Passaram 15 anos desde que Derek Zoolander mostrava ao mundo como era ser um super-modelo internacional com muito pouco conteúdo.
Desta vez, Ben Stiller regressa para interpretar Zoolander, novamente em dupla com Hansel, papel que cabe a Owen Wilson. Stiller tem também a seu cargo a realização, num filme que peca pela quantidade de cameos para disfarçar alguma falta de piadas.
Em 2001, altura de lançamento do primeiro Zoolander, o filme chegou a ser considerado como um bom exemplo de dumb comedy – cheio de exageros e situações que, de tão ridículas, chegavam a ter piada. A sátira tinha como principal tema o mundo da moda, com dois modelos masculinos pouco inteligentes que, de alguma forma, se viam envolvidos numa conspiração política.
Neste Zoolander 2, os temas continuam basicamente os mesmos – só que, em vez de uma conspiração, há uma narrativa ainda mais rocambolesca dentro do mundo da moda. No entanto, não tão rocambolesca quanto a necessidade de achar que estrelas mundiais como Sting ou Bruce Springsteen estariam preocupados em proteger um segredo centenário ligado a um ‘super olhar’.
Em poucos minutos, recuperamos aquilo que se passou na vida de Derek Zoolander: a mulher, Matilda, morreu num acidente, quando o edifício ‘The Derek Zoolander Center For Kids Who Can’t Read Good’ – mais um dedo na ferida do estereótipo da inteligência dos modelos – desaba. Com sentimentos de culpa pelo desastre, decide viver como um «caranguejo eremita». No mesmo acidente, Hansel é queimado e, supostamente, desfigurado – pondo fim à carreira.
E é aqui que começa o filme – com muito product placement à mistura, sem grandes tentativas de camuflagem. Billy Zane é o mensageiro encarregue de levar o convite de Alexanya Atoz, uma quase imperatriz do mundo da moda, interpretada pela genial Kristen Wiig, até Hansel e Zoolander. E é aqui que a coisa começa a descambar: muitas das piadas já tinham sido exploradas e poucas coisas parecem frescas.
São satirizados os jovens criadores, que usam expressões ambíguas e com laivos de bipolaridade para descrever aquilo que querem; os modelos andróginos, através do encontro com All, que não se identifica com apenas um género, que vale a Benedict Cumberbatch uma transformação radical – no entanto, não tão radical quanto Tom Cruise em Tropic Thunder, que também esteve a cargo de Ben Stiller. A diferença é que Tropic Thunder ainda trazia algo de novo.
Zoolander 2 regressa apenas com muitas das coisas que já surgiam no primeiro filme – os telemóveis demasiado pequenos, o guarda-roupa espalhafatoso, muitas referências às capacidades de conquista de Hansel e muitos, mas mesmo muitos, olhares marcantes. A parte boa é que a interpretação de Will Ferrell como Mugatu continua a ter piada, com os seus devaneios diabólicos e constantes mudanças de guarda-roupa.
Trocado por miúdos: Zoolander mantém-se fiel às características do primeiro filme, com Ben Stiller a não se desviar muito dos moldes – mesmo passados 15 anos. A campanha em torno do filme foi interessante, com fortes ligações à casa Valentino e referências ao mundo da moda.
Mas, tirando isso da equação, não há muito mais em cima da mesa. As aparições de grandes nomes do mundo da moda – Anna Wintour, Marc Jacobs, Vera Wang e Alexander Wang (referidos como «os Wang») e até Valentino – não foram suficientes para salvar esta sequela. Valeu também para descobrirmos que, ainda que tenha muitas valências, Marc Jacobs não tem, definitivamente, queda para actor…