Crítica Expanse (temporada 6): todas as coisas boas têm de acabar. Mesmo a melhor série de ficção científica do século XXI

No diz 10 de Dezembro, a Amazon Prime Video estreia a sexta e última temporada de The Expanse: a mais curta desta série, com apenas seis episódios… e que episódios!

Esta série, baseada nos livros com o mesmo nome de James S. A. Corey (o pseudónimo de Daniel Abraham e Ty Franck), começou a sua “viagem” no SyFy, que produziu e emitiu as primeiras três temporadas. Depois de o canal a ter cancelado, os fãs fizeram uma campanha online e, algum tempo depois, a Amazon comprou os direitos e prosseguiu com a produção.

Para quem não conhece, a melhor definição de The Expanse que consigo dar é uma espécie de western/história de espiões/policial que se passa no sistema solar. Nesta história, três facções (Terra, Marte e os Belters – as pessoas que vivem espalhadas pelos asteróides e luas que povoam o sistema solar) competem pela supremacia sobre a humanidade. Mas um factor externo vai mudar todo o equilíbrio de poderes no sistema solar e baralhá-lo completamente.

Embora as primeiras duas temporadas tenham seguido os livros mais de perto, a série nunca foi uma adaptação completa. Há personagens que ganham mais importância que a que têm nos livros; outras são importantes nos livros e relegadas para segundo plano na série; depois, há várias personagens que nunca existiram nos livros, mas que aparecem na série.

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©Amazon | Amos Burton (Wes Chatham) e Naomi Nagata (Dominique Tipper).

Nos livros, a história é contada em nove volumes e a da quinta temporada ficou, mais ou menos, no final do sexto livro – Babylon’s Ashes’.

Esta temporada acabou com o planeta Terra dizimado por um ataque levado a cabo por Marco Inaros, que usa asteróides para causar um efeito semelhante ao de uma guerra nuclear. Na sequência deste acontecimento, a Secretária-Geral das Nações Unidas (o governo do planeta Terra), Chrisjen Avasarala tenta encontrar soluções para os sobreviventes do cataclismo.

A sexta temporada de The Expanse é a mais curta a série, com apenas seis episódios: mas que episódios! Como leitor ávido dos livros que deram origem a esta série, no início tinha algumas dúvidas de que fosse possível “fechar” a história em tão poucos episódios, mas enganei-me.

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©Amazon | A jornalista Monica Stewart (Anna Hopkins) e o capitão da nave Rocinante, James Holden (Steven Strait).

As batalhas espaciais são das melhores de toda a série e as interpretações são de primeira, alternando entre sequências de acção e cenas mais dramáticas, em que vem ao de cima a ligação entre os actores, que só é possível quando se trabalha em conjunto durante muito tempo.

Por falar de batalhas espaciais, apesar de The Expanse ser completamente ficcional, tem um nível de verosimilhança que poucas séries deste tipo têm (ou tiveram). Os movimentos das naves são completamente credíveis, não há armas de raios, mas há muitas balas, mísseis e asteróides.

Outro dos aspectos que fizeram desta série um sucesso são as personagens. E gostaria de destacar duas: Chrisgen Avasarala, interpretada por Shohreh Aghdashloo e Camina Drummer, um papel desempenhado por Cara Gee. A primeira é uma burocrata pouco convencional e sem papas na língua; a segunda, uma capitã que faz o que é preciso e tem uma força interior invulgar.

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©Amazon | Shohreh Aghdashloo interpreta Chrisjen Avasarala, a secretária-geral da ONU.

Uma nota para Amos Burton (Wes Chatham), o músculo da tripulação da nave Rocinante e uma espécie de filosofo. No geral, todas as personagens estão muitíssimo bem escritas e interpretadas.

Embora, como disse, tenha sido possível comprimir satisfatoriamente o final da série em apenas seis episódios, se a série tivesse mais seis teria sido possível dar um pouco mais de importância a determinadas interacções entre personagens. The Expanse foi, desde o início, uma excelente surpresa no panorama das séries de ficção científica e confesso que já lhe sinto a falta. Acho que vou ver tudo outra vez desde o início.

É director da PCGuia há alguns anos e gosta de tecnologia em todas as suas formas. Está neste mundo muito por culpa da sua curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica. Vem ao TRENDY de vez em quando dar um toque mais mais geek e sci-fi.