É uma das lojas com mais identidade e carisma em Portugal. A primeira loja abriu a 28 de Fevereiro de 1998 no Centro Comercial Colombo e definiu a identidade de uma geração.
Primeiro uma declaração de interesses: sou fã da Fnac e até já lá trabalhei. É daquelas lojas onde podia ir todos os dias sem qualquer problema: há qualquer coisa de magnético naqueles corredores e é raro ir a um centro comercial que tenha uma Fnac e não dar lá um “saltinho”.
Durante uma época da minha vida ir à Fnac era quase um ritual. Andar pelos corredores a ver livros e CD, parar no café para lanchar, ir ver um concerto ou apresentações de livros (que também ajudei a organizar e a preparar) era uma tradição obrigatória.
Ainda hoje, como menos frequência, assumo, o cafezinho do forum do Alegro ou do Colombo é um dado adquirido, mesmo quando janto num dos restaurantes destes centros comerciais. Por falar em centros comerciais, para mim, shopping que não tenha Fnac não vale sequer visitar.
E, depois, o cheiro. Há, claramente, um cheiro nas lojas Fnac que nos faz sentir bem entre livros, CD e filmes. Aliás, desconfio que os responsáveis borrifam um qualquer gás hipnotizante que torna quase impossível sair da loja sem comprar qualquer coisa. A minha carteira não agradece, claro; mas também acho que não se devem contrariar forças e desígnios superiores.
Não tinha ideia que a Fnac já fazia parte de mais de metade da minha vida: a primeira loja abriu no Colombo, em 1998 – ou seja, são vinte anos de idas consecutivas (e inconscientes, assumo) a este mundo que eu, na altura, pensava que tinha algo a ver com a empresa nacional de ar-condicionado FNAC.
Na realidade, Fnac (origem francesa) é uma sigla que significa Fédération Nationale d’Achats pour Cadres e começou como uma loja que vendia apenas produtos para que fosse sócio. O conceito era o de oferecer descontos de 15% e tudo, para que fossem mais acessíveis a toda a classe operária gaulesa.
Actualmente, até acho que isto se mantém no conceito da Fnac: podemos ser sócios (aderentes) e, sendo assim, temos descontos em vários produtos. A loja não perdeu, por isso, a sua identidade passados quase 65 anos (este aniversário será comemorado em 2019) depois de ter aberto a primeira loja em Paris.
Em Portugal a história da Fnac é, claro, mais recente: duas décadas, contudo, já deram para abrir mais de vinte lojas – quase uma por ano desde a inaguração do espaço do Colombo.
Para celebrar estes vinte anos, a Fnac criou um manifesto e convidou vários nomes do panorama cultural português para declamar vinte frases que acabam por ilustrar momentos importantes destas duas décadas.
Adolfo Luxúria Canibal, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Camané, João Pedro Pais, Júlio Magalhães, Richard Zimler e Valter Hugo Mãe são os protagonistas de um vídeo, juntamente com colaboradores da lojas Fnac, que pode ver aqui em baixo, juntamente com o manifesto:
Um dia cresceste.
Sentaste-te no chão a ler.
Passeaste a curiosidade por cada corredor.
Passaste horas à conversa com aquele colaborador de rastas, tattoos e piercings.
Viste a Hannah Montana virar Miley Cyrus.
Aprendeste a fazer torradas à Jamie Oliver.
Fizeste do Fórum o teu Coliseu.
Conversaste com um prémio Nobel.
Festejaste cada golo na consola como se tivesses ganho um campeonato.
Decoraste todas as deixas d’O Senhor dos Anéis.
Comandaste o teu drone o mais alto que pudeste.
Encontraste todos os CD e reencontraste todos os vinis.
Tiraste 1783 fotografias no dia em que o teu filho nasceu.
Viste a FNAC chegar à cidade onde tu moras, à cidade onde trabalhas e àquela onde passas férias.
Disseste adeus ao telemóvel e olá ao smartphone.
Esperaste apenas 24 horas pelo estafeta que te levou a encomenda que fizeste online.
Assististe ao golo do Éder, sim do Éder, naquela televisão que te deu sorte.
Levaste o teu filho à loja e sentaste-te no chão a ler com ele.
Nos últimos 20 anos, o mundo evoluiu do dia para a noite e tu não lhe ficaste atrás.
20 anos FNAC. Não pares de crescer.
Veja o vídeo no canal de YouTube do TRENDY.