Será que quem nasceu entre 1995 e 2007 quer conduzir um automóvel como o ZR-V? A Honda acha que sim, até porque lhe deu o nome da geração associada a esta janela temporal.
A resposta a esta pergunta até pode ser fácil: se quem tiver entre dezoito e trinta anos, hoje em dia, quiser um automóvel que seja apenas um veículo que vá do ponto ‘A’ ao ponto ‘B’ sem stress, o ZR-V pode ser considerado.
Contudo, se a ideia for comprar um automóvel que, além de competente, seja carismático e tenha linhas marcantes, não. Este modelo, que fica entre o HR-V (que já conduzimos) e o CR-V, até pode ser ideal para um jovem, uma vez que se trata de um SUV compacto e, ainda assim, com alguma presença, mas a Honda tinha de ter arriscado mais no design para criar um daqueles modelos que ficam logo associados a uma era.
Este SUV até pode partilhar a plataforma com a décima-primeira geração do Civic, mas a Honda esqueceu-se de lhe dar aquele ar que nos deixa logo a salivar por ter um automóvel de uma marca carismática e com linhas cativantes. Aliás, é o que acontece precisamente com o Civic, que sempre soube manter esta aura.
Mas há outra questão: será que era mesmo necessário criar mais um SUV do segmento C entre o HR-V e o CR-V? Há quem diga que sim, há quem diga que não – nós alinhamos com a segunda ideia. Não há, assim, uma grande justificação para ter mais um automóvel nesta linha, muito menos com a bandeira de o associar a uma geração.
Em comparação com os HR-V e e:Ny1 (outro modelo que já passou pelo TRENDY Report), o ZR-V é o que tem o design mais mal conseguido: a frente é algo triste. Decididamente, a traseira chama-nos mais a atenção.
Durante a condução, tivemos dois sentimentos opostos: a passagem no modo EV para o motor a gasolina é quase imperceptível, o que torna toda a experiência mais suave. Porém, o cruise control adaptativo leva algum tempo a perceber a ausência de um carro que siga à nossa frente, pelo que tivemos de carregar no pedal para evitar buzinadelas de quem vinha atrás.
Por dentro, nota-se que estamos ao volante de um automóvel clássico Honda, na linha do HR-V, mas com um selector de marcha igual ao e:Ny1. O sistema de infoentretenimento, baseado num ecrã táctil de nove polegadas, está colocado no topo do tabelier, na linha do Honda Jazz Crosstar e do HR-V, com a interface igual.
Em relação aos alertas, são audíveis, mas pouco intrusivos: são três apitos curtos com sonoridade semelhante à daqueles avisos que se ouvem num avião, quando alguém chama a assistente de bordo. Nada que nos chateei muito, até são minimamente agradáveis, mas desligados ficam melhor.
O pior é que a Honda continua a esconder a opção que os descativa dentro de dois menus: ‘Configurações do Veiculo’ > ‘Configurar sistema de assistência à condução’. Preferimos a abordagem da Opel, para dar o exemplo mais recente, onde um botão físico nos leva de imediato para a área onde os podemos desligar.
No painel de instrumentos, temos uma situação curiosa de que, sinceramente, não nos apercebemos noutros modelos Honda, se é que também se verifica: quando vista de lado, a zona da esquerda e do centro tornam-se impossíveis de ver, pelo facto de ficarem desfocadas (foto em cima).
Aqui, é onde estão as informações de menu, como o fluxo de potência (indicação da carga da bateria, os consumos, GPS, música ou outras infos de condução), assim como a indicação de velocidade, de temperatura e o nível do deposito de combustível.
Nos modos de condução, destaque para a inclusão do ‘Neve’ (que não percebemos), que se junta aos tradicionais ‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’. Este selector encontra-se perto do de marcha e é igual ao do HR-V.
Aqui está tudo perfeitamente centrado, com uma coluna central tipo “ponte”, embora com uma bandeja de difícil acesso por baixo, assim como duas entradas USB-A e USB-C à direita e esquerda (há mais duas USB-C para quem for nos bancos de trás). Parece que a Honda as colocou de forma a que uma fosse para o condutor e outra para passageiro, o que não faz muito sentido.
Mais à frente está a bandeja de carregamento por indução, a entrada de isqueiro e dois compartimentos para copos e garrafas, tudo com fácil acesso. Já o apoio de braço, com o clássico compartimento, fica algo recuado, o que faz com que não seja muito cómodo. Os botões físicos são os aceitáveis – todos os de ar e AC, por baixo do ecrã, juntamente com os quatro piscas.
Para concluir, um detalhe de design de que gostámos: a zona das saídas de ar está numa faixa perfurada em alvéolos/favos que se inspira na grelha frontal ZR-V. É um pormenor que faz a diferença, mas que nos intriga ainda mais: como é que este automóvel não mereceu mais atenção por parte dos designers da Honda?
A versão que conduzimos foi a 1.5 Sport 23YM e:HEV, cujo consumo combinado prometido pela Honda é de 5,8 l/100. Contudo, e com uma condução baseada 90% no modo ‘Eco’, conseguimos terminar o período de ensaio com 4,2 l/100. Este modelo custa 49 750 euros o que não deixa de ser um valor exagerado; os pedidos de test-drive podem ser feitos no site da Honda.