Ericeira: onde a luz do sol e o vento sabem sempre a Verão

Com as águas mil ainda no horizonte, mas sempre com o sol à espreita, o TRENDY pegou num Mazda CX-3 e foi até à Ericeira passar o fim-de-semana.

Nem sempre é preciso fazer 300 quilómetros para fugir ao reboliço da cidade e encontrar um lugar sem horas, onde há momentos que se cristalizam no tempo. A meia hora de Lisboa (sem pressas) é possível chegar a um lugar assim: a vila da Ericeira, uma das mecas portuguesas do surf, que ainda tem muitos segredos por descobrir.

Não vale a pena ir com tempo contado. Quase sempre com vista para o mar, com aquela luz especial que só nós temos por cá e com o vento do oeste sempre a soprar, o que conta é desfrutar de cada momento que esta jóia à beira-mar plantada tem para oferecer.

É incrível a quantidade de locais arrebatadores que é possível visitar a partir desta freguesia do concelho de Mafra, sempre no litoral. Ali ao lado estão as praias selvagens do Magoito e da Adraga, a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar, onde mesmo em dia de chuva e com as nuvens a servirem de lençol num céu azul, é possível assistir ao mais belos e envolvente por do Sol da região.


ONDE FICÁMOS

EME 6
Em nenhum hotel, hostel ou outra coisa acabada em ‘tel’. Aliás, a razão para esta road trip à Ericeira ter acontecido foi culpa do sítio onde ficámos, o Ericeira Boutique Flat. O convite ao TRENDY foi feito pelos responsáveis de comunicação, Colectivo 71.86, e pelo host do espaço, João Malaquias, que gere a byÉME.

EME

EME 5

Localizado num condomínio privado, com vista para o mar, esta casa foi preparada para receber hóspedes e decorada com uma extraordinária atenção aos detalhes: é muito fácil perceber que estamos perto do mar, pois os motivos marítimos dominam a espaçosa sala de estar.

Mas os óptimos detalhes não se fazem sentir apenas na decoração – há dois outros que temos de destacar: o primeiro, é a forma como somos recebidos, com uma garrafa de vinho tinto na sala e dois pastéis de nata, um excelente aperitivo para terminar um dia (chegámos na sexta à noite) ou começar uma tarde. Na varanda, sempre.

O outro, é o mimo que é receber todos as manhãs uma cesta de pique-nique com um belo pequeno almoço. Croissants, frutas, cereais, iogurtes, fiambre, queijo e duas variedades de pão são o que basta para nos reconfortar o estômago e apreciar a vista que nos lava… a vista.

Provavelmente não vai precisar de acender a lareira se visitar o Ericeira Boutique Flat em breve, mas como a nossa road trip foi feita no princípio de Abril não resistimos a ouvir o crepitar da lenha e das pinhas, com um copo de vinho na mão.

Mais útil será a piscina à disposição no terraço do condomínio, uma mordomia que pode servir para começar bem o dia, ou fechar uma tarde de praia, com os últimos raios de sol.

O Ericeira Boutique Flat tem apenas um quarto com uma cama de casal e uma casa de banho, mas há uma beliche bem escondida atrás de uma porta de correr a caminho da sala. A cozinha completamente equipada vai ser bastante útil para preparar uma refeição como se estivesse na sua própria casa: há micro-ondas, placa de vitro-cerâmica, torradeira, chaleira eléctrica e todos os utensílios que seriam de esperar.

A única coisa de que poderá sentir falta será o forno, mas só se se alongar na sua estada, uma vez que para uma escapadinha de fim-de-semana este problema nem sequer se coloca. Nos pontos de destaque temos ainda o Wi-Fi gratuito, o que muita gente já não dispensa quando procura um alojamento.

Com o que não se precisa de preocupar, além de ter sempre o pequeno-almoço entregue à porta à hora que combinar com João Malaquias, é o estacionamento. O Ericeira Boutique Flat dá-lhe acesso ao parque privado do condomínio, onde pode deixar o seu automóvel sem qualquer problema.

A forma mais fácil de reservar uma estada no Ericeira Boutique Flat é pelo Booking.com, aliás, é para aqui que somos reencaminhados quando visitamos o site do grupo byÉME. Como qualquer alojamento, os preços variam conforme a altura do ano: em época alta, uma fim-de-semana aqui (noite de sexta-feira incluída) pode chegar aos 250 euros.


O NOSSO AUTOMÓVEL

Mazda 1
Se quiser andar mais um pouco, pode sempre entrar em Sintra pelo lado do mar e fazer um percurso de automóvel de fazer inveja a muitas estradas do Norte de Portugal. É este o pretexto para falar do Mazda CX-3, o pequeno SUV da marca japonesa que nos acompanhou nos serpenteios que fizemos no fim-de-semana.

Na sua versão 1.5 e nível de equipamento Excellence, o CX-3 com tracção traseira foi apenas usado em estrada e contribuiu para que os passeios fossem sempre feitos com conforto e segurança. Apesar disto, ficou a sensação de que, mesmo em terreno mais acidentado, não haveria qualquer problema em pedir músculo ao automóvel.

Aliás, quando dizemos que o usámos apenas em estrada, não estamos a contar com algumas saídas para terra batida, um clássico para ter acesso a alguns miradouros e praias que abraçam a Ericeira.

À excelente resposta da direcção e da caixa, temos de juntar aquele que é, para mim, o ponto forte deste CX-3: o conforto do interior, com um habitáculo espaçoso e aquele tipo de bancos que poderiam servir perfeitamente para fazer uma longa viagem, sem queixas.

Quanto ao sistema de entretenimento, o mais útil foi mesmo a conectividade Bluetooth para que conseguíssemos emparelhar o smartphone e ouvir playlists que nos ajudaram a viajar por locais que sabem sempre a Verão, mesmo quando o tempo nos faz cara feia.

Pessoalmente, gosto de sistemas de entretenimento mais simples e esta é, talvez a crítica maior a fazer ao CX-3: há muitos botões, menus e controlos, quase sempre redundantes, que tornam a interacção com o sistema algo complicada. A destacar ainda, os consumos, fixos nos 5,4 l, bastante aceitável para os percursos que percorremos, que nem sempre foram planos e que exigiram mais força por parte do motor.


O QUE VISITÁMOS

Passeio 8
O mais difícil é andar pelas estradas desta zona e não encontrar motivos para parar, sair do carro e sentir a Natureza, os raios de sol e o vento. Ou alguma chuva, como nos chegou a acontecer.

As praias da Foz do Lizandro, da Adraga e do Magoito tem sempre uma beleza especial, mesmo quando o sol se esconde. Aqui há alguns bares onde se pode para para um café ou um chá, sempre com vista para o rebentamento das ondas e para o horizonte prateado do mar.

Outro destino que não pode faltar numa tarde de passeio é a zona das Azenhas, sobretudo se a visita for feita ao final da tarde, uma espécie de cereja no topo do bolo. Em vez de ficar a contemplar o pôr-do-Sol do pequeno miradouro que fica à esquerda do Restaurante das Azenhas, suba pelas ruas estreitas da teia de casas que fica sobre o monte.

No topo, sem filtro, pode contemplar o “grande azul” de terraços que ficam mesmo por cima do telhado das casas particulares que salpicam esta pitoresca vila, que parece saída de um presépio.

A N247 é uma boa estrada para fazer e descobrir pontos de interesse que se revelam a cada recanto. Nós, por exemplo, como gostamos de pormenores, adorámos ver as paragens de autocarro à antiga, com painéis de azulejo e num formato de casa; pode também parar para comer um pão com chouriço na Celeste Alecrim, no troço da Nacional que passa na Carvoeira e aproveitar para contemplar o vale do Lizandro.

Na vila da Ericeira, há muitas lojas de comércio tradicional que merecem uma visita. O nosso destaque vai para a mercearia a Loja da Amélia, onde se destacam os produtos biológicos e muitas mercearias gourmet e para o bazar solidário na Rua de Santo António, onde é possível encontrar antiguidades, roupa, livros, discos e quinquilharias por um ou dois euros.


ONDE ALMOÇÁMOS

Viracopos 1
Decidimos que o nosso almoço de fim-de-semana devia acontecer no centro da vila. Como gostamos sempre de optar por locais que fujam um pouco ao ambiente tradicional de um restaurante, aventurámo-nos no Wine & Tapas Bar Viracopos.

Na Rua do Caldeira, este restaurante tem dois andares, em que o térreo está muito virado para quem gosta de beber vinho a copo e experimentar vários nectares. A decoração aposta no reaproveitamento do mobiliário vintage e há pipas e portas antigas a servir de mesa.

Viracopos 2

Viracopos 4

Viracopos 5

Viracopos 6

Muito bom para petiscar (o nome ‘tapas’) diz tudo, o Viracopos tem uma boa selecção de tostas e pequenos pratos, mas foi nas sandes que nos perdemos de amores pela picanha em bolo do caco (€3,50).

O vinho a copo é obrigatório e os preços vão dos 2 aos 4 euros. Contudo, antes de uma tarde de condução pela N247, mantivemos as boas práticas e optámos pelo sumo de laranja e pela limonada, ambos no ponto.

O local é muito convidativo para aqueles almoços que começam com umas tapas e que depois vão assistindo ao desfilar de pratos e pratinhos pelas mesas até à hora do lanche.


ONDE LANCHÁMOS

KFE 1
Por nós, tínhamos ficado no Viracopos com mesa cativa durante o dia, mas o nosso espírito de Indiana Jones do lifestyle obrigou-nos a partir em busca de mais um espaço que se diferenciasse dos demais.

E nem precisámos de andar muito, uma vez que o centro da vila se revelou uma verdadeira surpresa. Na Rua de Santo António encontrámos o Kfé Coffee Shop, um pequeno café com apenas quatro mesas e uma pequena esplanada, onde nos sentimos em casa.

Com um ambiente bastante informal mas confortável, há cafés, chás e bebidas frescas para nos entreter durante um par de horas, ao mesmo tempo que pedimos uma fatia de bolo do dia.

O Machiatto (€1,5), o Capuccino (€2,5) ou o Mazagran (€2,5) são escolhas clássicas. Obrigatório é pedir a Old Timer, uma tosta com manteiga de amendoim e banana, como nós (€3,75).


ONDE JANTÁMOS

Ribeira 1
Arranjar um bom restaurante não é complicado. Mas não há nada melhor que puxar do smartphone e passar os olhos pela app que já se tornou obrigatória nas nossas saídas, a Zomato.

Houve logo um que nos saltou à vista, o Ribeira D’Ilhas, na conhecida praia com o mesmo nome. O espaço, com uma decoração agradável, muito apoiada em elementos de madeira e de traços simples, o que combina de forma harmoniosa com o ambiente.

Com um menu bastante versátil, onde não faltam os pratos vegetarianos, é fácil ficarmos indecisos entre umas Gambas à Brás ou um bom Bife de Atum com Escabeche de Pimentos da região ou um Bitoque à Moda da Taberna.

Num restaurante onde não faltam os tão em voga hambúrgueres, a nossa escolha acabou por recair mesmo em dois pratos de Massas: Spaguetti Integrale com Espinafres e Camarão (€8,10) e Noodles com Legumes (€7,60). Para beber, não resistimos aos mojitos que o restaurante serve em copos bem generosos.


COMO CHEGÁMOS À ERICEIRA?


A partir de Lisboa, são 40 minutos para fazer 36 km. Apanhámos a A8 e saíamos para a A21, a belíssima autoestrada que também nos pode levar até Mafra. A sinalização ‘Ericeira’ destaca-se pelo sinal castanho, que indica um local de praia.

Existem duas portagens neste trajecto, uma no início da A8 e outra à entrada da Ericeira, cujo custo é de 2,90 euros.


O NÓS QUE SENTIMOS

Este fim-de-semana na Ericeira foi a prova de que não é preciso muito para ser feliz e que a comunhão com os elementos da Natureza nos podem encher o coração. A luz, o vento e o mar são os tónicos perfeitos para recarregar fazer um reset e, depois, carregar baterias. O pôr-do-Sol nas Azenhas do Mar que presenciámos é único e as gotas de chuva que apanhámos fizeram-nos sentir vivos. Não há frio que arrefeça quem visita a Ericeira. Quem vem de lá assim, sabe disso.


Créditos das fotografias: TRENDY® | Às Cavalitas do Vento

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].