O realizador Luís Filipe Rocha está de volta, assinando, como é habitual, também o argumento deste filme, que estreia hoje nas salas de cinema portuguesas.
Ao entrar na sala de cinema para ver este filme, o ideal é mesmo ir com pouca informação. Na verdade, ao ler a curta sinopse – mesmo muito curta – a única coisa que vai saber é que se trata de uma «história vulcânica», com traição, roubo, fuga e vingança à mistura.
E é exactamente aí que reside a beleza deste filme, que não se limita a conjugar interpretações fortes e intensas com um cenário de encher o olho.
Joana Bárcia é Maria, aquela que podemos chamar a protagonista do filme. É a partir dela que entramos nesta narrativa, onde se está às escuras durante uma parte considerável do filme.
Começamos por não saber bem as motivações daquela mulher amargurada ou o seu objectivo. Aos poucos, recorrendo a analepses, as peças vão lentamente encaixando-se e temos uma visão de profundidade em relação a cada uma das personagens.
Se está à espera de um filme cheio de acção, não será bem este. Há momentos rápidos e emocionantes, é verdade, mas a história desenrola-se a um passo vagaroso – assim tem tempo para apreciar a fotografia, que está a cargo de André Szankowski.
O elenco é composto por Filipe Duarte, Miguel Borges e Mónica Calle, que interpretam as personagens-chave desta história.
Como já percebeu, para evitar amargos de boca e chegar ao cinema já com metade da história sabida, não dá para explicar muito mais sobre a narrativa. É uma película com o seu quê de tragédia grega, inclusive com várias referências à obra Odisseia.
Como motivos para ir ver um filme português, há um histórico de prémios (ainda que em vários casos isso não seja directamente proporcional à qualidade): Cinzento e Negro arrecadou o Prémio do Público de Melhor Filme, no Caminhos Film Festival, e no Figueira Film Art, foi considerado a Melhor Longa-Metragem, por exemplo.