O terceiro dia do Festival de Vilar de Mouros foi um verdadeiro mosaico de estilos e emoções, refletindo a diversidade que tem caracterizado este evento.
Desde o indie rock nacional dos Capitão Fausto até à energia electrónica e provocadora dos Die Antwoord, passando pela vibrante festa dos Crystal Fighters e pela nostalgia melancólica dos Ornatos Violeta, o dia trouxe momentos que podem ficar para a história deste festival quase sexagenário, apesar de, mais uma vez, não ter enchido completamente o recinto.
Capitão Fausto: um festival de singles para poucos, mas bons
Os Capitão Fausto subiram ao palco com a serenidade de quem sabe que tem um público fiel. Embora o número de presentes não fosse elevado, a devoção dos que se posicionaram à frente das grades foi inquestionável.
A banda ofereceu um alinhamento que passeou entre o mais recente trabalho, “Subida Infinita”, e os clássicos que definiram a sua carreira. Temas como “Amanhã Tou Melhor” e “Teresa” foram recebidos com entusiasmo, enquanto Tomás Wallenstein, alternando entre o piano e a guitarra, conduzia a performance com uma energia cativante.
Uma nota que ficou deste concerto foi a facilidade surpreendente com que foi possível chegar à frente, um testemunho da modesta dimensão da audiência. ‘Poucos, mas bons’ parece ser a experssão que melhor descreve o público de Capitão Fausto, nesta noite.
Crystal Fighters: uma rave de luz e cor em Vilar de Mouros
Quando os Crystal Fighters subiram a palco, o ambiente mudou radicalmente. Desde os primeiros acordes de “LA Calling”, ficou claro que o espectáculo seria uma explosão de luz e cor. A meio da atuação, com “You & I”, a banda criou um momento de euforia coletiva, fazendo parecer que o Sol tinha voltado a nascer em Vilar de Mouros, já de noite.
A energia contagiante de Sebastian Pringle e companhia transformou o recinto numa rave ao ar livre, com o público a dançar efusivamente. Apesar de um momento mais calmo com “At Home”, a festa rapidamente retomou o seu ritmo frenético com “Love Natural”, culminando num final épico ao som de “Plage”. Este foi, sem dúvida, um dos concertos mais vibrantes do festival.
Ornatos Violeta: o carinho “inexplicável” de um público fiel
A chegada dos Ornatos Violeta ao palco foi o momento que finalmente encheu o recinto. Há algo quase inexplicável na relação entre a banda de Manuel Cruz e o seu público, uma ligação que transcende o tempo e as modas.
O concerto foi um mergulho na melancolia, com temas como “Dia Mau” e “Ouvi Dizer” a ecoarem pelo recinto, com uma nostalgia que tocou fundo em muitos corações. Pela primeira vez, a banda foi acompanhada por um quarteto de cordas, numa homenagem aos quarenta anos do álbum “O Monstro Precisa de Amigos”.
Esta novidade deu uma nova profundidade ao som dos Ornatos, com “Capitão Romance” a destacar-se como um dos momentos mais emocionantes da noite. Embora o tom do concerto fosse predominantemente depressivo, a verdade é que os Ornatos Violeta continuam a cativar como poucas bandas conseguem, mantendo o seu lugar especial no coração dos fãs.
Die Antwoord: a explosão final de energia provocação
O encerramento do terceiro dia coube aos Die Antwoord e a banda sul-africana não desapontou. Pela primeira vez em Portugal, o duo Ninja e Yo-Landi Vi$$er trouxe ao palco a irreverência e o caos controlado que os tornou famosos.
A interacção com o público foi constante e genuína, com Ninja a declarar o seu desejo de se mudar para Portugal, para delírio dos fãs. A ausência de “Evil Boy”, um dos seus maiores sucessos, foi notada, mas rapidamente esquecida quando “Enter the Ninja”, o tema que os catapultou para a fama, encerrou o espectáculo, antes do encore.
Acompanhados pelo DJ Hi-Tek, os Die Antwoord tiveram uma performance que foi, sem dúvida, a mais surpreendente e intensa dos três dias do festival. Resta saber se o dia final conseguirá rivalizar com esta verdadeira bomba de energia.
O que fica do terceiro dia de Vilar de Mouros?
O Festival de Vilar de Mouros, neste terceiro dia, mostrou a sua capacidade de reunir uma variedade de sonoridades que, embora diferentes, conseguiram criar um conjunto harmonioso e memorável.
Apesar das dificuldades em atrair grandes multidões, a qualidade das actuações não deixou dúvidas quanto ao talento dos artistas e à paixão dos fãs. O último dia promete, mas será difícil superar o que já foi vivido.
O TRENDY Report viajou até Vilar de Mouros num Nissan Juke cedido pela Salvador Caetano.