Esqueรงa tudo o que sabe sobre a Smart. A marca que nasceu da parceria entre a Mercedes e a Swatch estรก irreconhecรญvel, mais ainda nesta versรฃo Brabus do seu modelo de entrada de gama.
Desde 2019 que a Smart deixou de ser o que era: agora, “vive” entre a China e a Alemanha, com “guarda partilhada” entre a Mercedes-Benz e o grupo chinรชs Geely (50/50). Isto acabou por a transformar numa marca com aspiraรงรตes mais altas. O Smart #1, aqui na sua versรฃo Brabus, รฉ um bom exemplo desta mudanรงa: um SUV compacto, musculado e sem pudores em mostrar que tem 428 cavalos prontos a “disparar”.
Este modelo foi, na altura do seu lanรงamento, o mais rรกpido e potente da histรณria da Smart. Equipado com dois motores elรฉctricos (156 cv ร frente e 272 cv atrรกs), o #1 Brabus debita um total de 315 kW, o equivalente a 428 cv de potรชncia e 543 Nm de binรกrio: sรฃo nรบmeros que lhe permitem acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,9 segundos, embora a velocidade mรกxima esteja limitada a 180 km/h. Nada disto seria imaginรกvel nos tempos dos primeiros Smart…
Com 4,3 metros de comprimento, 2 metros de largura e 1,6 metros de altura, este SUV do segmento B surge vestido na cor Atom Grey Matte, com um visual agressivo que tambรฉm “transpira” pelas jantes Dรญnamo de dezanove polegadas, pelas entradas de ar no capot e pรกra-choques, pelo spoiler traseiro e pelas รณpticas traseiras que recordam os Mercedes EQ mais recentes. ร frente, os farรณis com desenho semicerrado contribuem para um ar intimidante, sobretudo para quem vรช este Brabus pelo retrovisor.
A bateria de 66 kWh dรก-lhe uma autonomia anunciada de 400 km no ciclo WLTP combinado. Este foi um valor que vimos reflectido no painel de instrumentos: uma previsรฃo de 398 km com carga completa. No nosso ensaio, os consumos registados foram de 15,7 kWh/100 km ao longo de 322 km percorridos, o que demonstra uma boa eficiรชncia para um modelo com este nรญvel de potรชncia.
No interior, tudo remete para o universo Brabus. Os bancos desportivos em camurรงa sintรฉtica sรฃo aquecidos e refrigerados, contam com apoio lombar eficaz e mostram o logรณtipo desta preparadora ligada ao universo Mercedes; os cintos de seguranรงa sรฃo, como nรฃo podia deixar de ser, em vermelho, reforรงando ainda mais este ADN desportivo.
O volante, revestido a Alcantara com pespontos em vermelho, pode ser aquecido e รฉ um dos elementos mais bem conseguidos do habitรกculo, com รณptima ergonomia e comandos bem organizados: ร esquerda, os do cruise control; ร direita, os de multimรฉdia, voz e personalizaรงรฃo. Nรฃo houve qualquer confusรฃo durante a nossa experiรชncia, algo que nรฃo podemos dizer de outros modelos que conduzimos recentemente.
O painel de instrumentos รฉ um ecrรฃ LCD Full HD de 9,2 polegadas, compacto e de leitura simples, ainda que sem grande margem para personalizaรงรฃo: do lado esquerdo, surge a autonomia e a velocidade; ao centro, o posicionamento na faixa, com detecรงรฃo dos outros veรญculos; e ร direita, os dados multimรฉdia e de consumos. Este display รฉ (bem) complementado com o head-up display de 10 polegadas, que contribui para manter o foco na estrada, jรก que tem um bom contraste.
No interior, somam-se mais pontos positivos: a consola central tem uma boa ergonomia, com quatro zonas de arrumaรงรฃo: uma bandeja frontal com carregamento Qi, portas USB-C e tomada de 12V; uma zona de porta-copos com tampa deslizante; um compartimento fundo e refrigerado sob o apoio de braรงos; e, por fim, um espaรงo de arrumaรงรฃo inferior tipo ponte. Costumamos criticar muito este recurso noutras marcas, mas no Smart #1 Brabus nรฃo hรก nada a dizer de mal deste compartimento.
Contudo, assim que comeรงamos a interagir com o sistema de infoentretenimento, baseado num ecrรฃ central de 12,8 polegadas, as coisas comeรงam a ficar como a cor exterior deste Brabus: muito cinzentas. Apesar de ser completo, รฉ pouco intuitivo, alรฉm de que a interface รฉ demasiado infantil e desalinhada com a imagem desportiva do modelo.
O botรฃo ‘B’ com o logo da Brabus, por exemplo, conduz a um menu com um planeta animado e um avatar em forma de animal que actua como assistente virtual. ร um universo grรกfico que combina zero com o ADN deste SUV; a multiplicidade de menus, opรงรตes e atalhos redundantes tambรฉm nรฃo ajuda, principalmente quando estamos a conduzir. Chegรกmos a usar funรงรตes num dia e, no seguinte, jรก nรฃo as conseguimos encontrar โ decididamente, nรฃo รฉ isto que queremos de um sistema de infoentretenimento…
Como รฉ fรกcil de perceber, para tirar o mรกximo partido deste Smart #1 รฉ preciso ir alรฉm do modo ‘Eco’: a experiรชncia de conduรงรฃo sรณ รฉ plena quando activamos o modo Brabus: o habitรกculo ilumina-se de vermelho e o sistema emula o “rugido” de um motor a combustรฃo, criando uma envolvรชncia que nos faz esquecer, por instantes, que estamos ao volante de um elรฉctrico. Para quem prefere uma abordagem mais contida, hรก tambรฉm o modo ‘Comfort’; jรก o ‘Sport’ รฉ uma espรฉcie de “Brabus redux”.
Iniciar a conduรงรฃo no Smart #1 Brabus รฉ simples: como nรฃo hรก botรฃo de arranque (‘Start/Stop’), basta sentarmo-nos, carregar no travรฃo e colocar a marcha em ‘D’ ou ‘R’. Para desligar, toca-se no botรฃo ‘P’ na ponta da manete e sai-se do automรณvel (ao trancar, o sistema desliga-se automaticamente).
Com espaรงo suficiente para cinco ocupantes e uma bagageira com um bom volume (313 litros), o Smart #1 Brabus alia duas coisas que podem ser muito valorizadas por compradores que querem um automรณvel mais fora da caixa: uma imagem premium, com detalhes que fazem lembrar segmentos superiores, a um รณptimo desempenho, que lhe dรก ares de pocket rocket.
Resta dizer que, actualmente, este modelo tem um preรงo final de 52 830 euros, com a cor Atom Grey Matte a acrescentar 809 euros ร conta.