Quinze anos depois do lançamento do primeiro Classe A, a Mercedes revolucionou completamente o design daquele que se pode considerar como o utilitário compacto da marca.
Bem, mas não um utilitário qualquer: a versão super-equipada que levámos até ao Norte de Portugal tem um preço de 59 800 euros, sendo que cerca de 14 mil euros eram só extras! Mas extras que valem a pena, como vão poder ler neste artigo.
É sabido que com o lançamento deste novo e belo Classe A, a Mercedes passou a estar presente num novo segmento de mercado: os compactos. Até agora, a construtora alemã nunca tinha tido um carro semelhante, já que o antigo e “raquítico” Classe A é uma brincadeira de crianças ao pé deste modelo onde os traços exteriores e interiores de design são bastante agressivos e convincentes.
Veja-se, por exemplo, o desenho das ópticas dianteiras e da grelha, que dominam por completo a parte da frente deste bólide alemão.
Este foi um carro que me deixou completamente apaixonado, embora a traseira não me tivesse convencido totalmente: não mostra os mesmos traços marcantes que aparecem no restante do chassis.
O problema é que os restantes Mercedes que já conduzi sempre tinham um design bastante coerente em todo o “corpo”, com frentes e traseiras de excepção. Não posso, no entanto, deixar de apontar o design na mouche das ponteiras de escape deste Mercedes.
Tendo em conta que o Classe A foi projectado pela Mercedes para um mercado mais jovem, onde até agora não tinha uma oferta especial, penso que a marca poderia ter tido um pouco mais de ousadia no design da traseira, especialmente das ópticas. Mas uma coisa é verdade: não é por causa disto que o novo Classe A deixa de ter carisma e de ser um carro com um look de topo.
Aliás, não encontrei mesmo nada no Mercedes Classe A 250 que me fizesse deixar de o querer conduzir. Segundo parece, não estou sozinho nesta ideia: segundo números da Mercedes, este modelo obteve a primeira posição em vendas no segmento premium em Setembro de 2012, tendo igualmente alcançado a terceira posição no mercado geral de vendas de automóveis em Portugal.
A versão que conduzi durante cerca de 900 quilómetros num fim-de-semana é uma das mais potentes da sua gama: A 250 BlueEFFICIENCY a gasolina, com 1991cc, 210 cavalos e uma caixa pilotada de 7 velocidades de dupla embreagem.
Esta caixa revelou-se um pouco lenta nas mudanças mais baixas, mas tornou-se bastante mais expedita quando levei o carro a altas rotações. Este carro, para ser totalmente “espremido” pede uma caixa manual, e é isso mesmo que recomendo a possíveis interessados no Classe A. E claro que o pack AMG não deve ser posto de lado, se tiver mais uns “trocos” para gastar.
O interior é dos mais cativantes que já tive oportunidade de ter pela frente, quer em carros Mercedes, quer comparando com todos os habitáculos onde já tive oportunidade de me sentar.
Os pormenores desportivos salpicam o interior do Classe A com costuras a vermelho, texturas de fibra de carbono, saídas de ar com design em estrela. Com isto, os mostradores revelam toda a essência agressiva que marca o tom do design inovador deste novo modelo.
Em grande destaque, a meio do tablier, está um magnífico ecrã de 8,5 polegadas que só lhe falta ser táctil. De resto, as dimensões e a qualidade são perfeitas. Todavia, não deixei de imaginar um cenário utópico: o dia em que a Apple vai apertar a mão à Mercedes e colocar um iPad Mini como centro de entretenimento do sistema COMMAND ONLINE.
De volta à Terra, ficam os grandes marcos tecnológicos deste Classe A, sobretudo no que respeita à condução e a todos os sensores que os engenheiros da Mercedes conseguiram incluir neste fantástico veículo. O minha tecnologia preferida é, sem dúvida, o COLLISION PREVENTION ASSIST que torna praticamente impossível que tenhamos um acidente grave com este carro, mesmo a velocidades ditas proibidas.
Tirei mais partido desta tecnologia na viagem de regresso de Chaves, durante o trajecto na A24 que nos levou até Viseu. Com um percurso dominado pela chuva forte e por nevoeiro moderado, tive oportunidade de perceber ainda melhor por que razão é que a Mercedes está, muitas vezes, na liderança da aplicação da tecnologia aos automóveis.
Em poucas palavras, o COLLISION PREVENTION ASSIST baseia-se num sensor de proximidade que está sempre a controlar a distância para qualquer veículo que estiver a nossa frente. Através do computador de bordo Mercedes, cuja interface fica mesmo à nossa frente, entre o conta-rotações e o velocímetro, é possível determinar a margem da distância de segurança que queremos manter.
Desta forma, o Mercedes Classe A 250 BE regula a velocidade de forma automática em relação ao veículo da frente e faz com que uma batida por trás seja virtualmente impossível.
Na realidade, e com todas as tecnologias que este Mercedes oferece ao condutor, onde também não posso deixar de assinalar a câmara traseira com guias para estacionamento em marcha atrás e o estacionamento automático em fila, só mesmo um condutor muito nabo é que se habilita a ter um acidente grave com o Classe A.
Todas estas tecnologias de condução tornam tudo mais seguro quando estamos ao volante e devem ser usadas de forma obrigatória pelo condutor. Na minha opinião, comprar um carro destes e adoptar uma condução à antiga é o mesmo que atirar o dinheiro para uma lareira bem quentinha. E que falta que esta nos fez em Chaves, já que falamos nela…
Com ligações para iPhone (só até ao 4S), USB e auxiliar, o Classe A é servido por colunas Harman/Kardon, tem ainda leitor de DVD (que só funciona com o carro imobilizado, como é óbvio) e um sistema de GPS bastante apurado. Contudo, em Chaves fomos enganados algumas vezes, mas aqui acho que a culpa é da cidade.
Nunca conduzi num centro urbano tão complicado e traiçoeiro como nesta cidade transmontana. Quem projectou as artérias de Chaves deve-o ter feito depois de ter bebido umas valentes garrafas de Ponte do Arquinho Tinto.
O Classe A foi um dos carros que se portou melhor e a única “nódoa” que tenho a apontar é mesmo a evolução da caixa automática nas primeiras mudanças, que, mais uma vez reforço, me pareceu muito pastosa.
Isto torna-se ainda mais notório se entrarmos no jogo do pára-arranca ou se andarmos com o Classe A por centros urbanos com muitas elevações, coisa que acontece em Chaves. Mas aí é como digo: Classe A, não tens culpa… aqui o problema é mesmo da cidade.