Chega a 1 de Abril e vai ter disponível uma frota de 250 trotinetas eléctricas em Lisboa. A Bird é a mais recente marca do género a chegar a Portugal e foca a sua aposta na segurança e da responsabilidade.
Já muita coisa foi dita sobre as trotinetas eléctricas em Lisboa: há quem ame e quem odeie, há quem lhe chame ‘praga’, há quem já não passa um dia sem gastar, pelo menos, 1,15 euros, para fazer uma viagem.
Podemos começar por aí, pelo preço, um autêntico bocejo: sem qualquer novidade, a Bird mantém os valores praticados pelas rivais Voi, Lime, Hive, Tier e por aí fora. Vai ser um euro para desbloquear a trotineta e, depois, quinze cêntimos por minuto.
Neste campo, a diferença continua a ser feita pela Flash, que chegou a Lisboa há cerca de duas semanas, e que dá um desconto de 50 cêntimos no desbloqueio se a trotineta for estacionada num local próprio, assinalado no mapa da app.
Este comportamento, o de estacionar bem a trotineta, no fim de uma viagem, é um dos cavalos de batalha da Bird, mas… não há qualquer incentivo para que um utilizador o faça.
Mas, atenção: há uma equipa da quatro (sim, leu bem q-u-a-t-r-o) Bird Watchers, que vão andar por Lisboa a ver se as trotinetas estão bem paradas, se as pessoas estão a usá-las bem e a dar conselhos de segurança e boas práticas. Provavelmente nunca ninguém vai ver um destes ‘observadores de pássaros’, mas a Bird garante que eles vão andar aí.
Numa apresentação onde a responsável de comunicação da marca Yenia Zaba insistiu nas palavras ‘segurança’ e ‘sustentabilidade’, foi reforçada a aposta numa entrada “suave” em Lisboa, com apenas 250 trotinetas, número que depois vai ser equilibrado com as necessidades de utilização das pessoas. «Somos muito flexíveis», disse Yenia Zaba.
Contudo, é pena que esta flexibilidade não se aplique, nem de perto, nem de longe, ao modelo de trotineta (velocidade máxima de 24 km/h) que a Bird vai ter nas ruas de Lisboa. Feitos em conjunto com a marca chinesa Okai, estes veículos são a antítese completa dos da Flash.
Isto quer dizer que temos uma trotineta sem qualquer tipo de suspensão, muito difícil de controlar em terreno irregular (sobretudo em calçada), pouco segura e que à mínima imperfeição na ciclovia ou na estrada nos vai dar uma grande dor de pernas e braços.
O que acontece, é que, com a chegada dos modelos Flash com suporte para smartphone e copos, ligação USB para carregar o smartphone, suspensão a ar e rodas de dez polegadas, a bitola para os próximas marcas (e também para as já existentes) subiu.
Em termos de segurança e comodidade, as Okai da Bird são um passo atrás nesta evolução em todos os sentidos, ao não oferecer nada de diferenciador que nos faça optar por uma destas em relação a outras.
E isso, num mercado de Lisboa que já começa a ficar hiper-saturado de trotinetas eléctricas é mau e só serve para alimentar ainda mais aquelas contas de Instagram onde se vêm veículos dentro de fontes, em cima de árvores, partidos ou espalhados na rua.