Provavelmente, se quisermos comprar um TT, vamos escolher um jipe, mas a Honda pode ter a resposta para quem gosta de modelos pequenos e com um desempenho qb, fora de estrada.
Bancos «mágicos» e aquecidos, assim como o volante, estofos em pele e tecido ou jantes de 16″ em liga leve foram alguns dos equipamentos que estavam na versão do Jazz Crosstar que a Honda nos cedeu para teste, a 1.5 HEV Advance 24YM (TT).
Este híbrido, com a clássica bateria (de pouca autonomia) que vai carregando nas travagens e descidas, talvez seja um automóvel que não se justifique “carregar” com tantos opcionais (que, na realidade, são de série), mas a verdade é que foi um dos modelos mais divertidos de conduzir que já tivemos oportunidade de ensaiar.
Sem os ares de muitos dos modelos que já passaram pelo TRENDY Report, o Jazz Crosstar é um automóvel “honesto”: pequeno e leve, tem consumos muito comedidos – não é, assim, para “puxar” em auto-estrada. Quando tentámos fazer isto, notou-se que entrava em esforço a partir dos 120 km/h, com aquele barulho de que está a ser levado ao limite, sem que consiga passar para a mudança a seguir.
Mais indicado para percursos urbanos, ou estradas a serpentear por uma serra, o Crosstar tem um look off-road (nos pára-choques, laterais e guarda-lamas) que dá alguma segurança para entrar em aventuras off-road. Contudo, houve momentos em que percebemos que alguns buracos e terreno irregular são areia a mais para esta camioneta.
Talvez, o melhor seja entender os apliques em plástico (tradicionais dos modelos off-road) como acessórios mais estéticos que outra coisa. A pinta está lá e não dizemos que o Crosstar se porta mal em terreno acidentado, mas há automóveis que não foram feitos para isto e que também acabam por ter um desempenho semelhante.
Por ser um HEV, no final de cada cada viagem temos uma classificação do quão económica/eficiente foi a nossa condução, com recurso a um grafismo baseado numa determinada quantidade de plantas; contudo, por muito que tivéssemos sido cuidadosos, nunca conseguimos mais de quatro folhas. Essencial é manter sempre activado o modo ‘ECON’, que tem um botão dedicado na consola central.
Por falar em botões, os físicos são os habituais: AC, travão + brake hold, volume, mudança de estação ou faixa na playlist, home e back, quatro piscas; já o selector de marcha imita uma caixa de mudanças tradicional, algo que já não víamos há algum tempo nos modelos que temos ensaiado.
Onde esta versão do Jazz Crosstar também está bem servida é nas ligações: temos duas USB-A à frente e mais duas USB-C, atrás. Porém, não percebemos por que não há este tipo de porta à frente – a Honda podia tê-las dividido. Também sentimos falta de uma bandeja Qi para carregar o smartphone por indução, já que é compatível com Apple Car Play sem fios – sempre era um cabo que não precisavamos de usar.
No que respeita à arrumação, temos um espaço generoso no habitáculo, com uma caixa na consola central (embora não muito grande) e dois pequenos compartimentos ao meio (um para bebidas). O porta-luvas tem uma configuração dupla e, de cada lado do tablier, há ainda dois compartimentos para colocar pequenos objectos, como moedas. Estas são opções mais que completas para um modelo deste género, falhando apenas na bagageira, que é demasiado pequena.
Grande parte da interacção com este Jazz é feita, claro, com recurso ao ecrã táctil (nove polegadas), uma solução com resposta rápida, menus intuitivos e bem desenhados. O que também tem nota alta é o painel de instrumentos: mostra informações claras e bem distribuídas, não é confuso e tudo se percebe muito bem, algo que não vimos, por exemplo, no BYD Atto 3.
Aqui, o destaque vai para a forma como nos é mostrada a informação da bateria e do combustível, com dois gráficos verticais de dez divisões que nos dão uma boa ideia das nossas reservas. Contudo, na parte da bateria, gostávamos de saber em concreto a autonomia que temos e não uma indicação por escala, tal como acontece para a gasolina.
No ecrã principal, na zona dedicada ao consumos, também não temos esta informação: só sabemos a autonomia conjunta e nunca a separada. À parte disso, o Jazz Crosstar regenera bem a bateria em descidas e travagens, sendo bastante fácil, com uma condução cuidada, carregar o movo EV de forma completa.
O resultado da nossa condução foi 3,6 l/100 para uma viagem total de 448 km, o que temos de considerar como sendo um bom consumo para uma viagem ao longo de três dias pela zona Oeste do País, que incluiu serra, IP e zonas urbanas.
A versão ensaiada deste automóvel, a 1.5 HEV Advance 24YM (TT), tem um PVP de 33 400 euros. A configuração pode ser feita no site da Honda Portugal, sendo que o modelo-base fica por 32 750 euros.