À primeira vista, o Ariya nem parece um Nissan, apesar de ter laivos de Qashqai. Este modelo é, contudo, mais irreverente que o “clássico” da marca japonesa.
A primeira impressão que tivemos quando nos entregaram o Ariya para teste foi a de que estávamos na presença de um modelo futurista. A frente fez-nos lembrar uma nave de Star Wars, uma ideia com que já tínhamos ficado dos anúncios que vemos na TV.
Na realidade, o Ariya tem esse apelo: ao contrário do Qashqai, que tem um design mais conservador (embora a versão mais recente contrarie um pouco esta ideia), este SUV eléctrico é mais irreverente, embora nos dê um conforto familiar que falta a alguns automóveis.
Ainda que seja imponente, com uma frente que faz virar pescoços, a traseira está uns furos abaixo, apesar de também ter um toque agressivo. Isto é conseguido devido às arestas salientes e proeminentes, sobretudo das ópticas. A “asa” dá-lhe um ar mais desportivo, mas a Nissan podia ter arriscado mais.
No interior, experimentámos botões muito duros na consola central, como o que serve para abrir porta luvas central ou seleccionar o modo de condução, em contraste com os tácteis e hápticos para o AC que por baixo do ecrã. Os controlos do cruise control também acabam por ser pouco intuitivos, além de estarem misturados com os de chamada e alta voz.
As marcas têm de perceber que há que fazer uma divisão deste tipo de controlos, algo que já criticámos noutros modelos: tudo o que respeita a música e chamadas deve ficar separado dos apoios à condução. O Ariya desilude neste ponto.
Uma falha incompreensível está no facto de a bandeja do porta luvas central, quando abre, bater nas pernas do passageiro. Aconteceu-nos duas vezes, durante o nosso ensaio, quando viajámos com pessoas de estatura alta.
É verdade que é possível por o banco um pouco para trás para que isto não aconteça, mas esta não devia ser a solução óbvia. Talvez numa próxima versão do Ariya, a Nissan possa criar uma bandeja mais estreita nesta zona, até porque há outra mais ‘tradicional’ à frente ao passageiro.
Apesar disto, há detalhes muito interessantes no Ariya: por exemplo, a coluna central para apoio de braços é deslizante, o que faz com que possamos dar primazia ao descanso ou a ter mais espaço à frente e aceder ao suporte que fica em baixo. Aqui, é onde podemos colocar um smartphone e enrolar um fio de carregamento num apoio especial.
Nas ligações físicas, o Ariya também está bem servido: temos USB-A e USB-C à frente, mais a tradicional “porta” de isqueiro. Para passageiros, também há USB, a que se junta uma útil opção de aquecimento de bancos, na versão que conduzimos.
Para seleccionar a marcha, a Nissan optou por um controlo deslizante, também “assente” na consola central. Neste campo, há formatos para todos os gostos, desde botões, selectores atrás do volante e manetes a imitar as mudanças tradicionais. A solução do Ariya não é das piores que já experimentámos e acaba por estar em linha com o conceito mais futurista deste SUV.
O aspecto futurista continua a saltar à vista no habitáculo noutro detalhe de que gostámos: na malha perfurada que domina o cockpit e que se ilumina. Os menus também são o reflexo desta abordagem: bem animados e com elementos gráficos que se ajustam à realidade do Ariya.
Por exemplo, o ecrã que usamos para regular o aquecimento/AC mostra uma representação fiel dos bancos e gráficos que mostram os fluxos de ar, para termos uma ideia do que acontece na realidade. O sistema de infoentretenimento tem ainda uma vantagem assinalável: cria uma rede Wi-Fi para ligar o iPhone e oferecer Apple Car Play sem fios.
O desempenho em condução é marcado por uma direcção assertiva, acelerador bastante disponível e óptima sensação de segurança em velocidades mais elevadas. O Ariya movimenta-se de forma bastante ágil e não parece ser um SUV com as dimensões que tem: quase 4,5 metros de comprimento.
Apesar de ser um automóvel que pode ser comprado a partir de 34 mil euros, se o formos recheando com extras (como acontece com a versão B9 87kWh e-4ORCE Evolve que conduzimos), o preço começa a subir vertiginosamente e a “acelerar” para longe de outras propostas semelhantes: esta versão custa 68 mil euros.
Resta dizer que, segundo a Nissan, a autonomia em ciclo urbano é de 616 Km e, em combinado, de 509 km. O SUV eléctrico Ariya pode ser configurado no site da marca japonesa, onde também é possível marcar um test-drive.