O surto de Coronavírus em Portugal fez com que todos os eventos fossem adiados, para evitar o risco de contágio. O Lisbon Awards Group foi um dos grandes afectados com este “tsunami” e exige medidas de apoio ao Estado.
Quando os casos de COVID-19 começaram a disparar em Portugal, os eventos de Março, e alguns de Abril, começaram a cair em efeito dominó. Todos os dias era anunciado o cancelamento ou adiamento deste género de acções: uns com nova data, outros por confirmar.
O Lisbon Awards Group, responsável pelos Prémios Lusófonos da Criatividade, o Cascais Marketing Summit ou os Law Summit de Lisboa e Porto, foi um dos organizadores que mais sentiu na pele o efeito ‘COVID-19‘. O seu co-fundador João Gomes de Almeida mostra confiança na recuperação do sector, mas exige acção do Estado para ajudar as empresas a ultrapassar este momento.
Quando começaram a perceber que este caso era mais sério que o que se previa?
De início, visto uma parte significativa dos nossos eventos terem menos de meio-milhar de pessoas na assistência, pensámos que não seríamos muito afectados – pelo menos tendo em conta as orientações da DGS, à época, quanto à realização de eventos fechados.
A verdade é que a comunicação social, os políticos e as entidades competentes desdramatizaram imenso a situação na fase inicial e contribuíram para criar um falso sentimento de segurança junto das empresas.
Nunca ninguém nos disse que o cenário que vivemos hoje seria o mais expectável, visto o que estava a acontecer já em todo o mundo. Mas nas últimas semanas é óbvio que percebemos que as coisas não podiam correr bem.
Temem que os eventos adiados não sejam realizados? Isto pode depois ser usado como uma desculpa para a contenção de custos?
Os nossos eventos serão todos realizados – embora tenham sido adiados. Temos um compromisso com o nosso público e com os nossos patrocinadores – é um elo de confiança que nunca iríamos quebrar e que demorou sete anos a criar.
Da parte das marcas não creio que vá haver contenção de custos. Não faz sentido haver contenção de custos. Se nós, empresários, começarmos a conter custos o pânico irá instalar-se na economia e cairemos em recessão.
Os directores de marketing, os ‘C’ levels das empresas, principalmente das grandes, têm de ter uma posição de força e injectar esperança na economia. Fica o apelo público para que isso aconteça: patrocinem eventos!
A realização de eventos com recurso a streaming é uma hipótese válida e com a mesma eficácia? Quais as vantagens e desvantagens?
Vamos fazê-lo com a entrega de prémios dos Prémios Lusófonos da Criatividade. Neste caso, vai ser algo realmente único na indústria e mais uma vez vamos estar na liderança da inovação no sector. Nascemos em 2012 no pico da crise e nada, nem ninguém, nos ia fazer abrandar.
O que esperamos é que as agências, produtoras e profissionais digam ‘presente’ a esta chamada. Só de braços dados é que seremos capazes de dar a volta a isto. E há vantagens óbvias, antes de mais o facto de qualquer pessoa em qualquer canto da lusofonia poder assistir ao evento.
As estratégias de comunicação, com recurso a eventos, vão mudar nos próximos tempos – pode nascer um novo mercado, como o dos micro-eventos? Qual é a vossa previsão?
O que faz sentido no dia de hoje é termos a nossa equipa em casa, apelar a todas as empresas que façam o mesmo e juntos conseguirmos travar este vírus. Os eventos vão continuar a existir, os muito grandes, os médios, os pequenos e os micro também. Esta indústria não vai morrer.
Como pode o Estado ajudar?
Vivemos tempos de emergência na saúde pública, mas também ao nível social e ao nível das empresas. O sector dos Eventos, a par do turismo e da restauração, é um dos mais afectados. É urgente que o Estado para já faça o óbvio nesta situação: suspenda de imediato todas as contribuições fiscais e de segurança social destas empresas.
Também os bancos deveriam optar por suspender as cobranças às empresas destes sectores. São empresas que contribuem com milhões para os cofres do Estado e dos bancos – está na hora de nos ajudarem agora a nós.
O que é que a Lisbon Awards Group vai fazer, em concreto, depois desta situação? Qual vai ser o vosso plano B?
Vamos continuar a trabalhar a todo o gás. Reagendámos alguns eventos e lançar novos projectos em breve – um deles já para a semana. O nosso plano A, B, C, D é sempre de fuga em frente. O nosso espírito perante a adversidade é responder com mais empenho, profissionalismo e trabalho.
Que conselho dariam às empresas que tiveram de cancelar eventos para fazer comunicações imediatas?
A estratégia é simples: honestidade total. Qualquer consumidor percebe a gravidade do que se está a passar. Perante isto o que há a fazer é simples: parar, reorganizar e voltar à luta.