Um dos modelos de automóvel menos convencional de sempre está de parabéns. Criado em Maio de 68, mês e ano de revoluções estudantis em França, o Méhari era um carro para usar em idas à praia.
A Citroën é daquelas marcas automóveis que sempre conseguiu, ao longo dos anos, apresentar modelos que se tornaram referências de design e do mercado.
A isto, aliaram-se os sucessos de vendas: de forma geral, todos os modelos icónicos conseguiram ter uma grande aceitação por parte do público e tornaram-se símbolos de uma era.
Tal como o Citroën Méhari, que hoje faz cinquenta anos, há outros modelos que nos ficaram na retina, como por exemplo, o célebre Citroen 2CV (em vermelho), que até foi estrela de uma série em Portugal: era um carro que se conduzia sozinho em Duarte e Companhia.
O AX, o BX, a carrinha H, o Ami, e aquele que foi considerado o automóvel mais belo de todos os tempos: o DS, por cá conhecido como ‘boca de sapo‘.
Mas recentemente, é impossível não referir, pelo menos, dois modelos: o C3 Pluriel e a primeira versão do C4 Cactus (2013), este último também levemente inspirado no Méhari, com os airbumps a fazer lembrar a textura ondulada da sua carroçaria.
Sous les pavés la plage
A 11 de Maio de 1968, o mês quente da revolução estudantil em França, a Citroën apresentava o Méhari. O slogan, usado para promover o novo carro que tinha um “arzinho” de Verão e calor era, era ‘Sous les pavés la plage’.
A tradução seria qualquer coisa como ‘debaixo da estrada [do pavimento, da calçada], a praia’. Isto não deixava dúvidas sobre o objectivo do Méhari (uma palavra árabe que serve para designar uma raça de dromedários velozes).
Descapotável, com a carroçaria em plástico, um tejadilho de lona e disponível em cores como o vermelho, o verde, o laranja e o amarelo (cor que, talvez, tenha sido a mais popular), o Méhari foi idealizado por Roland de La Poype.
Por ser feito em plástico, tornava-o «inatacável pela corrosão e totalmente lavável a jactos de água, um aliado perfeito das zonas junto ao mar», lembra Jorge Magalhães, director de comunicação e relações externas da PSA Portugal.
Mas havia mais características que distinguiam o Méhari dos outros automóveis, nos anos sessenta: por exemplo, o facto de ser versátil, ao ponto de o pára-brisas se poder inclinar sobre o capot.
Ao longo de quase vinte anos, o Citroën Mehari foi ainda o automóvel do comediante Louis de Funés, na série gaulesa Le Gendarme de Saint-Tropez, teve uma versão 4×4 em 1979 e até participou em alguns rallys: no Liège-Dakar-Liège (1969), no Paris-Kaboul-Paris (1970) e mesmo no Paris-Dakar de 1980.
Um Méhari eléctrico para surfar a onda green
Em 2015, a Citroën decidiu homenagear o Méhari e criou um novo modelo eléctrico com este nome: o E-Méhari. Com linhas semelhantes ao modelo de 1968, mas muito mais actuais e baseadas também no Cactus, este modelo teve já algumas derivações.
Em Janeiro deste ano foi já lançada uma versão com capota rígida que deu continuidade à Edição Limitada Styled by Courrèges. Com janelas laterais e uma de abertura posterior, tornou-se uma «verdadeira berlina, passível de ser utilizada 365 dias por ano», lembra Jorge Magalhães.
Veja o vídeo no canal de YouTube do TRENDY.
E, para comemorar os seus cinquenta anos, a Citroën convidou o designer Jean-Charles de Castelbajac para criar um ‘art car’ (faz lembrar, e muito, as obras de Mondrian) que transformou o automóvel numa «obra de arte forte e colorida, num verdadeiro manifesto que celebra 50 anos de liberdade e 50 anos de criatividade».
Infelizmente, o E-Méhari não está disponível em Portugal: o mais próximo que existe actualmente deste modelo é o novo C3 (ou C3 Aircross, se estivermos a pensar em airbumps) ou o C-Zero (na parte da motorização eléctrica). Em França, o E-Méhari começa nos 25 500 euros.