Inês Brites, Sara Fonseca da Graça, Diana Policarpo e Alexandra Ramires juntaram-se para dar corpo a uma exposição inspirada no cinema de Elia Kazan e na arte de Marcel Duchamp.
No filme ‘Um Elétrico Chamado Desejo’ (1951, Elia Kazan), a actriz Kim Hunter (Stella Kowalski) é protagonista de uma cena em que desce uma escadaria para ir ao encontro do seu marido, Stanley Kowalski (Marlon Brando).
Este local é o elemento central de várias sequências dramáticas da peça de Tennessee Williams, adaptada ao cinema por Elia Kazan, com a descida de Stella a simbolizar a tensão entre a vida doméstica e o conflito emocional causado por Stanley e Blanche DuBois (Vivien Leigh), a sua cunhada.
No filme, a forma como Kim Hunter desce os degraus transmite vulnerabilidade e força ao mesmo tempo, o que acaba por ser um reflexo da sua posição na história: entre o marido dominador e a irmã instável. E é precisamente este o ponto de partida para uma exposição colectiva, que inaugura a 22 de Agosto, em Loulé.
‘Kim Hunter Descendo uma Escada’ conta com esculturas, filmes, peças sonoras, desenhos e instalações de Inês Brites, Sara Fonseca da Graça, Diana Policarpo e Alexandra Ramires e é um ponto de partida para ver o Algarve de outro prisma.
«Pensar o território em diálogo com o ecofeminismo» uma corrente que «pensa os estudos e lutas de género em directa relação com a ecologia, a justiça climática e a relação dos humanos com o mundo natural», explica a curadora Susana Pomba.
A mesma responsável lembra ainda que o «movimento das mulheres “descendo as escadas” é uma piscadela de olho à obra modernista ‘Nu Descendo uma Escada N.2‘ de Marcel Duchamp (1912)». Esta exposição fica patente até 18 de Outubro no Convento de Santo António, em Loulé; a entrada é gratuita.