Já foi um supper club em casa de um dos fundadores, transformou-se em restaurante no início de 2019 e, agora abriu o segundo espaço: há uma nova (e maior) porta de entrada para o Japão, em Lisboa.
Quando abriu, em Março de 2019 em Lisboa, o Ajitama vinha de uma temporada em que era apenas um projecto gastronómico caseiro (um supper club) de dois amigos: António Carvalhão e João Ferreira.
A Avenida Duque de Loulé, em Lisboa foi o local escolhido para a abertura do restaurante que começou a ser um destino de “romaria” para os fãs deste prato japonês, basicamente feito com caldo, carne de porco, ovo e noodles, para simplificas a explicação – há outras versões, claro.
Quase quatro anos depois, o Ajitama dá um dos passos que faltava: a expansão para um segundo espaço, bem maior que o primeiro restaurante, com aquilo que acabam por ser duas salas. Ao todo são oitenta lugares, naquilo que se pode considerar um ‘Ajitamão’.
«Sentimos que havia oportunidade para estendermos a nossa oferta a outras zonas da cidade, onde a presença deste produto não é tão proeminente, como é o caso do eixo Cais do Sodré – Chiado», explicam os fundadores.
Aqui, um dos ex-libris (ramen à parte) continua a ser a decoração: se no Ajitama original, havia ripas rectas de madeira que se entrelaçavam para criar ovos estilizados, no ‘Ajitamão’ recupera o conceito, mas com formas onduladas: «São 267 peças de madeira cortadas em tamanhos diferentes para dar vida a um espaço que nos transporta imediatamente para o Japão», dizem António Carvalhão e João Ferreira.
Dominado ainda por uma grande parede espelhada que dá a sensação de que o restaurante é bem maior que o que parece, acaba por se perder um pouco da intimidade e “cozyness” que o Ajitama tinha na Duque de Loulé. Ainda assim, nada que afecte de forma muito negativa a experiência de degustação, muito por culpa de não haver a habitual perda de qualidade do menu, que costuma acontecer quando um restaurante tem… mais olhos que barriga.
Apesar de os ramens clássicos se manterem na carta (Shoyu ou Hakata Tonkotsu, por exemplo) há alguns ajustes: uma das principais novidades é o Kashunattsu Tantanmen, que provámos na nossa visita ao espaço, a convite dos fundadores.
Este é um ramen feito com caldo Pai Tan e “carregado” com o molho picante caseiro do restaurante; esta tigela traz ainda sementes de sésamo torradas, o clássico ovo Ajitama, a Niku-miso (carne picada picante), cebolo japonês (negi), cebola roxa e cajus torrados.
Outra estreia na carta vai agradar mais aos seguidores da dieta vegetariana: o Rustic Vegan, descrito como um «ramen cremoso», chega à mesa com um caldo feito à base de miso vermelho e branco. Aqui, a proteína animal é substituída por tofu, enrolado em couve roxa e rebentos de soja. A flor de lótus, as cenouras baby, cogumelos e as alga nori completam este “jardim” do Ajitama.
Nas entradas, as gyozas continuam a ser um valor seguro – leves, tenras e cozinhadas no ponto. Contudo, os novos Padron Togorashi, pimentos padrón cozinhados com um «estilo nipónico», como descreve o restaurante, poderá ser um desvio interessante em relação ao que é habitual, no Ajitama.
Para sobremesa, o restaurante decidiu optar pela máxima ‘em equipa que ganha, não se mexe’ – a “estrela” continua a ser o Bolo de Matcha com Chocolate, num “plantel” que ainda conta com a Tarte de Abóbora Hokkaido, o Cheesecake de Matcha e os bolinhos Mochi com vários sabores.
Finalmente, uma nota para os cocktails, onde há cinco novas opções em relação ao menu do restaurante original: Shiro Budo Gin (gin, vinho do porto branco, shochu, erva príncipe, uva verde e limão), Sakerinha (de maracujá ou ananás), Kyuuri Dorinku (shochu, vodka, Lillet Blanc, pepino e limão), Yatagarasu (shochu, gin, Cynar, sumo de lima, hortelã, tomilho e cerveja) e Rozumari (gin, toranja e alecrim).
Este último, que provámos, será mais indicado para quem goste de ficar com um travo mais sour na boca, uma vez que a toranja e o alecrim acabam por criar uma bebida um pouco amarga, que talvez precisasse de um elemento doce para dar algum equilíbrio.
Entrar neste novo Ajitama da Rua do Alecrim continua a ser um dos bilhetes mais fáceis de “comprar” para dar um saltinho ao Japão. Detalhes como as pequenas máquinas de arcade e os livrinhos de mangá continuam a dar ambiente à casa – até as casas de banho têm um dos elementos mais reconhecidos da cultura japonesa: sanitários recheados de tecnologia.
O menu, com os ajustes e reforços típicos de uma nova abertura, garante que há várias opções para todos os gostos, assim como uma diversidade suficiente para quem quer ir além do ramen. A pergunta que fica é: depois de Lisboa, para quando o Ajitama à moda do… Porto?