Quase a fazer quinze anos, o Juke teve apenas duas gerações, embora com vários facelifts pelo caminho. Em 2024, a Nissan voltou a aprimorar este modelo – testámos a versão topo de gama.
O Juke era, até há bem pouco tempo, um daqueles automóveis que se ama ou odeia, fruto do seu design que cortou com muitas das convenções do mercado. Contudo, a mais recente geração, lançada em 2019, aproximou-o mais da “linguagem” de outros Nissan, em concreto o Qashqai, tornando-o um modelo mais… consensual.
Assim, esta actualização estética deu ao Juke uma presença mais robusta e “confiante” na estrada, uma evolução significativa em relação à versão anterior. Este modelo tem um visual mais agressivo, que sai reforçado pela versão que testámos: Iconic Yellow e Solid Black, com jantes Akari de 19 polegadas, em preto, que chegou a Portugal em Maio.
Este foi o nosso teste mais completo: experimentámos este Juke durante sete dias (normalmente, os automóveis são emprestados pelas marcas durante três ou quatro), com a viagem mais longa que já fizemos ao volante de um automóvel, num ensaio.
Foram quase mil quilómetros entre Lisboa e Vilar de Mouros (o Juke acabou por ser a viatura “oficial” da reportagem que fizemos neste festival no Minho), com vários percursos nesta região, entre Moledo, Caminha e Vila Nova de Cerveira.
Ou seja, a nossa “Abelha Maia” voou por quase todo o tipo de condições possíveis (auto-estradas, estradas secundárias, zonas de mato e terra batida) – só faltou mesmo levar o Juke para o areal de Moledo.
No final, ficou a ideia de que este modelo é mesmo um “todo o terreno”, com prestações muito consistentes nestes vários ambientes, fruto da sua agilidade e disponibilidade, embora seja preciso escolher bem o modo de condução para cada estrada.
No Juke, temos três: ‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’. O primeiro é ideal para a cidade, mas insuficiente para a condução em auto-estrada ou em pistas mais exigentes, como estradas de serra. Se o escolhermos o ‘Eco’ nestas condições, o Juke torna-se demasiado lento, com uma resposta que pode ser frustrante para quem quer ver tudo a acontecer mais depressa.
Por outro lado, o ‘Sport’ transforma a experiência de condução, com uma resposta mais directa e envolvente. Mas, aqui, é preciso ter muito atenção aos consumos, pois o combustível vai começar a esfumar-se rapidamente: no final do teste registámos um consumo de quase 7,5 l /100 km, um valor muito longe dos 4 l/100 km, apregoado pela Nissan.
No interior, o Juke tem uma oferta consistente de comandos físicos tradicionais para climatização e áudio. Contudo, a disposição dos primeiros poderia ser mais intuitiva: os primeiros estão numa posição inferior e algo escondida. Já os de áudio estão mais bem posicionados, numa prateleira logo abaixo do ecrã principal que, por sinal, é muito generoso: 12,3 polegadas.
Os alertas de segurança no Juke são, geralmente, pouco intrusivos, excepto o que soa quando passamos o limite de velocidade: quatro bips altos, difíceis de ignorar. Não parece haver uma forma de desactivar este alerta, mas se formos rápidos, podemos carregar no botão “Ok”, no volante, para acabar com esta “sinfonia”. Contudo, é possível silenciar todos os outros, como o de alerta de colisão ou o de saída de faixa, sem sinalização, através do menu respectivo.
Já o painel de instrumentos é aquilo a que podemos chamar um ‘clássico’, com o velocímetro e o conta-rotações circulares, a imitar os seus congéneres analógicos. Aqui, gostávamos de ter visto variações de cor consoante o modo de condução seleccionado; ainda assim, a informação exibida é clara e fácil de entender, o que facilita a “leitura”.
Uma coisa que gostávamos mesmo de ver mudada é o volante, que nos parece desproporcionado para o tamanho do Juke. Uma solução mais compacta teria sido preferível, o que iria melhorar a ergonomia e a manobrabilidade geral desta SUV crossover compacto.
No que respeita à arrumação de acessórios, a consola central oferece um espaço algo limitado: temos dois porta-copos/garrafas e um compartimento sob o apoio de braço, mas o acesso a este último é algo complicado, dado que está localizado muito para trás.
Em termos de conectividade, o Juke está bem equipado: são três opções de ligação na frente (USB-C, USB-A e isqueiro) e duas portas USB iguais para os passageiros traseiros. O Apple CarPlay funciona sem fios, o que é sempre uma mais-valia; por isso mesmo, é óptima a opção por um carregador Qi, localizado à frente, na consola central.
Um dos grandes destaques do cockpit são as colunas Bose integradas nos apoios de cabeça dos bancos desportivos, que nos dão uma experiência sonora imersiva (ao todo, pelo cockpit, são dez altifalantes). De resto, o Juke tem um ambiente espaçoso nesta sua nova versão, que contrasta com o habitáculo claustrofóbico das primeiras versões.
Finalmente, temos de falar na bagageira, um elemento crucial quando falamos em viagens longas, com mais pessoas: dois sacos-cama, três mochilas e mais alguns sacos chegaram para encher o Juke. Nos bancos traseiros levámos ainda uma tenda e duas pranchas de bodyboard, pelo que dar boleia a uma terceira pessoa seria muito complicado, senão mesmo impossível.
O novo Nissan Juke apresenta-se como uma evolução significativa face ao seu antecessor, com um design mais agressivo e melhorias no conforto e tecnologia. No entanto, o desempenho em modos de condução mais económicos e alguns detalhes ergonómicos (como o volante e a arrumação), deixam espaço para melhorias.
No geral, o Juke continua a ser uma opção interessante para quem procura um crossover compacto com estilo e carácter, mas temos de ligar o modo ‘Sport’ para termos uma condução mais dinâmica. A versão que conduzimos foi a 1.0 DIG-T N-Sport de 114 cavalos com caixa automática de seis velocidades (E6D) com embraiagem dupla (DCT), cujo preço é de de 34 900 euros. Os pedidos de test-drive podem ser feitos no site da Nissan.