Evandro Garcia, aluno de doutoramento da Universidade de Coimbra, liderou uma equipa que criou uma nova gama de frigoríficos e arcas congeladoras alimentados apenas com painéis solares.
Várias comunidades da África Subsariana (os países a Sul do deserto do Saara) podem receber em breve um novo tipo de frigoríficos e arcas congeladoras que não precisam de estar ligados à rede eléctrica para funcionar.
Este será o destino dos primeiros equipamentos refrigeradores alimentados a energia solar, o resultado de um projecto desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra liderada por Evandro Garcia.
Refrigerar vacinas também é um objectivo
«Nesta parte do continente africano, cerca de seiscentos milhões de pessoas não têm acesso a electricidade. Os sistemas de refrigeração são essenciais para minimizar os desperdícios de alimentos e para melhorar a nutrição das populações», diz Evandro Garcia.
Além de servirem para guardar comida, estes frigoríficos e arcas congeladoras vão ter outro papel: «A refrigeração de vacinas garante a imunização necessária das comunidades, especialmente nas zonas rurais».
A opção por painéis solares foi óbvia, tendo em conta o destino deste tipo de equipamentos, uma vez que «grande parte das regiões em desenvolvimento se encontram em zonas tropicais». Segundo o investigador principal, e aluno de doutoramento da Universidade de Coimbra, a «abundância de radiação solar faz com que o uso de painéis fotovoltaicos seja o melhor caminho para a geração de electricidade».
FCT atribui bolsa de doutoramento
Em concreto, os frigoríficos e arcas congeladoras desenvolvidos no âmbito deste projecto integram «módulos para acumulação de energia sob forma de frio ao sistema», módulos esses que foram «projectados e fabricados através de sistemas de impressão 3D e funcionam como “baterias térmicas”», explica Evandro Garcia.
Desta forma, há dois momentos de acção: «Durante o dia, usa-se a energia gerada pelo sistema solar fotovoltaico para refrigeração do interior e para acumulação de frio nos módulos acima referidos. Durante a noite a temperatura é mantida devido à libertação do frio acumulado nos módulos e o ciclo reinicia-se diariamente».
Neste momento, os resultados deste sistema parecem ser satisfatórios – a Fundação para a Ciência e a Tecnologia atribuiu uma bolsa de doutoramento para que Evandro Garcia «possa avançar ainda mais com a investigação e desenvolvimento dos protótipos», conclui a Universidade de Coimbra.