Utilitários eléctricos que entusiasmem verdadeiramente durante a condução não são assim muitos. Este Peugeot 208 não é o mais acessível, mas a diversão ao volante está garantida.
Ainda esta semana escrevemos sobre o novo Citroën ë-C3, um modelo eléctrico bastante competente, mas que, na prática, é um automóvel para “consumo” urbano, que nos leve do ponto A ao ponto B. Mas, se quisermos ter uma centelha desportiva nesta equação, temos de subir de nível.
E, se a marca do duplo chevron não tem, neste momento, uma opção que se encaixa nestas expectativas, não temos de ir muito longe para a encontrar um automóvel que se possa ir ao encontra desta… garra, em modo eléctrico. Também faz parte do grupo Stellantis e chama-se 208 GT.
O leãozinho da Peugeot, impõe-se como um verdadeiro compacto desportivo, numa versão 100% eléctrica. O design exterior é pontuado com detalhes em linha com este ADN, como as jantes de liga leve Yanaka de dezassete polegadas com corte diamantado em dois tons. Em relação à versão Allure, não há dúvida que temos aqui um visual mais agressivo.
No habitáculo, o ambiente é o mesmo: sofisticado e desportivo, com uma larga faixa em fibra de carbono no tablier. Temos ainda bancos muito confortáveis revestidos em tecido Belomka e pele, com pespontos em verde Adamite, que reforçam a identidade desportiva e electrificada do do Peugeot 208 GT. A isto junta-se o volante, também adornado com costuras no mesmo tom e com a insígnia GT.
Mesmo à frente, incrustado num módulo de linhas futuristas, fica o painel de instrumentos, onde parte das informações, como o velocímetro e o medidor de potência, são projectados numa superfície inclinada, dando a ideia d que são hologramas. O resultado visual é bastante apelativo e diferenciador.
A ergonomia é, em geral, bem conseguida, com uma arrumação generosa para um utilitário: além do espaço sob o apoio de braço, há porta-copos e uma área ampla, à frente. Destaca-se ainda a prática tampa do carregador sem fios, que pode ser usada como suporte para o smartphone, um excelente detalhe. Em termos de conectividade, encontramos duas entradas USB-C à frente, uma USB-C e uma USB-A atrás, além da compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay sem fios.
Os botões físicos do ar-condicionado e dos quatro piscas evocam modelos de alta performance, com um tom metalizado e uma disposição horizontal que reforça a inspiração desportiva. Acima destes, três botões tácteis oferecem acesso rápido ao menu do AC, ao menu principal e aos sistemas de ajuda à condução, permitindo activar ou desactivar funcionalidades como assistente de faixa, reconhecimento de sinais de trânsito e controlo de tracção.
Ao nível da condução, este 208 GT eléctrico debita 156 cavalos que só se sentem de forma plena quando activamos o modo ‘Sport’. No ‘Eco’, temos o habitual neste tipo de automóveis, com a aceleração a ficar menos disponível, para poupar bateria; o equilíbrio entre os dois é o ‘Normal. Resta dizer que cada um faz mudar as cores do sistema: amarelo, cinzento e azul (porque não um verde, para o ‘Eco’?).
Outra opção bastante habitual em automóveis eléctricos, e que também estava no e-C3, é um modo adicional de travar com o motor (aqui identificado com a letra ‘B’ no selector de marca. A autonomia de quase 400 km torna-o uma opção viável para viagens, mas é preciso, claro, não abusar do ‘Sport’.
Ainda assim, o 208 GT carrega de forma relativamente rápida, com a marca a prometer «27 minutos» para ir dos 20 aos 80%. Num cenário mais pragmático, será possível recuperar «100 km de autonomia em 13 minutos». Durante os quatro dias em que conduzimos este modelo, ficámos abaixo dos consumos indicados pela marca, entre os 13,8 e 15,4 kWh/100 km. Usámos o Peugeot com todos os modos, em auto-estrada, serra e percursos urbanos e conseguimos 13 kWh/100 km.
Com um preço de entrada de 33 685 euros, o Peugeot 208 GT eléctrico não é o utilitário familiar típico. O ADN desportivo torna-o um modelo mais direccionado para jovens casais ou solteiros que queiram ter um leãozinho fácil de domar, mas com aquele ‘kick’ desportivo que torna a condução diária mais divertida.
