Dois engenheiros italianos arranjaram forma de converter uma máscara de mergulho para ser usada com ventiladores, nos hospitais onde se tratam doentes com a COVID-19. O exemplo foi seguido pela República Checa.
Este é um daqueles casos em que a criatividade e o engenho de alguns profissionais nos conseguem surpreender. Com a falta de equipamento dedicado para ajudar a respirar doentes infectados com o novo Coronavírus SARS-CoV-19, a solução foi adaptar uma máscara de snorkeling a um ventilador.
Foram os engenheiros Cristian Fracassi e Alessandro Romaioli, de Brescia (no norte de Itália, a região mais afectada pelo surto do SARS-CoV-19), que criaram uma válvula em 3D, que se coloca no topo das máscaras EasyBreath da Decathlon, para fazer a ligação com os aparelhos dos hospitais.
Hospital onde foi apresentada a válvula pediu logo cem unidades
Cristian Fracassi e Alessandro Romaioli trabalham na empresa de impressão 3D Isinnova e foi aí que conceberam a pequena peça que se adapta a este acessório de lazer, que agora foi convertido numa máscara de ventilador. O download do ficheiro de impressão deste projecto pode ser feito livremente no site da empresa.
Os dois engenheiros contam como foi o processo de criação: «Começámos a trabalhar cheios de adrenalina e fizemos quatro cópias do protótipo das válvulas. Levámo-las a um médico que as testou no hospital de Brescia e funcionou tudo tão bem que nos pediu 100. Voltámos à empresa e fizemos mais 100. Depois outros hospitais souberam e pediram-nos também».
Depois de Cristian Fracassi e Alessandro Romaioli terem criado uma válvula numa impressora 3D para acoplar à EasyBreath, houve um grupo de entusiastas de tecnologia e empresas de TI chamado Covid19cz (criado para encontrar soluções parta ajudar no combate ao Coronavírus) que também usou a EasyBreath como base para criar uma solução hospitalar.
Grupo checo cria filtos militares superiores à norma FFP3
Na República Checa, o acessório criado foi um filtro, um projecto de David Miklas e Martin Hřeben, de «nível militar melhor que o standard FFP3», disse ao site IDNES.cz o director do Hospital Universitário Kralovske Vinohrady, o primeiro que recebeu as máscaras modificadas.
O sucesso da utilização destas máscaras é tal, que a Decathlon já retirou as EasyBreath das lojas online – no site português está, inclusive um aviso que esclarece bem o que está a acontecer com este acessório: «Bloqueámos a venda deste produto para destinar todas as quantidades disponíveis na ajuda desta crise sanitária».
Máscaras custam 30 euros, mas a Decathlon retirou-as das lojas
As máscaras EasyBreath da Decathlon (são da submarca de desportos aquáticos Subea e custam trinta euros) são feitas para snorkeling, uma actividade em que nos encontramos a flutuar, à tona de água, e olhamos para o fundo do mar – é essencialmente uma forma de recreação e relaxamento.
Em Portugal ainda não há casos conhecidos, ou tornados públicos, de hospitais que estejam a usar as máscaras EasyBreath para protecção do pessoal médico ou ligadas a ventiladores.