Este Citroën é uma alternativa mais acessível à versão eléctrica ë-C3, mas sem perder os principais argumentos deste modelo.
Com um preço base de 18 500 euros, que facilmente chega aos vinte mil com extras como a pintura Azul Monte Carlo com tejadilho Branco Polar (300 euros) ou o sistema de navegação 3D em ecrã táctil central de 10,25 polegadas (750 euros), o C3 gasolina parece ser uma proposta competitiva no segmento dos compactos urbanos.
Esteticamente, o C3 mudou muito em relação à geração anterior e a marca apresentou-o mesmo como uma “revolução” no segmento – ficou famoso o anúncio com estes automóveis a invadir Versailles. Assim, o design acaba por ser irreverente e fugir ao de um típico citadino compacto.
As jantes de aço de dezassete polegadas com tampão Azurite dão-lhe uma certa ideia de robustez (aliás, o aspecto geral deste mini-SUV segue este tom) e o interior continua a ser “salpicado” por mensagens em etiquetas que transmitem leveza: ‘Feel good’, ‘Be happy’, ‘Be cool’ e ‘Have fun’.
No interior, a Citroën quis elevar a experiência acima do que se espera num modelo de entrada de gama, algo que já tínhamos percebido com o modelo 100% eléctrico. Os bancos e laterais das portas têm acabamentos em pele sintética e o volante de dimensões reduzidas, com topo e base achatadas e inserções cromadas (somos fãs deste design), são exemplos disto mesmo.
E ‘funcionalidade’ é mesmo uma das palavras de ordem do C3, personificada em dois detalhes que destacamos, entre outros: do lado esquerdo do volante, no tabelier, há uma pequena saliência em plástico pensada para fixar um suporte de smartphone; depois, para os passageiros que viajem atrás, os bancos da frente têm uma bolsa superior própria para guardar o telemóvel.
Como acontece em toda a linha C3, não temos um ecrã a cores como painel de instrumentos: este, fica reduzido a um display monocromático relegado para o fundo do tabelier e que apenas nos mostra o essencial: consumos, velocímetro e a barra de combustível. Tudo é muito directo e fácil de consultar.
Mais uma vez, temos de regressar ao tema ‘funcionalidade’ para destacar um recurso que é mesmo dos mais úteis: os alertas de ultrapassagem de velocidade das vias e cruzamento da linha da faixa podem ser desligados com um toque prolongado em dois botões colocados à esquerda do volante. Ao contrário do que acontece em outros modelos muitos mais caros, não é preciso andarmos perdidos por menus complexos para fazer isto. Aqui, há muitas marcas que podiam aprender com a Citroën.
Também muito simples (embora não nos importássemos com mais substância) é o sistema de infoentretenimento: nos menus de ajustes, encontram-se apenas as opções básicas, como o brilho do ecrã, o equilíbrio do som e a gestão dos dispositivos emparelhados. Já o ecrã inicial mostra logo a rádio ou playlist em reprodução, a navegação e se está algum smartphone ligado, com o respectivo menu. Garantida está a ligação ao smartphone através de Apple CarPlay e Android Auto sem fios.
Como acontecia na versão eléctrica, temos de rodar a chave para ligar o C3, dado que não há qualquer botão ‘Start/Stop’. Este ritual dá um toque old-school à experiência de condução do C3, algo que começa a cair em desuso, dada a parecença cada vez maior entre um automóvel e um computador.
Mas, aqui, o C3 desliga o motor quando estamos em situações de pára-arranca. Para voltar a ligar, basta carregar a fundo na embraiagem, como é normal neste tipo de motorização. Contudo, se quisermos desligar isto, temos um botão à esquerda do volante.
No “departamento” da conectividade, o C3 tem apenas ligações USB-C (para quem viaja à frente há uma e para os passageiros de trás, duas, na coluna central), além de uma base Qi para carregamento por indução. Nesta zona, fica ainda uma zona de arrumação para colocar dois copos/garrafas e pouco mais.
O forte deste modelo não são as soluções de arrumação na coluna central: há apenas uma pequena bandeja entre a manete de mudanças e o travão de mão e mais uma recuada, mais à mão de quem viaja atrás. Nem o porta luvas é muito generoso: por exemplo, a capa oferecida pela marca para guardar documentos foca dobrada pela tampa.
Em termos de desempenho, o motor 1.2 Puretech Turbo com cem cavalos e caixa manual de seis velocidades garante uma velocidade máxima de 160 km/h, consumos médios anunciados de 5,6 l/100 km e uma autonomia próxima dos seiscentos quilómetros, graças ao depósito de 44 litros. Durante os nossos testes ficámos ligeiramente acima deste valor: consumos: 6 l/100 km para 570 km percorridos.
Somando tudo, o Citroën C3 (aqui na versão 1.2 Puretech Max 100 cv) acaba por ser uma proposta equilibrada para quem procura um citadino (mas que faz tranquilamente viagens maiores) espaçoso, leve e eficiente. Garantidas estão ainda boas doses de estilo e personalidade que nem sempre são fáceis de encontrar neste segmento.
As concessões que apontámos não comprometem a sensação de qualidade, nem a experiência de condução, embora o detalhe de rodar a chave pudesse ser evitado. Entre a simplicidade funcional do infoentretenimento, os toques descontraídos do habitáculo e o espírito prático do motor a gasolina, este C3 acaba por ser uma opção sensata e com carácter, dentro deste segmento.