A ideia surgiu de três amigos interessados nesta vertente artística «pouco conhecida do circuito cultural português». Há dois filmes para ver, uma aula, um concerto e conversas com o público.
Em Março, a Casa do Comum (Bairro Alto) e a livraria Ler Devagar (Lx Factory) recebem a primeira edição do Transcinema Comum, um curto ciclo de cinema expandido. Mas, final, o que cinema expandido? A expressão terá sido cunhada pelo professor e crítico Gene Youngblood, que escreveu um livro com o mesmo nome nos anos setenta.
A teoria de Youngblood centrava-se no facto de o cinema se ter reconfigurado devido ao cruzamento com outras formas de arte e media: o resultado foi a abertura do cinema à experimentação e a consequente exibição em espaços que fugiam ao tradicional – ou seja, inconvencionais.
Este é mesmo um dos adjectivos que melhor se aplica ao cinema expandido, a que se pode juntar ‘disruptivo’; claro que, ao mudar a forma de fazer e exibir cinema, estas obras questionam a expressão artística, dando azo a discussões filosóficas e conceptuais sobre a sua produção e apresentação.
É um pouco isto que se vai discutir no Transcinema Comum, um ciclo de três dias (22, 23 e 24 de Março) idealizado por Joana Pinho, Miguel Ribeiro e Pedro Rogado, a que se associou Luísa Homem, realizadora da Terratreme, formando um colectivo: «Queremos estudar, analisar, criticar e revisitar o Cinema Expandido de uma forma prática e teórica».
Os organizadores dizem que este é um campo ainda pouco conhecida do circuito cultural português» – entre as poucas iniciativas nacionais que abordaram este conceito estão a exposição Feixe de Luz: Escultura Projetada, Cinema Exposto (2022) e o ciclo Cinema Expandido, organizado pela Faculdade de Belas Artes do Porto (2018).
Um primeiro passo é, então este ciclo: o destaque vai para sessões com dois filmes mudos, Aelita (1924 – trailer em cima) e Haxan (1922), que vão ser musicados pela banda chilena Shaolines del Amor, na Casa do Comum.
O programa do Transcinema Comum inclui ainda uma aula projectada com Luís Mendonça (crítico do site À Pala de Walsh), uma videoconferência com Greg Pope (fundador dos coletivos cinematográficos experimentais Situation Cinema e Loophole Cinema) e uma conversa com os organizadores. O programa completo está aqui.