ©nero ‘Circ by Bird’? As apps tambĂ©m se vĂŁo fundir? Quando Ă© que isso vai acontecer? Para jĂĄ, estas sĂŁo perguntas que ficam sem resposta.