Da Sony não vêm apenas jogos de última geração e consolas poderosas. O mais recente lançamento de gaming da marca é uma consola que recria a PlayStation original e que já traz duas mãos cheias de jogos.
A PlayStation lançou a sua primeira consola com CD em 1994 e, na altura, perante a concorrência da SEGA com a Saturn, muitos duvidaram do futuro de uma marca que entrava no meio sem qualquer experiência de videojogos.
É preciso lembrar que a SEGA e a Nintendo dominavam este meio há dez anos, com consolas como a Mega Drive, a Master System, a Game Gear, a NES, a SNES e o Game Boy.
A entrada da Sony no mundo dos videojogos era vista como um capricho, uma moda passageira e que não havia qualquer hipótese de a marca ter sucesso.
Quase 25 anos depois, o panorama é conhecido: a PlayStation é quase um sinónimo de ‘consola de jogos’, a SEGA desapareceu do mapa enquanto produtora de hardware e acabou mesmo a fazer jogos para a sua rival.
E foi a PlayStation original que deu início a este império de gaming com sucesso particular em Portugal, onde a Xbox tem uma quota inexpressiva: mais de 95% das vendas no País são consolas da Sony.
Agora, 24 anos depois, a marca lança um modelo com jogos retro, uma tendência que já tínhamos visto quando a Nintendo fez regressar a NES e a SNES com dezenas de jogos incluídos. A próxima consola do género a sair deverá ser mesmo uma Mega Drive, da SEGA.
Por 99,90 euros ficamos com uma consola com o design igual ao da PS original, mas muito mais pequena: de facto, as dimensões são tão compactas que até a conseguimos por no bolso de trás de umas calças de ganga.
A PlayStation Classic tem apenas 13 x 10 cm (dois iPhone XS lado a lado são maiores que esta pequena consola da Sony) e , ao contrário da original, não abre a tampa dos CD – contudo, mantém-se o botão que diz ‘Open’, onde podemos carregar, mas que nada faz.
Mas há uma curiosidade. Quando carregamos neste botão surge o mesmo aviso no ecrã, que aparecia na PS original: «Não é possível trocar os discos agora. apenas é possível trocar os discos quando for instruído a tal durante o jogo». Um pequeno easter egg, portanto.
Do lado oposto, temos o botão de ‘Power’ (para ligar e desligar a consola) assim como o de reset, que serve para abandonar um jogo e regressar ao ecrã ‘Home’, onde podemos seleccionar um de vinte jogos disponíveis: veja a lista aqui.
Na caixa vêm ainda dois comandos com o design original (embora num plástico opaco e não brilhante, como os da PS dos anos noventa) que se podem ligar via USB; já a consola liga-se por HDMI às televisões – a original usava SCART.
Lembra-se dos cartões de memória que precisávamos de comprar para gravar o nosso percurso e evolução nos jogos? Nesta consola já não é preciso usar: podemos fazê-lo numa memória interna e em qualquer título.
Se tivermos um jogo gravado, podemos continuar a partir daí, no menu inicial da consola – essa opção surge debaixo da capa do jogo quando o seleccionamos. E as definições da consola não têm muito mais: protecção de ecrã (reduz o brilho após 5 minutos sem usar), idioma, poupança de energia, restaurar pré-definições e inicializar consola é o que temos.
Na lista de jogos vêm alguns que tiveram um grande sucesso há vinte anos e que ajudaram a definir o sucesso da PlayStation: Destruction Derby, Metal Gear Solid, Rayman, Ridge Racer Type 4, Oddworld: Abe’s Oddysee, Resident Evil Director’s Cut e Syphon Filter são alguns destes exemplos.
Mas nem tudo são rosas: lá dentro está também muito lixo, como Cool Boarders 2, Jumping Flash, Mr Driller, Revelations: Persona e Super Puzzle Fighter II Turbo. Com mais cinco bons jogos no lugar destes – por exemplo, é incompreensível não termos Gran Turismo ou – a PS Classic tinha tudo para ser uma peça de nostalgia obrigatória.
Assim, e com cerca de metade dos jogos a serem interessantes e três deles autênticas “jóias” (Metal Gear Solid, Syphon Filter e Resident Evil Director’s Cut), a PS Classic é, apenas, uma boa compra, especialmente para quem já se desfez da consola original e destes jogos.
Mas há outra coisa que nos faz ter pé atrás com esta PlayStation Classic: os jogos cheios de polígonos e em 3D envelheceram mal… muito mal. Embora adoremos Resident Evil Director’s Cut ou Metal Gear Solid, os gráficos são, hoje, horríveis e até dificultam a jogabilidade.
Estivemos quase uma hora a jogar os principais títulos que referimos, baixou uma nostalgia, mas a jogabilidade é mesmo um problema em muitos dos títulos – o problema não é, sublinho, das limitações da consola em si.
Os comandos também não ajudam, já que hoje em dia estamos totalmente adaptados a usar joysticks para controlar personagens e automóveis em jogos do género. Além disto, todos os jogos estão no formato 4:3, como os originais, o que significa que em TV LCD vamos ter duas barras pretas de cada lado.
A PS Classic é um gadget cheio de nostalgia, mas a sua compra deve ser bem ponderada, pois os gráficos 3D envelheceram mal e os comandos não têm a ergonomia a que estamos, hoje, habituados.