O novo C3 Aircross chega a Portugal com uma missão: atacar um dos segmentos mais disputados, o dos B-SUV, onde o Dacia Duster é uma das referências.
Tal como aconteceu entre gerações do C3, o design foi alvo de uma mudança radical em relação ao anterior Aircross (imagem em baixo). As linhas arredondadas e de ar simpático deram lugar a um estilo mais quadrado e robusto, inspirado no protótipo Oli.
Esta transformação vê-se nos faróis traseiros 3D em forma de C, no pára-choques dianteiro proeminente e em toda a postura do SUV, que transmite uma maior solidez. A sensação que nos dá ao comparar os dois modelos é que o anterior Aircross tinha ar de um daqueles brinquedos para bebés e que este é mais um daqueles modelos de colecção da Burago.
Nesta plataforma da Citroën, partilhada com o Opel Frontera, temos mais quase quarenta centímetros que o C3 (que já testámos em versão eléctrica e a gasolina), o que nos garante outra presença em estrada, mais musculada, e mais espaço interior. Não há dúvida de que este Aircross tem mais ar de quem pode ser usado para outras aventuras.
A versão que tivemos oportunidade de conduzir foi a intermédia, a Plus, equipada com motorização MHEV a gasolina de 145 cv, que combina o motor 1.2 PureTech de três cilindros com uma bateria de 48 V. Segundo a Citroën, até 50% da condução em cidade pode ser feita sem recurso ao motor a combustão, embora não exista no computador de bordo qualquer indicador claro dessa proporção.
A única forma de vermos a relação entre o bloco eléctrico e o a combustível é um gráfico simplificado no head-up display que mostra a interação entre motor térmico e bateria em tempo real. Aqui, faria mais sentido se tivéssemos acesso à autonomia eléctrica em tempo real.
Em estrada, o Aircross revelou consumos médios oficiais de 5,3 l/100 km, ainda que no ensaio real tenhamos registado 6,4 l/100 km ao longo de 344 quilómetros percorridos. Já com o depósito cheio, a autonomia anunciada rondava os 650 km, o que se pode considerar aceitável para um modelo desta gama.
O habitáculo mantém a filosofia já vista no C3, com a C-Lounge da Citroën a criar um ambiente acolhedor. Os plásticos rígidos estão bem integrados, há tecido aplicado nas portas e uma faixa dourada no tablier que acrescenta um toque diferenciado – o estilo de interior Urban Bronze está incluído no preço.
Os bancos em tecido são confortáveis, há espaço generoso atrás e a bagageira, com dois níveis de arrumação, destaca-se pela versatilidade. Existe ainda a opção de configurar este SUV com sete lugares, um extra de 700 euros que pode ser decisivo para algumas famílias.
Encontramos ainda um volante em polipele, um ecrã táctil central de 10,25 polegadas e jantes de aço de 17 polegadas com acabamento Sylvanite, estas últimas um extra de 750 euros. A cor escolhida, Cinzento Mercure, acrescenta mais 700 euros ao preço final, que parte dos 23 389,99 euros.
Em termos de conectividade, esta versão Plus não tem base Qi para carregamento sem fios, nem navegação integrada de série, o que obriga a recorrer ao smartphone para aplicações como Google Maps ou Waze através do Android Auto e CarPlay sem fios. No entanto, dada a qualidade superior destas soluções face à maioria dos sistemas nativos, a falta de navegação acaba por não ser um problema relevante.
No que respeita à arrumação, temos obviamente mais soluções que no C3, com destaque para o alçapão sob o apoio de braço dianteiro. O que se mantém é a bolsa superior para smartphones nas costas dos bancos dianteiros. Há ainda entradas USB-C à frente e atrás, além de uma tomada de 12 V, opções suficientes para um modelo deste tipo.
Quando comparado com o Opel Frontera, o “primo” com quem partilha a base técnica, o Aircross posiciona-se como uma proposta mais acessível, já que o Opel arranca nos 25 mil euros. Ainda assim, o Frontera surge mais avançado em termos tecnológicos, com um painel de instrumentos digital mais informativo. No Citroën, o head-up display cumpre a função, mas deixa a sensação de que poderia ir mais longe.
Depois de pesados todos os argumentos, o C3 Aircross Híbrido 145 cv pode ser uma escolha inteligente para quem procura uma boa relação entre espaço, eficiência e preço competitivo num SUV do segmento B – lembre-se que o Dacia Duster Hybrid 140 está nos 27 450 euros.