Temos de falar sobre o novo C4 Cactus de 2017…

C4 Cactus 2017
C4 Cactus 2017

Quando em 2014 tive oportunidade de ver e experimentar o Citroen C4 Cactus em amarelo, vi que estava ali o meu futuro automóvel. Fiquei apaixonado pelo design e pelo conceito. É por isso que esta borrada da marca francesa com a versão de 2017 ainda me dói mais.

Ontem, 26 de Outubro, fica para para a história do mundo automóvel como um dia em que uma marca matou um dos seus mais carismáticos e diferenciadores automóveis de sempre.

A Citroen anunciou a versão de 2017 do C4 Cactus e, apesar de manter o interior quase inalterado, modificou tudo por fora. O resultado, que já vinha sendo anunciado por leaks na Internet nas últimas semanas, só pode desiludir os fãs deste automóvel.

Não posso analisar isto de uma forma distanciada, por uma simples razão: ter um C4 Cactus é mais que ter um automóvel. Aliás, um dos anúncios deste automóvel que passava na rádio transmitia exactamente esta ideia. «Eu não tenho um automóvel, tenho um Cactus».

Para mim, o C4 Cactus é, simplesmente, um dos conceitos sobre mais bem idealizados dos últimos anos. Quer seja no interior, com o seu painel de instrumentos minimalista e retro, quer seja no exterior com os incontornáveis AirBumps ou as ópticas LED em forma de adaga, tudo no C4 original é a prova de que ainda se pode arriscar e fazer diferente no mundo automóvel.

Enquanto outras marcas apresentam automóveis com um design banal e sem inovações vistosas, o C4 Cactus, quando saiu há três/quatro anos, era daqueles carros que faziam virar pescoços e de fazer parar as pessoas na rua, quando estava estacionado. Sim, a cor amarela ajuda, mas este será sempre um design de referência em qualquer livro da história do sector.

Cactus 2014

Mas, num golpe de teatro, tudo aquilo que deu identidade e paixão ao C4 Cactus de 2014 foi completamente posto no lixo pela Citroen, este ano. O resultado é um Cactus 2017 sem identidade, descaracterizado, comum, inconsequente e rapidamente esquecível.

Eu, por exemplo, já vi várias imagens do novo Cactus, mas não me consigo lembrar de nada marcante que este novo automóvel tem. Parece que a Citroen pegou em tudo o que diferenciava uma das suas galinhas dos ovos de ouro e começou do zero. Um assassinato em directo em frente a milhares de pessoas.

Num dos muitos grupos de fãs do C4 Cactus que sigo alguém disse: «Se eu quisesse comprar um carro banal, comprava um Punto». Foi isso mesmo que aconteceu: ao retirar identidade ao Cactus, a Citroen reduziu-o a um conjunto de lugares comuns e mata um conceito.

Felizmente vou ter sempre o meu modelo original para lavar a vista e descansar a alma, quando me lembrar daquilo que a Citroen fez no dia 26 de Outubro de 2017. Sad.

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].