Pumpy: esta bomba de seringa portuguesa feita com… LEGO ganhou um prémio da Universidade Nova

Feito com motores e engrenagens LEGO, este equipamento permite «accionar uma bomba de seringa capaz de administrar volumes ultra precisos».

©Ricardo Henriques | Pumpy
©Ricardo Henriques

O projecto já tem oito anos, apareceu na revista internacional Nature Communications em 2019, mas só agora parece ter captado as atenções em Portugal.

Uma solução acessível, construída com peças LEGO e capaz de administrar volumes ao nível do nanolitro com seringas: a Pumpy ganhou o prémio ‘Research Impact Narratives Challenge’ atribuído pela Universidade Nova de Lisboa.

Contudo, este equipamento científico, criado com peças que qualquer fã de LEGO pode ter em casa, não é novo: foi desenvolvido em 2017, por Ricardo Henriques, investigador principal do ITQB Nova. A Pumpy (em tradução livre, algo como ‘bombinha’) nasceu quando uma equipa deste cientista enfrentava um desafio comum em microscopia.

Em concreto, os investigadores precisavam de uma forma para «alterar o meio líquido da amostra (por exemplo, adicionando fármacos, corantes ou outros estímulos) sem interromper a imagiologia», algo que não era possível.

©Ricardo Henriques | Pumpy
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«Os métodos tradicionais exigiam a remoção da amostra para aplicar os tratamentos, e as soluções comerciais são caras, complexas e inacessíveis para muitos laboratórios», lembra Ricardo Henriques (na foto, em cima).

A solução foi criar um equipamento de raiz que permitisse fazer isso, algo que a equipa liderada por Ricardo Henriques fez com recurso a «motores e engrenagens LEGO», que passaram a «accionar uma bomba de seringa capaz de administrar volumes ultra precisos, ao nível do nanolitro, directamente na amostra».

Em 2019, o projecto apareceu na publicação internacional Nature Communications, num artigo de acesso aberto que incluía «instruções detalhadas de construção e software open-source».

Mais tarde, a equipa deixou as peças LEGO de lado e criou outro modelo com componentes impressos em 3D. «Esta evolução manteve a filosofia de acesso aberto, ao mesmo tempo que permitiu designs mais precisos e personalizáveis, ampliando o alcance do Pumpy entre investigadores e entusiastas», conclui Ricardo Henriques.

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].