Apesar de ser um eléctrico que se conduz muito bem, o Marvel R Luxury é daqueles automóveis que nunca devia ter passado num teste de qualidade.
Depois de termos testado o utilitário MG4 Luxury Long Range, quisemos saber que argumentos tinha esta marca chinesa para o segmento dos SUV eléctricos. Este, que é um dos mais competitivos do mercado, onde todas os fabricantes apostam em força, personifica-se, aqui, no Marvel R Luxury.
Por fora, sem dúvida, que estamos perante um automóvel imponente e com um design que acaba por ser cativante, embora já com muitos clichés de design comuns a muitas marcas: por exemplo, as ópticas finas à frente e a faixa que vai do lado ao outro da traseira.
Ainda assim, no exterior, o Marvel R Luxury até parece um modelo mais europeu que chinês, algo que não podemos dizer do BYD Atto 3, por exemplo. Neste caso, o modelo da MG ganha pontos, ao parecer-se muito com um Audi ou ou Volkswagen.
O pior é mesmo a experiência a bordo: não é preciso estarmos muito tempo no cockpit deste SUV para perceber que estamos sentados ao volante de um automóvel muito confuso, com o sistema de infoentretenimento menos intuitivo que já usámos.
É certo que isto se pode resolver com um update, mas não é tolerável que o desempenho de um modelo destes seja tão pobre, incluindo o design dos botões e dos menus, que parece ser um trabalho de iniciantes.
Globalmente, o sistema é lento e os comandos tácteis, por vezes, não respondem à primeira; parece que estamos a mexer num quebra-cabeças. Também mau é o facto de tudo isto ter como base um ecrã gigante vertical colocado na coluna central do Marvel R Luxury, que nos distrai e muito da condução.
Além disto, o facto de estar posicionado neste local torna-o propício a mais reflexos. A isto junta-se o facto de os botões tácteis fora do ecrã (‘Volume’ e ‘Home’) também não serem muito responsivos.
A arrumação central, por baixo da coluna, também tem falhas: é de muito difícil acesso (inclui duas ligações USB-A e isqueiro) onde é nada fácil aceder. Depois, não há base de carregamento para o telemóvel e nem há espaço para o colocarmos à nossa vista. A alternativa é usar o Apple Car Play ou o Android Auto.
Na mesma linha da consola central, estão os controlos dos automatismos de condução. Os do cruise control ficam num sítio estranho e de difícil acesso: atrás do volante, à esquerda por baixo da manete das luzes (foto em baixo). Usar esta funcionalidade é complicado, porque nunca vemos o que estamos a fazer, uma vez que estão tapados pelo volante – mais uma vez, leva a distracções.
Este comando devia estar no volante, que também não está bem conseguido: além de ter uma textura perfurada, muito datada e que dá um ar antigo a este eléctrico, tem os comandos do áudio à esquerda, a que se juntam uns que servem para mudar o que aparece no painel (basicamente, informação sobre o desempenho da condução, consumos, velocímetro); à direita, temos os da música. A configuração é, no mínimo, estranha.
Depois de um fim-de-semana ao volante do Marvel R Luxury é natural que nos acabemos por adaptar a toda esta confusão, mas este automóvel dá uma luta desnecessária ao condutor e tem no seu maior pecado um sistema de infoentretenimento muito lento, confuso e que só dá vontade de desligar.
No final, fica uma experiência que peca por falta de consistência a vários níveis, embora tenhamos gostado da condução deste SUV – era bom que tudo o resto (e os sistemas de infoentretenimento são cada vez mais o que define a nossa relação com um automóvel) acompanhasse esta boa característica do Marvel R Luxury.
Em Portugal, este automóvel eléctrico está disponível em três versões – Comfort, Luxury e Performance – com preços a começar nos 40 017 euros. A potência é de 288 cavalos e autonomia chega aos 402 quilómetros