Björk arrasa Spotify: «Provavelmente, foi a pior coisa que aconteceu aos músicos»

Apesar de ter sido bastante crítica com o Spotify, Björk tem uma forte presença nesta plataforma de streaming sueca, com 2,5 milhões de ouvintes por mês.

©Vidar Logi
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O Spotify esteve na mira de Björk: em entrevista a um jornal sueco, a artista culpou o Spotify por “obrigar” os músicos a entrar em digressão para ganhar dinheiro.

A cantora islandesa, conhecida pela sua irreverência, criticou o Spotify e toda a indústria do streaming por ter alterado o paradigma da criação e disponibilização de músicas: «A cultura de ouvir música online mudou toda uma sociedade e toda uma geração de artistas».

Em entrevista ao jornal sueco Dagens Nyheter (que serviu para, ironicamente, promover a estreia do seu documentário Cornucopia na plataforma de streaming Apple TV+), citada pelo site NME, Björk deixou no ar o facto de os artistas terem de entrar em digressão para ganhar dinheiro, dado que os serviços online pagam mal.

«Os espectáculos ao vivo são, e sempre serão, uma parte importante daquilo que eu faço. Mas tenho sorte, porque já não preciso de fazer uma tour para ganhar dinheiro, algo que os músicos mais jovens são, muitas vezes, obrigados a fazer», acusou Björk.

Foi, depois, na sequência desta afirmação, que a cantora islandesa disse que o Spotify era, «provavelmente, a pior coisa» que tinha acontecido aos «músicos». Björk criticou ainda a cultura da saída constante de músicas e álbuns, por parte de alguns artistas.

«Só na escuridão é que se pode plantar uma nova semente. Para que a semente cresça e se torne numa planta saudável e vigorosa, é preciso privacidade. Precisas de alguns anos sem que ninguém saiba o que estás a fazer, nem mesmo tu próprio», disse Björk, numa metáfora sobre a composição de músicas.

Quando questionada sobre o seu foco actual, a cantora afastou a hipótese de fazer uma digressão e garantiu estar concentrada em criar novos temas: «Estou mais ocupada a pôr cá para fora todas as ideias que tenho. Sinto-me longe de ter terminado e o tempo está a esgotar-se. E se eu tivesse de fazer mais vinte álbuns? Dado o meu ritmo, provavelmente editarei cinco, na melhor das hipóteses, antes de morrer».

©Spotify | Bjork
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Björk tem 59 anos e lançou o seu primeiro disco, ‘Debut’, em 1993, quando tinha 27 anos. Daí para cá, a cantora editou dez álbuns, uma média de um a cada três anos. O seu mais recente é Fossora, que saiu em Setembro de 2022.

Apesar de ter sido bastante crítica com o Spotify, Björk tem uma forte presença nesta plataforma de streaming sueca, com 2,5 milhões de ouvintes por mês. Além disto, todos os seus álbuns estão disponíveis nesta app, incluindo singles, EP e versões ao vivo. A sua música mais ouvida é ‘Army of Me’ (Post, 1995) com quase 79 milhões de reproduções. No seu perfil, também é possível entrar numa área de ‘Merchandising’ onde há links para comprar discos em vinil.

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].