Este fim-de-semana, a CVR de Trás-os-Montes levou a sua Wine Experience ao Vidago Palace e, depois, veio até Lisboa para um jantar no Nobre. Mas o melhor era ter mesmo ficado por Chaves.
Dez produtores com várias referências em prova, pratos de inspiração transmontana da chef Justa Nobre e do estrelado Óscar Geadas e o respectivo pairing com duas mãos cheias de vinhos. No papel, esta é daquelas receitas que tem tudo para correr bem, mas a verdade é que este jantar teve tudo para ficar na lista dos mais atrapalhados e confusos onde o TRENDY Report esteve presente em 2025.
Mesmo com alguns pratos ao lado, especialmente o Creme de Castanhas com Camarões (foto em baixo), onde a presença do marisco foi completamente irrelevante, além de não ter nada que ver com Trás-os-Montes, o problema esteve no serviço. Não houve qualquer coordenação entre a altura de servir os pratos e os vinhos, algo que acabou por ferir de morte o conceito deste jantar vínico.
Já com o exagero de haver alguns pratos com dois e três vinhos (algo que seria muito difícil de acompanhar), o serviço do Nobre nunca conseguiu estar à altura do que seria de esperar de um restaurante que tem à frente uma das mais carismáticas chefs nacionais.

O resultado foi termos acabado vários pratos sem nunca provar o vinho definido para o pairing, a que se juntou um serviço bruto, desajustado e atabalhoado. Na mesa em que ficámos, o vinho foi servido sempre de forma exagerada, com gotas a pingar na mesa e vários encontrões nas cadeias dos convidados – um pesadelo.
Tendo em conta que o preço deste jantar era de 85 euros por pessoa, no mínimo que se pedia era que os vinhos fossem servidos em sintonia com os pratos criados por Justa Nobre e Óscar Geadas, mas o mais elementar também falhou redondamente nesta noite muito pouco… “nobre” para Trás-os-Montes.
Num evento que nunca fez jus à gastronomia da região – os únicos pratos menos maus foram o Cuscus de Vinhas com Carnes à Moda da Aldeia (foto em baixo) e o Pudim de Amêndoa que fechou este interminável jantar de quase três horas – salvou-se a descoberta de um vinho.

A estrela da noite acabou por ser uma referência de branco da Casa José Pedro (Valpaços): o frutado, muito aromático e fresco Códega-do-Larinho 2024 (o nome é a casta que lhe dá corpo), embora traído por uma série de entradas que nada tiverem que ver com as sugestões de pairing sugeridas no contra-rótulo.
Em vez de marisco e peixe, o Nobre serviu bolas secas e sem sabor de Alheira de Mirandela, Salpicão de Negrais, azeitonas amargas e salgadas e queijo banalíssimo. Devíamos ter percebido, logo por aqui, que este seria um jantar para esquecer. Ou, melhor, para lembrar pelos piores motivos – e foi.


















